Imagine Being Yourself | luizapls

UM ACORDO ENTRE QUEM FOI E QUEM É

***Apenas por preguiça, eu não revisei esse texto kkk Espero que esteja bom!!! E por favor, comentem! Os comentários são ótimos para eu saber do que gostam/desgostam etc

Eloise já havia observado cada canto da festa de Andrew Phillippe quando parou entre o duque e o longo gramado que dava acesso à praia. Agora os enormes olhos azuis inspecionavam cuidadosamente as novas unhas falsas, aplicadas naquela tarde. O processo deve ter levado três horas e ela havia escolhido cor-de-rosa claro por ser uma das cores que Pat havia elogiado. Mesmo não tendo conversado com ele todo o verão, quando suas unhas naturais descansavam sem esmalte, enfiadas na argila de esculturas e manchadas com a tinta de telas que fazia no curso de artes que fez na França. Eloise não tinha certeza se aquelas unhas amendoadas e longas ainda eram suas, mas pareciam ser da menina que cresceu em El Bonito e digitava com os travesseiros dos dedos.

Depois do verão que teve, El Bonito parecia pequeno, tedioso, elástico - no sentido que sempre voltaria a sua a forma original, não importava o quão "pra frente" seus jovens fossem ou o quanto a cidade crescesse. Eloise considerou sentar-se no deque, mas não parecia muito a sua cara. Sabe, sentar sozinha no chão, mesmo que naquela situação fosse a borda de um deque, como se não tivesse ninguém. Ela tinha! Eles só não haviam chegado ainda.

Eloise continuou se autoanalisando, perguntando-se se deveria ter vindo com o vestido cor de creme que havia comprado em sua última semana na Europa, mas parecia errado. Parecia errado trazer toda a magia que sentiu no verão, de tomar vinho em parques públicos até sentar-se na grama com a roupa do corpo, passar o dia colocando seus pensamentos em lindos (ou feios) quadros, agora ela precisava ser perfeita novamente. Voltar à jogar tênis, fazer as unhas a cada quinze dias, não comer tanto pão. Ela se percebeu de sapatilhas, jeans, camiseta, blazer de smoking e a adorável bolsa Chanel iogurte que havia ganhado como presente de boas vindas. Ela achou que aquela roupa era um bom acordo entre quem foi na França e quem era aqui, mas não tinha certeza. Eloise sentiu que deveria estar nervosa, mas não sabia se estava. Sua mente corria a um milhão de quilômetros por hora, nas maçãs proeminentes e rosadas do rosto, ela sentia a brisa gelada do outono, os cabelos loiros acenavam ao vento, ela tentava organizar os pensamentos e sentimentos da suas antigas experiências com quem estava se tornando. No mundo de Eloise, tudo parecia estar derretendo e se reerguendo.

Na França, onde foi estudar artes visuais e plásticas num curso de verão, Eloise viveu a deliciosa rotina de uma estudante universitária, pela primeira vez longe dos olhos exigentes da mãe, experimentando novas camadas de liberdade. Ela verdadeiramente aproveitava as aulas, gostava de ouvir os professores, de experimentar novos materiais. Eloise arruinou tantas de suas roupas de marca - por uma boa causa, ela explicou à mãe por chamada de vídeo - que acabou comprando uma coleção de jardineiras usadas e camisetas vintage, sentindo-se mais forte, e por vezes, mais linda do que nunca. Se seus dias na França eram preenchidos por aulas, expressões artísticas, visitas a museus e os mais deliciosos cafés, as noites de Eloise eram regadas a vinho branco barato, longas caminhadas pela cidade, gargalhadas altas com seus amigos cosmopolitas e, mais do que nunca, romance.

A versão menos polida e mais verdadeira de Eloise achou a mais sincera forma de amor que já experimentou com Quentin, um adorável monitor de História da Arte dois anos mais velho cujo cabelo castanho encaracolado, óculos de grau empoleirados no grande nariz sardento e mãos enormes a conquistaram. Ele a escutava. A fazia sentir a garota mais importante do mundo, a mais linda, a apresentou à sua familia e aos seus amigos, eles compartilharam seus filmes favoritos - tendo "Closer: Perto Demais" como uma escolha em comum -, compartilhavam um par de fones de ouvido enquanto exploravam a cidade.

Quentin tirou sua virgindade.

Ela sempre achou que Pat fosse ser seu primeiro.

Mas Quentin a fazia sentir coisas que Pat nem parecia conhecer. Com Quentin ela era amada, acolhida, suficiente, feliz.