06. ROSALIE: Fofão fofinho

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A semana no chalé foi agradável.

Damien se comporta como uma criança normal e não tem problemas para falar o que pensa ou quer. Nunca esquecemos de alimentá-lo, embora tenha que perguntar para Carlisle se é mesmo uma nova recomendação da OMS que as crianças devem fazer dez refeições ao dia. Não achei nada nesse sentido na internet. 

As quantidades também não parecem certas, mas a única criança com quem tenho contato é Nessie.

Caçar se tornou uma lembrança distante, a cada menção de irmos para a floresta o garotinho aparece com um copo cheio de sangue fresco.

Nessie veio nos visitar, então eles estão brincando de faz de conta na sala, tudo com a supervisão de Edward.

Emmett entrelaça os dedos nos meus, eu me aconchego em seu ombro e ele sinaliza para que olhe as crianças.

Suas vozes infantis ecoam pela sala enquanto encenam a cena clássica do sapatinho da Cinderela.

Após uma pequena briga sobre quem seria a Cinderella, Damien aceitou ser o príncipe, Nessie não queria se ajoelhar para colocar o sapato nele.

Decidiram no pedra, papel e tesoura, o perdedor se ajoelhava e colocava o sapato.

Damien segurou delicadamente a sapatilha, deslizando-a no pezinho de Renesmee com cuidado.

Instantes depois sua expressão se transforma quando, em vez de continuar o roteiro e fingir ir para o palácio, ele começa a distribuir punições  para a madrasta e irmãs.

—Vocês irão varrer o chão o dia todo, terão que comer brócolis, tomar seis banhos e nada de sobremesa! E depois serão trancadas em um calabouço sombrio cheio de ratos para s-e-m-p-r-e!—

Damien declara com um sorriso olhando o ursinho de pelúcia que representava a madrasta.

Emmett e eu trocamos olhares preocupados. As palavras que saem da boca do nosso filho adotivo são perturbadoras, além do esperado para uma criança de seis anos. Eu me aproximo deles, tentando intervir.

— Damien, querido, talvez seja melhor tirar a parte de trancá-las no calabouço para sempre, não? — proponho, minha voz cheia de cuidado maternal.

Ele olha para mim com uma expressão ansiosa, seus olhos parecendo mais escuros do que o normal. Tive a impressão de ver um brilho avermelhado ali, exatamente como nos olhos de Parish, que já se adiantou em ficar perto de Damien.

Inclusive teria que conversar sobre a permanência dele na cozinha na hora das refeições, Damien estava se livrando dos legumes dando para o cachorro por baixo da mesa.

— Não, mãe. Elas merecem, e já estou sendo legal permitindo companhia, poderão fazer amizade com os ratinhos. O para sempre também não é verdade, é só até elas morrerem.—

Mãe?

É a primeira vez que ele me chama de mãe, antes era sempre Rosalie. Puxo a manga de Emmett e ele olha para mim, com uma expressão preocupada.

— Você ouviu, amor?—

Sussurro, contente pelas crianças estarem distraídas colocando os ursinhos que representam a família da Cinderela numa das minhas caixas de sapato.

Meu coração morto se enche de uma mistura intensa de emoções. Um calor reconfortante se espalha, se eu ainda chorasse lágrimas de alegria estariam caindo dos meus olhos.

É um momento tão precioso, um sinal de que Damien encontrou em mim o que precisava.

Cada desafio, cada obstáculo que enfrentamos até este momento parece desaparecer diante dessa única palavra.

Um presente para RosalieOnde histórias criam vida. Descubra agora