Capítulo doze

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~Dahyun~

Havia perdido a conta de quanto tempo fiquei parada em frente ao espelho encarando meu próprio reflexo. Até ele parecia estar me julgando, e, talvez eu merecesse esse julgamento. Eu me enxergava, mas não me reconhecia mais, e não era nem por meu rosto não estar no seu melhor estado agora - o que já era de se esperar -, embora eu não tivesse chorado uma lágrima sequer. Parecia estar insensível. Sem expressão ou reação.

Mas eu não era assim. Eu jamais machucaria Sana daquela forma. Não por querer. Por outro lado, eu tinha total conciência de que as coisas que vinha fazendo nos últimos tempos a magoavam, e mesmo tendo essa certeza, continuei as fazendo.

Havia um sentimento preso em mim. Um sentimento que gritava. Implorava para sair. Um sentimmento de admiração, que mesmo eu tentando impedir, com o tempo virou paixão. Foi um tanto inevitável e estava cada vez mais dificíl de conter. E o pior de tudo, é que esse sentimento não tinha nada a ver com Sana. Estava voltado completamente a outra pessoa.

E sim, eu amo a Minatozaki. Amo de verdade. Ela me faz bem, mas eu não estava fazendo bem para ela. Não estava conseguindo administrar tanta coisa. Meu coração não estava pronto para lidar com o amor que sentia por Sana, o amor que ela me proporcionava, e ainda mais o amor que aos poucos brotava por uma pessoa. As coisas se desequilibraram. Ficaram instavéis. E eu não consegui dar conta.

Eu não pude evitar. A final, não escolhemos por quem nos apaixonamos. E jamais se passou na minha cabeça que eu poderia me apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo. Era justamente isso que eu não conseguia engolir. Estava em negação. Conviver com isso estava cada vez mais difícil, e, com o passar do tempo comecei a descontar em Sana inconcientemente. O que foi só piorando. Nossas brigas foram ficando cada vez mais frequentes, e na maioria delas era Sana quem saía machucada e se sentindo culpada. Quando a culpa sempre foi totalmente minha.

Tentava fingir que nada estava acontecendo, e acabei causando uma bela bola de neve. Se eu tentasse fugir desse sentimento por mais tempo acabaria enlouquecendo. Mas não posso negar que o arrependimento das minhas decisões nos últimos dias tem me atormentando bastante.

Ficar ali naquele banheiro gelado não ajudaria em nada agora, então, com um suspiro, encaro meu reflexo uma última vez antes de sair.

A porta rangeu quando foi aberta e a primeira pessoa com quem me deparo é Mark, que limpava uma das mesas perto do banheiro com pouca vontade.

- Agradeça por estar de folga hoje, Dahyun - ele começou. Só ouvir sua voz já foi o suficiente para me tirar a paciência. O pouco que ainda restava dela pelo menos - O café está um caos hoje. Será que inventaram de colocar algum evento ou promoção em nos avisar?

- Não estou com paciência pra gracinhas hoje, Mark - eu disse, erguendo a mão no ar, sinalizando para ele parar.

- Hoje e nem nos outros dias - ele resmungou, jogando o paninho que usava para limpar as mesas no ombro e m acompanhando pelo estabelecimento.

Ele estava certo, a cafeteria estava lotada, muito mais do que o normal. Não me surpreenderia se resolvessem chamar Sana ou eu para ajudar e fazer um extra. E, se fosse o caso, eu negaria dessa vez, tenho outras coisas com o que me preocupar no momento, e ficar atendendo clientes mal educados não era uma delas.

- Aconteceu alguma coisa? Você parece um pouco mas "ácida" que o normal - Mark continuou me seguindo até perto da porta de entrada.

- Não enche, garoto! Você não tem mesas pra limpar ou clientes pra atender não?

- Calma aí, gatinha. Eu só...

Dei as costas para ele, saindo da cafeteria antes que ele pudesse completar a frase.

Unforeseen Passion - SaiDahMoOnde histórias criam vida. Descubra agora