Say yes to heaven; hyunlix.

'07'

Enquanto o burburinho de vozes se agita ao seu redor, Felix inala a fumaça de um baseado meio queimado que alguém colocou em sua mão há pouco. Ele se estica no pequeno sofá, jogando as pernas sobre as coxas de Hyunjin, suas pesadas botas balançando acima do chão. Felix não precisa ocupar todo aquele espaço e ainda se intrometer no de Hyunjin, mas sua paciência está diminuindo a cada segundo.

Sair cedo dessa festa seria preferível; a essa altura, Felix se contentaria em encontrar um quarto onde pudesse respirar algo que não fosse o cheiro de álcool e suor combinados. Ele está tentando dar dicas sutis por mais de trinta minutos, mas parece que falar com Felix simplesmente não está na agenda de Hyunjin esta noite.

Ele mal dá uma olhada em Felix, muito imerso em uma conversa com alguém que Felix considera que também é um graduado em arte, se a camisa manchada de tinta e o cabelo desgrenhado forem alguma indicação. Ele não gosta de estereotipar, tenta evitar julgar alguém com base em sua aparência, mas, honestamente, algumas pessoas facilitam demais.

A sala em que estão faz parte de outro estereótipo dolorosamente comum. Felix chamou de casa de fraternidade assim que eles passaram pela porta da frente. Embora não seja oficial, Felix julgou-o com base na lógica óbvia: se cheira e soa como uma casa de fraternidade, então deveria ser chamado de casa de fraternidade. Também é ocupado por um bando de caras do time de basquete, então esse raciocínio definitivamente se aplica.

Em algum momento durante a noite, Felix perdeu de vista todos os seus amigos, e então Hyunjin viu alguém que ele conhecia, e agora eles estão nessa sala lotada onde ele mal consegue respirar sem sentir náuseas. Ele suspeita que seus amigos estavam apenas tentando encontrar um motivo para abandoná-los esta noite, já que eles reclamaram sobre o quão inseparáveis ​​Hyunjin e Felix têm sido ultimamente.

Ele não se importaria de ser dispensado, se Hyunjin não estivesse tão absorto na conversa com esse grupo de pessoas que ele aparentemente gosta o suficiente para ignorar Felix completamente.

Ele não se importa com isso, ele sabe que Hyunjin tem outros amigos e tudo bem se quiser falar com eles. Alguns amigos muito interessantes, a julgar pelas risadas altas e gargalhadas que vinham dele neste exato momento. Felix não entende o que é engraçado; não que estivesse ouvindo em primeiro lugar.

Talvez ele seja o idiota por não se esforçar mais para se encaixar e socializar, mas ninguém está prestando atenção nele de qualquer maneira. Hyunjin também está vestindo uma camisa que mostra a totalidade de seus braços e a parte inferior de suas clavículas. Felix está muito distraído para conduzir uma conversa adequada. Ele também está muito alto. E com tesão. Ele só quer ficar sozinho com Hyunjin, não em uma sala cheia de pessoas com as quais não se importa.

Ele suspira e dá outra tragada no baseado, passando-o para uma garota em um vestido escuro de babados que está sentada em uma poltrona posicionada ao lado do sofá. Felix retribui o sorriso dela quando ela agradece. Os olhos dela deslizam pelo rosto e corpo dele com apreciação, antes de se virar apressadamente, as bochechas pintadas de rosa.

Felix suspira e desvia o olhar. Ele gostaria que seu namorado olhasse para ele assim, mas porra, Hyunjin está ocupado ignorando toda a sua existência.

Isso é outra coisa, Felix percebe. Será que eles estão juntos? Sim, ele quer responder, mas não tem certeza de quão devagar eles estão levando isso exatamente. Lento o suficiente para que as duas últimas semanas da vida de Felix tenham sido extremamente secas para alguém que deveria estar em um relacionamento.

Ele se pergunta quando exatamente a lentidão se transforma em imobilidade.

Felix afunda no sofá, tentando descobrir sobre o que Hyunjin está falando, mas mal consegue registrar as palavras por causa do barulho de vozes e da música alta. O calor baixo fervendo em seu estômago enquanto Hyunjin passa a mão sobre a perna não está exatamente ajudando-o a se concentrar. A maconha o deixa com sono ou com tesão, sem meio-termo. Aparentemente, a roda caiu no tesão essa noite.