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As colinas tem olhos
As colinas tem olhos...
Quem é você para me julgar?
escondas as suas mentiras
garota, esconda as suas mentiras.

The Hills

— Eu quero ir — repeti a frase, uma litania que já havia escapado de meus lábios inúmeras vezes — Qual seria o problema?

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— Eu quero ir — repeti a frase, uma litania que já havia escapado de meus lábios inúmeras vezes — Qual seria o problema?

— Qual o problema? — interrompeu minha mãe, com um pigarro incisivo, a voz impregnada de um tom de aviso — Engel, aquele lugar não é para meninas da sua laia.

— Meninas da minha laia? Isso soou um tanto ofensivo em relação às filhas das suas amigas — rebati com ironia, meus passos ecoando audaciosamente pelo chão — Estou apenas curiosa...

— Curiosa sobre ele, certo? — minha irmã me denunciou com uma franqueza desarmante.

— Não tenho a menor ideia do que você está insinuando — eu finjo, lançando um olhar ameaçador em sua direção, um claro gesto para que se cale, escondido dos olhos de nossa mãe.

— Que espécie de diálogo silencioso é esse, com olhares tão enormes?

— Não desvie o assunto, Cecilia — pronuncio o nome da minha mãe em provocação — Você bem sabe que raramente saio de casa, desejo apenas experimentar uma noite em uma festa.

Tatum, a caçula entre nós, mira-me com um olhar saturado de reprovação. Ela entende a fachada das minhas desculpas, discernindo o verdadeiro motivo do meu anseio pela festa. Que vai além de um simples capricho por liberdade. Para ser absolutamente franca, se me fosse dado o poder de escolha, eu me enclausuraria no meu quarto para sempre, mergulhada em minha própria existência.

Eu gosto de uma vida tranquila e preguiçosa.

Mas, nesta ocasião, estou plenamente ciente de quem marcará presença, ele. O foco da minha atenção exclusiva ao longo dos últimos meses, desde que abrimos um empreendimento de bebidas sofisticadas no bairro de Monte III.

Admito, não sem uma certa dose de embaraço, que estou à beira de uma obsessão, contando os dias e horas para aquele instante em que ele cruza o limiar do nosso estabelecimento. Há algo nele que aguça minha curiosidade, uma aura que tinge meus dias com um fascínio sombrio, quase proibido.

Eu o desconheço, apenas os sussurros e murmúrios das ruas alcançam meus ouvidos. Ele é envolto por uma aura intimidadora e uma presença negra que silencia conversas. Conhecido como o mais temível dos quatro pesadelos que assombram neste bairro, é dito ser o líder impiedoso entre eles.

Seu nome é o único fio que me liga a ele.

Thiago Petros Pierre.

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