Capítulo onze

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~Momo~

Quando terminamos de comer Sana insistiu para lavar a louça, mas como ela era visita Hanna a convenceu a ficar apenas sentada esperando a comida baixar enquanto eu era obrigada a lavar aquela pilha toda, já que havia sido ela quem cozinhou dessa vez.

- É raro ver Momo trazendo gente pra casa - Hanna comentou, puxando uma cadeira para se sentar ao lado de Sana na mesa - Geralmente a única que ela trás aqui é a Jeongyeon, e só porque ela fica com muita sede depois de correrem horrores de manhã. Acho que você é especial, Sana.

- Para de falar asneiras - me virei para minha irmã, sacudindo as mãos molhadas perto dela propositalmente. 

Eu já saquei o que ela estava tentando fazer. Certa vez ela havia me perguntado sobre a minha vida amorosa, e eu acabei comentando sobre Dahyun e consequentemente falando algumas coisas sobre Sana também. E claro, eu disse que ambas namoravam e que eu não tinha a menor chance, mas Hanna não pareceu ter prestado atenção nessa parte.

Termino de lavar a louça o mais rápido que posso para sairmos logo dali, secando as mãos em um dos panos de prato e hesitando um pouco antes de pegar na mão de Sana para guia-la até o meu quarto, onde eu imaginei que seria o único cômodo da casa onde teríamos um pouco mais de privacidade.

- Sua irmã parece ser muito legal - ela comentou, olhando ao redor com curiosidade.

- Ela fala demais. Se continuassemos lá você acabaria ouvindo coisas que não precisa saber - digo, puxando o ar para os pulmões e o soltando devagar.

- Que tipo de coisas? - pergunta.

- Nada de importante - falo, começando a sentir minha mão soar, pensei que talvez pelo nervosismo de estar me enrolando com minha explicação. Isso, até eu olhar para baixo e perceber que ainda estava segurando a mão de Sana, soltando-a no susto logo em seguida, como se a garota tivesse me dado um choque.

Minha reação foi um pouco exagerada, admito, mas Sana não paraceu ligar, estava ocupada demais olhando para as diversas fotos que eu mantinha grudadas na parede como decoração e também para me recordar de alguns momentos da minha vida. Meu quarto em si não tinha lá grande coisa, além das fotos, havia algumas prateleiras com livros e enfeites, e um monte de tralhas jogada pelos cantos.

- É a primeira vez que entro no seu quarto - ela diz, se sentando na beira da cama.

- Está meio desarrumado - falo, me sentando ao seu lado - Eu até tento manter arrumado, mas não dura muito tempo. Digamos que eu seja uma bagunceira natural.

Sana riu baixo e se acomodou melhor na cama, continuando a olhar as fotos presas na parede a nossa frente.

- Aquela ali é a Jeongyeon? - perguntou, apontando para uma das fotografias mais antigas, de quando eu ainda era criança e estava junto de Jeongyeon.

Me levantei e tirei a foto do grampo, voltando a me sentar enquanto encarava a foto e deixava as lembranças envadirem a minha cabeça.

- Essa foto é de anos atrás, quando ganhamos nosso primeiro campeonato de corrida no fundamental - eu disse, com nostalgia.

Na foto, a Yoo me segurava nas costas enquanto sorriamos de orelha a orelha, era possível ver as gotas de suor escorrendo dela. Naquele dia Jeongyeon havia corrido mais do que nunca em sua vida toda, e eu a deixei ainda mais acabada quando pulei em suas costam para comemorar. Minha mãe não pôde deixar de registrar aquele momento.

-Vocês já participaram de um campeonato de corrida?! - Sana pergunta surpresa - Pensei que só jogassem vôlei.

- Nós paramos de correr em campeonatos depois de um tempo, ultimamente só temos feito isso como hobbie - expliquei.

- Isso é incrível! Eu jamais teria energia para correr em campeonatos. Sou muito sedentária para isso - ela fala, arrancanto um riso contido meu - Você e a Jeongyeon são bem próximas, não é?

- Nós somos mesmo. Jeongyeon tem sido tem sido um bom ponto de apoio pra mim. Claro, ela também tem seus problemas, que são muitas vezes mais sérios do que os meus, mas nem por isso ela deixou de me ouvir e estar lá por mim, assim como eu estou aqui pra ela. Quando preciso desabafar eu procuro por ela ou por Jihyo, as duas sempre me deixam melhor.

- O dia que precisar pode conversar comigo também. Sei que não dou os melhores conselhos, mas sou uma ótima ouvinte - diz, com um sorriso reconfortante.

Ficamos um longo tempo em silêncio. Aproveitei para prestar um pouco mais de atenção em Sana, ela não aparentava estar tão cabisbaixa quanto antes - ou ao menos não estava demostrando. Eu gostaria de saber o que está passando por sua cabeça agora. Apesar de não estar mais tão para baixo, e seu rosto estar neutro, seus olhos ainda parecem... deprimidos. Eu estava me sentindo triste por ela, mas não fazia ideia do que fazer para consola-la além de oferecer a minha companhia.

- Eu não acredito, você tem um skate! - Sana exclamou, me trazendo de volta a realidade.

- Tenho sim - me levantei, pondo a foto de volta em seu lugar e pegando o skate para mostrar a Sana. Ela o pegou, olhando maravilhada para as notas musicais estampadas na parte de baixo - Eu quis escolher um com estampas menos "radicais".

- Combina com você - ela colocou o skate no chão, e, ainda sentada na cama, pôs seus pés sobre ele - Você... se importaria de me ensinar a andar de skate alguma hora dessas? - pergunta se virando para mim.

Isso não seria má ideia, poderia até servir como distração para que Sana esvaziasse um pouco a cabeça se mantendo ocupada e esquecesse, ao menos por enquanto, do seus problemas e essa coisa toda com Dahyun.

- Claro! Pode ser agora mesmo se você quiser - estendo a mão para ela a ajudando a levantar, ficando de pé no skate.

Ela se apoia em mim, segurando em meu ombro com uma mão e entrelaçando a outra com a minha. Sana olhou para seus pés e em seguida para mim, sorrindo ladino antes de voltar a olhar para os próprios pés.

- Não precisa ser hoje, Momo - diz, fazendo menção em descer, mas ao fazer isso, o skate impulsiona para frente, quase levando Sana de encontro ao chão. Minha reação foi tão rápida, quando percebi já segurava Sana pela cintura, a apertando forte contra mim para evitar que ela caísse. E agora estávamos ali, um pouco inclinadas para a frente, com nossas mãos entrelassadas, Sana segurando firme em meu ombro, enquanto eu a segurava firme pela cintura.

Agora já não sabia mais se meu coração estava batendo forte pelo susto do possível tombo, ou pela posição em estávamos. Sana estava praticamente colada comigo, respirando descompassado enquanto me olhava assustada. Ela engoliu um seco.

- Me desculpa! - fala, tentando sair e acidentalmente escorregando de cima do skate, quase caindo novamente, me fazendo segura-la mais uma vez. Sana corou, ficando com o rosto completamente vermelho, se afastou firmando os dois pés no chão, evitando olhar para mim. Eu teria achado aquilo fofo se não estivessemos naquela situação - Eu... acho que já vou indo pra casa, está começando a ficar tarde. Minha mãe vai ficar preocupada.

- Ah, é verdade - eu concordo, embora não estivesse nem perto de escurecer.

Levo Sana até o porta, tinha me oferecido para leva-la até sua casa, mas ela disse que não era necessário, queria passar em um lugar antes de ir para casa e queria ir para lá sozinha.

- Me avise quando chegar em casa - digo, dando um último abraço em Sana antes de ela ir embora - E mande um oi para a senhora Minatozaki por mim.

- Pode deixar - Sana me apertou um pouco mais em seus braços, soltando um longo suspiro. Quando desfez o abraço, mal deu dois passos antes de dar meia volta só para deixar um beijo em minha bochecha - Obrigado por hoje.

Isso foi um tanto inesperado para mim. Sana saiu sorrindo, dobrando a esquinada minha casa e acenando para mim enquanto ia embora. Eu estava retribuindo o seu sorriso com um maior ainda sem nem mesmo perceber.


Unforeseen Passion - SaiDahMoOnde histórias criam vida. Descubra agora