III. cigarette when ghosted

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"If the future we've dreamed is fading to black
I will love you either way"
It'll Be Okay, Shawn Mendes

ANGELINE, point of view
thursday, spain

QUANDO EU TINHA NOVE ANOS, nós tivemos uma discussão e não nos falamos por uma semana inteira. Foi uma briga boba, talvez pelo fato de sermos apenas crianças, mas a ausência de Nick me entristeceu naquela época. Nossa amizade era muito boa, e não era comum brigarmos assim. Eu ainda me lembro de me sentar sozinha no intervalo para comer sozinha porque ele não estava por perto e estava me ignorando, e de fazer os trabalhinhos em grupo com outras amigas, mas não era a mesma coisa.

No final de semana, ele foi correndo até a minha casa e se desculpou. Nós voltamos ao normal, e isso nunca mais aconteceu.

Pelo menos, eu pensei que nunca mais iria acontecer.

Mas agora a história está se repetindo. E parece ser sério, e não apenas uma brincadeira ou algo que se resolve rapida e facilmente. Parece realmente ser um problema. E eu estou ficando cada vez mais ansiosa.

Nicholas não responde minhas mensagens ou retorna minhas ligações, e William disse que ele tem voltado para casa tarde ou na manhã seguinte, sempre cabisbaixo. Ele até disse que Nick arranhou o carro na avenida principal, e continua achando que é por causa do cansaço com o trabalho de direito, mas eu ainda não posso contar nada. Mas a preocupação que Nick está me deixando está passando dos limites, e eu preciso falar com alguém.

Estou sentada na cadeira da varanda, pensativa. Decido entrar para dentro da casa para pegar uma coisa.

Quando eu completei dezesseis anos, meu pai me deu de presente um maço de cigarros. Minha mãe odiou a ideia, mas a proposta do meu pai me deixou intrigada. Ele disse que eu deveria fumar um cigarro a cada ocasião especial, seja boa ou ruim, esteja eu feliz ou triste. Eu gostei muito da ideia, e guardei a caixa em uma gaveta no meu quarto. Desde então, só fumei um cigarro, na minha festa de aniversário de dezoito anos, e eu dividi ele com Nick. Foi uma ocasião especial, e eu estava feliz.

Dessa vez, estou fumando porque estou triste, e porque tenho pensamentos atormentando minha mente. Por que Nick sumiu? O que aconteceu naquele dia na cafeteria? Por que ele não retorna minhas ligações? Por que ele está se afastando?

E a pergunta que mais me intriga toda vez sempre é: o que eu posso ter feito de errado?

São tantas perguntas sem respostas...

Meus pensamentos são interrompidos quando sinto algo se aproximar. A escuridão é evidente, e eu não consigo ver nada na rua. Receio ter ficado tempo demais presa em meus próprios pensamentos, e perdi a noção do tempo no relógio.

A sombra se faz presente na entrada da casa, e ouço o estralar da madeira nas escadas na varanda. Meu corpo inteiro estremece, e eu me seguro com força aos braços da cadeira, preparada para cair em cima de qualquer pessoa que possa estar vindo aqui para me ameaçar. Ronnie...

Me sinto aliviada quando Nick aparece, com seu capuz do moletom cobrindo o topo da cabeça, mas deixando seu cabelo a mostra. Consigo disfarçar muito bem meu alívio que tenho ao vê-lo. Ele se aproxima um pouco mais, e eu seguro a ponta escassa do cigarro com um pouco mais de força.

━ Oi ━ diz ele, em um quase sussurro.

Tento revirar os olhos, mas é inevitável sentir um pouco de compaixão por Nick e ter vontade de ouvir o que quer que ele tenha a dizer.

STARBOY, nicholas leisterOnde histórias criam vida. Descubra agora