Capítulo 1

4 0 0
                                    

1

Sara abriu os olhos. Seus dedos apertaram o colchão. Em seguida, ela se levantou, arfante. Estava usando uma camisola branca. Levantou-se e ergueu a ponta da roupa, tateando com os dedos a sua calcinha. Seus olhos preguearam de nojo quando ela ergueu a mão suja de sangue.

Ela olhou para um lado, depois para o outro, e em seguida para os dedos, corando. Avançou até a saída do quarto, mas hesitou por segundos em abrir a porta. Por fim, virou a maçaneta e correu para o banheiro. Fechou a porta e começou a lavar as mãos. Depois, tirou a roupa de baixo e viu que havia muito mais plasma do que imaginara. Suas pupilas correram para a porta e ela se acelerou em direção ao quarto. Suspirou quando viu o leito coberto por uma mancha de sangue.

No instante seguinte, deu lentos passos para trás, batendo na parede e deslizando até o chão. Ergueu novamente as mãos, e em seguida se pôs a chorar.

"Que... que... Sara?!" ouviu a voz do pai dizer, e isso a fez se sobressaltar.

O pai entrou de abrupto no quarto. Usava uma camisa xadrez amarela, um chapéu de couro, calça de pano marrom e botas velhas e rasgadas. Tinha uma cara de nojo estampada. Quando adentrou, seu rosto primeiro se espantou com a cama e seu enorme borrão. Então, virou-se para Sara, raivoso.

"O que foi? Enfiaram uma pistola na sua vagina?"

"Pai..."

"Limpe essa merda."

Sem mais nem menos, ele saiu, fechando a porta com força. Trêmula, Sara se ergueu do piso e foi até os lençóis. Retirou todos, jogando-os no chão. Enquanto fazia isso, desciam-lhe lágrimas.

Levou toda a sujeira até a parte detrás da casa. Lá havia uma grande bacia de cimento e varais para estender as roupas limpas. Colocou a calcinha e os forros na água. Então, retornou para casa.

Lá, vestiu outra coisa: um vestido azul. Foi até a cozinha, observou os pães sobre a mesa e suspirou. Catou um e começou a comer.

A cozinha ficava colada à sala, de forma que viu quando a porta foi aberta. Outra vez seu pai surgiu. Estava mais irado do que antes. Em sua cintura, carregava consigo uma faca e um revólver. Na boca rodeada de barba desfrutava um palito de dente.

"Maldito seja", disse ele.

Sara continuou beliscando o pão.

Seu pai jogou o chapéu no sofá. Então, deu um soco no móvel.

"Estão armando contra mim", disse. "Querem roubar o maior bandido do oeste! Ah, ah... Que pensem."

Assim que terminou de comer, Sara voltou para a parte de fora. Tirou os estofos úmidos e passou sabão. Esfregou até os braços ficarem vermelhos. Então, quando notou que já estavam limpos, colocou-os todos no varal. Com o sol tórrido como estava, não ia demorar muito para reaver seus cobertores e sua camisola de volta.

"Fez o que eu mandei?"

Ela olhou para o pai, que estava parado à porta. Sua expressão era enervante. Isso fez ela se arrepiar de medo. Hesitante, limitou-se a balançar a cabeça em uma afirmação.

Seu pai sorriu. Estava com a mão esquerda apoiada na entrada, o outro braço encostado na calça. Logo se desfez desse arranjo, seguindo através dos varais e espiando a água vermelha.

"Sabe o que isso significa?"

Ele se virou para ela. Sara nada disse.

"Que já é uma mulher."

Sara engoliu em seco. Seu pai prosseguiu com as voltas, parando finalmente atrás dela. Encostou os dedos em seus ombros, massageando-os suavemente.

"Hoje a noite", sussurrou, "eu lhe mostrarei como um homem trata uma mulher."

A Ascensão do CaubóiOnde histórias criam vida. Descubra agora