Sobrevivi

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Se você estiver ouvindo isso: Eu sobrevi



- Obrigada por me trazer até aqui - Philipe falou para o loiro

- Que? Não, eu vou te levar no hotel - ele começou a andar pela calçada, o moreno logo o seguiu

- Você não precisa fazer isso. Vai trocar de roupa, se arrumar pro almoço - ele tentava parar o loiro e fazer ele voltar o caminho

- Eu me arrumo rápido, não vou te deixar andando por aí sozinho, Paraná - o moreno parou de insistir e começou a caminhar ao lado dele

- Não precisa me chamar de Paraná mais. Pode só me chamar de Philipe - o moreno se encolheu um pouco e o loiro percebeu

- O que você prefere? - os olhos castanhos se viraram arregalados pra si

- Eu não... - ele balançou a cabeça meio perdido - Eu não sei...? - aquilo era bizarro, ele não sabia responder

- Você não sabe como quer ser chamado? - por algum motivo aquilo deixou o loiro preocupado. Qual era toda essa vontade de proteger o moreno? De onde vinha aquilo?

- Bom. Eu meio que não tinha escolha sabe? Então não sei dizer - ele só deu de ombros

- O que você sente quando eu te chamo de Paraná? - os dois continuavam caminhando pelas ruas, o sol ainda no topo, quase beirando meio-dia

- Eu gosto - ele abriu um sorriso pequeno e tímido - Quando o São Paulo falou da primeira vez, eu senti uma coisa estranha no peito, e daí o Rio repetiu várias vezes e a sensação continuou. Quando você fala é como uma sensação eletrizante - o moreno virou a cabeça para o loiro - Eu gosto muito de Paraná

- Philipe? - o loiro perguntou, vendo o rosto do outro se apagar aos poucos

- Eu fui chamado de Philipe a vida toda, óbvio. Eu não tinha apelidos, então era só isso. Philipe. As vezes vinha acompanhado do meu sobrenome, o que só piorava. Mas continua sendo meu nome, não? - cada vez mais pessoas e carros passavam por eles, Sul nem estava prestando atenção no caminho

- Eu entendo, também sentia o mesmo - ele deu de ombros também - Mas no fim eu percebi que não importa. Eu não gosto do meu nome, ele me faz lembrar de coisas ruins e não combina comigo. No fim é isso, é sobre se sentir confortável com ele

- Você não me disse seu nome - ele virou em direção a avenida

- E não espere que eu diga, guri. Só tem três pessoas naquele grupo inteiro que sabem. E se fosse por mim, seria ainda menos

- Quem são as pessoas? - ele perguntou curioso, Sul deu um meio sorriso do paranaense que virou a cabeça de lado

- Você é curioso né? - o menor se encolheu - Não! Não to dizendo que é algo ruim. É só que... Parece que você é uma criança vendo o mundo pela primeira vez - Philipe parou na frente dele, um meio sorriso no rosto

- Talvez eu esteja vendo esse mundo pela primeira vez - o loiro sorriu mais abertamente - É isso, chegamos

- O que? - o loiro nem havia percebido o quanto haviam andado, parecia meio-dia já

Quando ele olhou para o lado, o queixo caiu. Ele deveria estar parecendo um idiota olhando para aquilo, mas era literalmente a primeira vez dele tão perto daquele lugar. O Copacabana Palace, literalmente o hotel mais caro do Rio de Janeiro. Philipe colou a mão no bolso da calça emprestada

- Você vai ficar aí parado? - a pergunta era séria, mas ao ver a expressão boquiaberta do loiro, ele deu uma risadinha - Vem, Sul - ele puxou o outro pelo pulso

O nosso morroOnde histórias criam vida. Descubra agora