2. Mensagem

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Depois do que parecia uma eternidade, o professor para de anunciar as duplas da sala, escrevendo no quadro o trabalho e a data de entrega. Quase três semanas para fazer tudo. E, de fato, não era pouco tempo, não para um trabalho em dupla. Um trabalho em dupla que eu iria ter que fazer com Cecília Marques, uma amiga de infância que na verdade eu não converso a tempos.

- Que droga. Por que a minha dupla sempre tem que ser a pessoa mais irresponsável da turma? Já não basta eu. - Paulo falava, ele parecia indignado com o resultado. Olhando para o relógio, ansioso para o fim do turno.

- Boa sorte pra você. - Todos começaram a se levantar das cadeiras para sair da sala. - Também queria ter ficado com outra pessoa sem ser a garota de cabelo vermelho que já foi minha amiga na infância. - Eu não faço ideia de como vou fazer esse trabalho. - suspirei.

- Queria ter essa sua má sorte pra fazer dupla com uma amiga.

Saímos da sala, tudo parecia meio morto e meu corpo parecia que transbordava tédio. - Amiga? - Fiz uma cara feia, de confusão. - Ah, para. Eu nem converso mais com ela, faz sei lá quantos anos que a gente não se fala. - Olhei para Paulo que me olhava com um sorriso bobo.

Nesse momento, eu olhei nos olhos escuros de Cecília, que passava com um sorriso. Senti meu coração disparado. Parecia nervosismo, aquele sentimento quando a gente encontra alguém que não se fala a muito tempo, sabe? Saí da minha bolha, ouvindo a voz de Paulo.

- E aí, o que você acha? - Ele perguntou, ainda me encarando. - Cara, sério, 'cê precisa prestar mais atenção ao seu redor. Tava quase babando na Cecília.

Eu ri alto. - Quê? Eu só olhei pra menina, nem fiz nada. - Paulo me lançou um olhar duvidoso, seguindo de uma risada do mesmo. - Voltando ao assunto, o que você tava me perguntando?

- Quer passar na minha casa? Jogar uns jogos e esquecer desse trabalho de matemática. - Eu sorri quando ouvi a proposta de Paulo. não precisando nem responder, ele aumentou o passo, enquanto eu o acompanhava até sua casa.

- Fala sério, cê tá jogando sujo! Com esse personagem é claro que você vai ganhar de mim, né? - Inventei uma desculpa por ser tão ruim no jogo, sempre fazia isso quando perdia para Paulo. Não que eu não soubesse perder, é só que eu não posso deixar meu orgulho se afundar por conta de um jogo que qualquer idiota sabe jogar.

- Oli, se você jogasse bem você não estaria falando isso - ele sorria, ainda concentrado no jogo. - Que pena que você é horrível. Um dia você me vence.

- Nem jogando sério eu tô. - Na verdade eu estava dando tudo de mim, mas ele não precisava saber disso.

Ouvi Paulo falar alguma coisa com um tom debochado, mas minha atenção se direcionou para meu celular, que mostrava uma notificação de mensagem do Instagram.

Parei o jogo, pedindo uma pausa, já aceitando a derrota. Paulo se levanta para pegar uma água, me abandonando em seu quarto. Sentada no chão, eu soltei o controle e peguei meu celular, mostrando uma notificação de mensagem do Instagram de Cecília.

- E aí Oli
Tá livre algum dia? 'Vamo arrumar as parada do trabalho

Meu coração errou uma batida pelo apelido, não que eu fique nervosa pela mensagem, a gente não se fala a muito tempo e eu não fazia a mínima ideia do porquê eu fiquei tão surpresa pela mensagem. "A gente tá fazendo um trabalho, tanto faz." eu pensei, ainda segurando o celular, olhando a barra de notificação.

Depois de umas tentativas de escrever uma mísera mensagem concordando, eu finalmente respondo.

- Pode ser, vou ver o dia e te falo
;)

"Por que eu mandei essa carinha? Meu deus, quem eu quero enganar? Não faço a mínima ideia de como fazer esse trabalho." Antes que eu pudesse me arrepender e lembrar disso durante o resto da minha vida, Cecília tinha reagido minha mensagem com um coração.

- Eita! que sorrisinho é esse aí? - Paulo chegou no quarto de repente, me fazendo esconder o celular rápido. O que não foi uma boa ideia, já que ele só apontou e riu mais da minha cara, como se não bastasse.

It Was a Bad Idea?Onde histórias criam vida. Descubra agora