Prólogo

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Filos entrou no bar, exausto. Andou cambaleante entre os bêbados, passando pelo chão de madeira sujo, entre as mesas repletas de copos de cerveja. Só de ver uma, dava-lhe água na boca.

"Uma, por favor", pediu ao homem por trás do balcão. "A melhor que você tiver."

"Tem dinheiro para pagá-la, rapaz?"

"Rapaz?" Filos riu. "Ande logo. Traga-me a bebida."

Em seguida, pôs um saco de moedas sobre a mesa. Entendia o porquê daquela pergunta; Filos estava sujo e acabado como a porra de um mendigo. Mas, era como diziam, as aparências enganam, e aquela sacola tinha dinheiro para caralho. Vou mesmo gastar tudo com cerveja? Ah, vou, mas devia guardar um pouco para as putas.

"Onde arranjou tudo isso?"

Filos olhou para o lado. Quem perguntara era um homem magro e careca. Não aparentava estar embriagado. Seu rosto trazia muitas especulações para Filos, e desconfiava do rapaz. Na verdade, seria um louco se não o fizesse. Os olhos do sujeito transmitiam malícia — e curiosidade não era uma boa mistura para isso, caso quisesse ganhar a confiança de alguém.

Este homem não está tentando arrancar nada de ninguém. Mas o que irei lhe dizer?

"Sou bem recompensado pelo que faço."

"Ou é um ladrão. Estou errado?"

"Está."

Nesse momento, a birra foi posta sobre a bancada. Filos tirou duas moedas douradas de dentro do saco e deu ao copeiro. Não houve agradecimentos. O homem pegou a grana e a guardou em outro lugar. Filos apoiou seus dedos pelo copo de engoliu o máximo de cerveja que foi capaz de consumir no momento. Então, limpou a boca com o dorso da mão. Quando virou o rosto, o careca ainda estava ali.

"Que porra tu quer, hein?"

"A verdade. Sabe, as pessoas aqui não gostam de ladrões. Eu muito menos. Desde que esses vagabundos chegaram, as coisas tem sido difíceis. Muitos homens perderam suas terras, e isso custou a vida de seus filhos. Foi assim comigo." O homem estralou os dedos e o pescoço. "Então me aparece um sujeito imundo cheio da grana. Como quer que eu acredite que você não é um ladrão, rapaz?"

"Pra começar, não sou um rapaz. Sou um homem." O homem riu. Filos franziu seus olhos para ele. "E se eu fosse um ladrão? Que iria fazer, hein?!"

A voz tinha saído mais alto do que ele planejara. De repente, havia mais olhos encarando-o do que Filos gostaria que tivesse. Levantou-se e olhou para todos. Pegou a cerveja da mesa e deu um grande gole. No instante seguinte, não havia mais líquido nenhum. Deu um grande arroto e sorriu.

"Vão pra puta que pariu. Não posso nem tomar mais uma cerveja em paz."

"Até mesmo a língua te entrega, garoto. Afinal, de onde vem? Do oeste?"

"Adeus, careca."

Filos deixou a copo vazio e pegou a sacola de moedas. Pretendia beber mais, mas não podia ficar perto daquele otário. Sua barriga doía. Virou-se para ir embora, porém a mão do estranho assaltou o seu pulso. Filos tentou puxá-la com severidade, mas teve azar. O calvo conseguiu puxá-lo. Por um momento, Filos não soube o que fazer. Não sabia nem o que aquele idiota pretendia fazer.

"Não se engane, garoto. Essa vida não é boa. Estou avisando: as coisas estão para mudar. Consegue me entender? As preces dos pobres estão sendo ouvidas. Do oeste vem uma santa que irá expulsá-los para o inferno. Ah, ria, como quiser."

"Você não sabe o que fala."

"Ah, não? Pergunte sobre os caubóis. Eles estão chegando, meu amigo. É assim que se chamam. Caubóis. E eles vão fazer sua cabeça sangrar; ah, vão."

A Ascensão do CaubóiOnde histórias criam vida. Descubra agora