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03.
JÁ HAVIAM SE PASSADO algumas semanas desde que você e Bakugou haviam decidido reaproximarem-se, e naquele ponto, já estava muito claro que Katsuki não precisava de ajuda, e era plenamente capaz de recuperar suas notas sozinho. Mas isso não o impediu de convencê-la a continuar encontrando-o semanalmente usando as aulas particulares de reforço como desculpa, apenas para que pudessem continuar a passar tempo juntos.
A barreira construída entre vocês durante o tempo em que estiveram distantes, estava ruindo aos poucos, e a máscara de ódio que usavam diariamente para esconder os sentimentos complexos que nutriam um pelo outro não demoraria a cair. Ainda que as implicâncias, ofensas e provocações continuassem a fazer parte da dinâmica de convívio que estabeleceram entre si, agora vocês conseguiam conversar sobre os mais diversos assuntos sem que o diálogo de repente se transformasse em uma discussão.
Bakugou conseguia até mesmo arrancar um ou outro sorriso seu, assim como você o fazia rir vez ou outra, mesmo que à contragosto.
Embora definitivamente não fossem dizer em voz alta, a verdade é que estavam passando a apreciar verdadeiramente a companhia um do outro, e após o final de cada "tarde de estudos", esperavam ansiosamente para o dia em que se encontrariam novamente.
E se fosse sincera, você estava gostando disso.
Mais do que deveria.
Entretanto, nenhum dois dois ousava trazer à tona o que havia acontecido na biblioteca.
E que se repetiu outras vezes no vestiário depois dos treinos de boxe do garoto.
E mais algumas vezes na sala de música nos dias em que ia vê-lo ensaiar seu solo de bateria para o Festival de Talentos.
Você e Bakugou nunca ousavam mencionar esses curtos porém inegavelmente proveitosos - momentos que partilhavam quando a razão perdia a batalha constante contra a atração óbvia que existia entre os dois.
E por mais que jamais fosse assumir tal fato em voz alta, ele te fodia como ninguém.
— Você poderia ter usado a porta, sabe? — Sem tirar os olhos da tela de seu notebook, você removeu seus headphones e o alfinetou. — Como as pessoas normais fazem.
— Eu toquei a campainha, mas você demorou demais para atender a porta, e a janela estava aberta. — Deu de ombros e rebateu com naturalidade, como se entrar pela janela dos outros fosse algo extremamente comum.
Já habituada ao jeito impaciente e excêntrico do garoto, você apenas revirou os olhos e continuou o que estava fazendo, terminando de organizar seu cronograma de estudos semanal em seu planner virtual, enquanto Bakugou tirava os tênis e sua blusa de moletom, esparramando-se confortavelmente na sua cama.
