Sabia que a queda era grande mas tive que pular.
Passar o dia andando pela praia de Copacabana podia ser uma das coisas mais bonitas e incríveis que podia acontecer na vida de alguém.
O sol quente, o som do mar, aquele cheiro no ar que só o litoral podia proporcionar.
Mas Philipe não era qualquer alguém.
E aquele não era qualquer dia.
Depois de passar quase duas horas correndo pelo calçadão, tentando entender o que caralhos estava acontecendo, ele finalmente achou um lugar seguro pra se esconder sem chamar muita atenção.
"Cúpula dos canhões", era o que dizia no seu google maps, e sinceramente, ele não tinha ideia de como tinha chego ali, mas agora tinha o mar aberto na sua frente, e absolutamente ninguém a sua volta.
Andou até estar próximo a beirada, olhando para a imensidão azul adiante. A cabeça latejava de tanta dor e ele só queria ser engolido pelo som das ondas se chocando com as pedras. Olhou em volta, achando um lugar mais escondido e afastado da entrada, então se sentou ali, finalmente sentindo a alma voltar para o corpo.
- Primeira semana no Rio e já to assim... Parabéns Philipe, você se supera a cada dia - falou sozinho, tendo certeza de estava enlouquecendo.
Puxou os joelhos contra o peito, apoiando o queixo ali, fechando os olhos e aproveitando a brisa no dia quente.
- ME SOLTA CARALHO - os olhos se abriram de uma vez, surpresos - NÃO, PARA - ele começou a se levantar aos poucos, tentando ver o que estava acontecendo, cada vez mais gritos chegavam aos seus ouvidos, mesmo com o som do mar
- PUXA LOGO - uma outra voz mais raivosa falou.
O garoto se esgueirou pelas pedras até ter enfim a visão das pessoas presentes ali.
- ME SOLTA SEU FILHO DUMA PUTA - um homem branco de cabelos pretos gritava, enquanto era arrastado por outros quatro homens grandes, cada vez mais perto da beirada.
- VAI ME DIZER ONDE TÁ O MERDINHA DO SEU NAMORADO? - o outro cara era loiro e alto, com uma cara quase esnobe.
- NEM FUDENDO! - o emo cuspiu na cara do loiro.
- JOGA! - os homens continuaram arrastando até a borda, o emo gritando cada vez mais desesperado.
- ME SOLTA, FABRÍCIO. PARA COM ESSA MERDA, CÊ TÁ LOUCO?
Philipe começou a andar na direção deles, pela parte de baixo do monte de concreto, as vozes sendo ouvidas em cima de sua cabeça, até que seu "caminho" chegou ao fim e só tinha o mar dali pra frente. Ele olhou pra cima, ainda se escondendo, e viu os homens chegarem mais perto da borda com o homem que gritava.
- Até a próxima vida, Paulo.
Em meio a gritos desesperado, Philipe assistiu o garoto ser jogado em câmera lenta no mar aberto.
Reprimiu um grito, temendo ser descoberto, mas sentiu as lágrimas queimarem na visão. Os homens falaram mais alguma coisa mas ele honestamente não conseguia ouvir mais nada além dos gritos do garoto ecoando em sua mente.
- 'Vambora - o homem loiro disse e começou a sair dali, sendo seguido.
Como se o corpo voltasse a funcionar, olhou completamente perdido para a água, esperando algum sinal do homem no mar. Nada. Nada além de ondas e mais ondas. Fechou os olhos, a respiração pesada, o coração acelerado.
Havia acabado de presenciar um assassinato.
- Ai meu caralho.
Respirou fundo e antes que pudesse se arrepender, se jogou no mar.
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O nosso morro
FanfictionSe Philipe tinha uma coisa, era má sorte. E ela só parecia piorar O triângulo vermelho já estava sendo perseguido a algum tempo, mas quando um dos seus membros simplesmente some durante um dia qualquer, as coisas começam a ficar cada vez mais esqui...