As pessoas, por vezes, murmuram que, quando o coração se mostra imprudente, inclinando-se pelo caminho errado por conta de sentimentos vãos, resta a esperança de que o consciente intervenha, salvando-nos da desventura.
Ao menos para mim, falhou mis...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Tic-tic-tic-tic, a caneta dança entre meus dedos, alternando de uma mão para outra, enquanto a voz da senhorita Harrys se torna um mero sussurro distante, um eco perdido nas profundezas dos meus pensamentos. A cada vez que meus olhos se fecham, estou correndo novamente. Envolta na lama pútrida que maculou minha pele na queda, marcada pela sombria negritude da aura dele.
Estou viva, contra todas as expectativas, tendo corrido uma distância que rivalizaria com uma maratona, exatamente como jurei que faria.
Mas então, por que minha alma se recusa a sair de lá?
Ao ir para casa ontem à noite, minha mãe repetidamente questionou se alguém havia me abordado propositalmente. Apesar de minhas mentiras, ela viu através de mim, percebendo minha raiva. Minha mochila não estava comigo, e meu cabelo estava em completo desalinho, cada ponta denunciando o tumulto pelo qual passei.
Foi um erro.
Um erro colossal desde o início.
Conseguir persuadir minha mãe a me deixar ir àquela festa de iniciação foi uma façanha, mas levar minha irmã caçula de apenas quinze anos para que os urubus-caçadores a vissem, se tornou meu maior erro. Se qualquer um daqueles ousasse lançar um olhar impuro sobre ela, eu não hesitaria em declarar guerra, pronta para derramar o sangue necessário ao protegê-la.
Tatum nunca suportaria tanto quanto eu. É exatamente o oposto.
Mesmo naqueles momentos em que deveria ser consumida pelo remorso, ele não aparece, porque desde o começo, tive o que eu quis. O arrependimento transforma-se em uma mera sombra, uma farsa ao me convencer de que teria recuado se conhecesse o desfecho, no fundo, eu iria mesmo que o céu estivesse desmoronando em chamas.
Me vejo inevitavelmente arrastada de volta para mesma pergunta.
Consegui, realmente, roubar sua atenção?
— Ela é como uma cachorra na beira da esquina — a voz aguda de Tallulah atravessa meus ouvidos, propagando-se entre seu círculo de imitadoras, cada uma aspirando a ser uma réplica fiel dela.
— Ouvi dizer que ela se deita com os caras apenas para custear a mensalidade da escola — outra destilou, com veneno.
Oh, inferno, como elas conseguem falar da vida alheia incessantemente?
— Não é uma inverdade, se observarmos bem. Mas veja, ela nem tem todo esse encanto. Seu cabelo está sempre em desalinho, e ela tem a bunda negativa, ao invés de ser ao contrário — Tallulah zombou, provocando risadas estridentes de suas lacaias.
