✦ Memorável

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Nos meus últimos anos vivendo sozinha em Porto Alegre, nada aconteceu ao ponto de me tirar da rotina de forma drástica

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Nos meus últimos anos vivendo sozinha em Porto Alegre, nada aconteceu ao ponto de me tirar da rotina de forma drástica. Claro, sempre havia dias em que seu ônibus atrasa, o pneu da sua bicicleta fura ou, até mesmo, dias em que o seu monitor começa a piscar de um jeito muito preocupante. Mas, em todo o caso, tudo se resumia em bolar ideias para as lives, pagar as contas e guardar o suficiente para sobreviver no resto do mês.

Com todos esses fatos em mente, o que quero transmitir com isso é a minha profunda confusão com os acontecimentos recentes da minha vida e, com eles, minhas escolhas em relação ao rumos que as coisas vinham tomando.

— Livie, você tá brincando, né? — Como eu queria estar fazendo uma piada, mas não era o caso.

—  Olha, em minha defesa — Eram 7 da manhã e eu estava em uma ligação com Nick que parecia nem ter acordado direito. — Você me disse que já era hora de experimentar coisas novas, então aqui estou. — Falei como se minha interlocutora pudesse ver o banco miserável da rodoviária onde eu me encontrava.

— Ou seja, você tá indo pra Joinville encontrar com o, em suas palavras, insuportável do Keller porque eu feri seu ego?  — Sua voz soava tão incrédula quanto eu mesma estava.

— Você não feriu meu ego. — Silêncio. — Tá, você feriu sim! — 

— E agora, vai aguentar a viagem? — Nick arriscava soltar uma risada da situação deplorável que era meu caso.

— Vou ter que aguentar, já comprei a passagem. — Dei um suspiro cansado em relação a toda essa confusão. —  Vou ter que desligar agora, já tá na hora de embarcar. — Depois disso foi feita uma despedida com direito a um "tenta não pular da ponte, tenho certeza que vai tudo ficar bem".

Óbvio que isso não ia acontecer, era só ter um pensamento positivo sobre tudo que poderia dar de bom caso eu me permitisse desfrutar das futuras experiências. Otimismo, isso é o que é. Fui até o motorista para colocar minha mala no seu respectivo lugar bem como mostrei minha passagem para que pudesse entrar. Agora era só procurar minha poltrona.

— Pine? — Não. Não. Não. — O que tu tá fazendo aqui? — Otimista de cu é rola. Isso não podia estar acontecendo comigo, claramente é divida de jogo. Eu segui como se não tivesse ouvido nada, talvez ele pensasse que os fones bluetooth estivessem ligados e desistisse. Nick, você me prometeu que tudo ia ocorrer bem. Maldita boca santa!

— Pine! — Keller continuava falando atrás de mim até uma senhora, que estava do meu lado, pedir para que fizessem silêncio porque seu filho estava dormindo na cadeira ao lado dela. O único problema é que eles estavam separados pelo corredor sendo inconveniente para os outros passageiros terem que pedir licença para passar toda vez e, de quebra, eu me encontrava bem ao lado da mulher. Parecendo notar isso, Keller imediatamente se levantou indo em direção a ela.

— Oi, senhora! Eu vi que você parece estar tendo problemas para conseguir cuidar do seu filho, quer trocar de lugar? A poltrona do lado da minha está vazia! — Disse apontando para seu lugar e a dona pareceu satisfeita. Eu arregalei os olhos tentando não parecer culpada.

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