Por: Jennie Ruby Jane
Ao beijar Im Nayeon naquela fatídica noite, e ao aceitar ser sua namorada - Lê-se cadelinha que a segue para todos os lugares. - eu não achei que isso faria de todo o resto do meu ensino fundamental, um grande inferno. Descobri que adolescentes tem uma boa memória e não esqueceriam tão rápido do que aconteceu.
Meu único desejo era voltar a ser uma garota normal, com uma vida normal, duas amigas normais, e um família não tão normal assim.
Mas acabei virando uma garota estranha, com uma vida horrível, duas amigas que ainda estavam chateadas por tê-las trocado por uma garota, uma ex-namorada babaca, e uma família não tão normal assim que insistia em saber o porquê de toda mudança repentina.Eu não queria contar para minhas mães a verdade sobre o que havia acontecido. O medo do castigo por ter namorado escondido era sumo. Mas, o terror psicológico feito foi tão grande ao ponto de ter que contar.
Diferente do que pensei, as mamães sequer se importaram acerca do fato de eu ter namorado, apenas tivemos uma breve conversa sobre sinceridade e não ter segredos. A grande preocupação delas foi o grande bullying que estava sofrendo da parte dos amigos de Nayeon, e da própria Nayeon.O evento foi traumático ao ponto de eu sequer lembrar direito do que aconteceu após ter contado. Li um pouco sobre isso, descobri ser um mecanismo de defesa do nosso cérebro.
O que me faz lembrar apenas vagamente de mamãe Irene entrando em algumas brigas com a família de Nayeon e mãe Seulgi fazendo algumas ameaças, algo como processo por bullying e danos morais.Após todos o acontecimentos, eu e meu irmãos fomos trocados de escola, e voltei a minha rotina tediosa de sempre no novo colégio. Ninguém me conhecia, e eu não conhecia ninguém. Não arrisquei tentativa de socialização, eu não precisava de mais amigos ou namorada. Eu já tinha Hyejoo e Maya, que haviam me perdoado e voltado a manter contato comigo.
Aos 15 anos, fui fazer intercâmbio na Austrália. Acho que foi uma tentativa das mamães de tirarem a minha vida um pouco do automático e fazer minha rotina se tornar menos tediosa. O que não fez muito sentido, já que na minha lógica, se eu não fazia amigos no meu próprio país porque eu faria em outros?
Mas, esta ideia deu incrivelmente certo! Acho que o fato de estar fazendo terapia duas vezes na semana e estar em um país cujo ninguém me conhecia, ou seja, não sabiam do meu passado, contribuiu bastante para as minhas tentativas - com sucesso - de socializar.
Também não quer dizer que eu tenha virado uma rainha social, mas eu fiz novos 3 amigos: Félix, Lily, e Lalisa. Era um começo para mim!
E, além de novos amigos, também conheci uma garota: Bae Suzy.Bae Suzy estudava comigo, e também era intercambista da Coréia do Sul assim como eu, então nos demos bem de cara. A conheci no clube de teatro. Eu tinha muita dificuldade para falar em público, até mesmo em lugares com poucas pessoas, então foi recomendado pela minha terapeuta que eu entrasse para o clube de teatro, já que falar em público era algo essencial no teatro e eu poderia melhorar nesta questão.
Bae Suzy já fazia parte do clube quando fui fazer a audição. Ela era líder do teatro e uma atriz nata, que por algum motivo, me aceitou em seu clube afirmando ver talento em mim.
Com o passar do tempo, me entrosei com o pessoal, e consequentemente de Suzy. Ela era alguém um tanto misteriosa, não sabíamos muito sobre a vida dela fora da escola, as únicas coisas que sabia era que ela também era coreana e que gostava de mulheres. Nada além disso.
Não demorou muito para que um interesse por ela se acendesse dentro de mim. Ela era uma mulher bonita, e que até onde eu sabia, solteira.Eu conversei com meus amigos e minha terapeuta sobre, que me encorajaram a convidá-la para um encontro. Nós já havíamos saído para algumas lugares antes, mas acompanhadas com o pessoal do teatro, e mesmo com medo, decidi arriscar.
Depois de um ensaio da peça que estávamos preparando o baile de primavera, juntei toda minha coragem, e a convidei. Ela aceitou.E, aos 15 anos, tive meu primeiro encontro. Devo dizer que foi ótimo! Nós fomos para um jogo de vôlei, e tudo bem, você pode dizer que foi um péssimo lugar para um encontro e que deve ter sido horrível. Mas eu amo vôlei, e descobri que Suzy compartilhava da mesma paixão, foi o lugar perfeito e eu me senti mais confortável que nunca. E isso também foi uma recomendação da terapeuta.
Começamos a ficar, pelo menos era assim que os adolescentes chamavam na época as relações sem compromisso. Apesar de querer algo oficial, não queria estragar o que tínhamos no momento com coisas mais sérias e toda exposição que nosso namoro traria, e Suzy também achava isso, pelo visto, já que insistia em deixar tudo que acontecia entre a gente no sigilo. Ao menos era o que eu achava.
Tudo corria bem entre nós.
Até mesmo a apresentei para minhas mães quando vieram me visitar. Achei que ela pudesse me apresentar aos pais dela, mas ela insistiu que não, pois não tinha uma boa relação com eles. E não suspeitei que houvesse nada de estranho em meses me relacionando com ela.
Uma coisa sobre ter passado sua vida inteira vivendo em uma bolha social contida apenas por família e amigos escolhidos a dedo, é que quando você se abre para o mundo real, sempre vai acabar se machucando. Você não sabe distinguir quem é bom ou mal, quem quer seu bem ou não, porque simplesmente nunca precisou disso. Esse tipo de conjuntura é doloroso mas vital.
Bae Suzy era perfeita aos meus olhos. Contudo, aos de outro alguém também. Nunca achei que eu iria ser amante, longe de mim. Só havia testemunhado traições através de fofocas que outrora ouvia mamãe falar sobre ou por dramas de televisão. Viver uma situação como essa nunca se passou por minha imaginação. Até me esbarrar com uma loira na saída da minha escola. Eu conhecia ela, Roseanne Park, do ensino fundamental, irmã de Chaewon.
Ela não estudava ali, até porque eu nunca a tinha visto.
E naquele dia, eu esperava tudo menos que ela viesse falar comigo. E esperava menos ainda que viesse falar algo como: "Você é a amante da minha namorada."
E ela não falou aquilo com dúvida ou ironia, pelo seu tom de voz, Roseanne estava plenamente convicta daquilo.
Eu era amante da namorada dela. A namorada que eu pensava ser minha!Se eu disser que tive uma reação imediata, estarei mentindo. Eu nunca tinha sentido tantas emoções ao mesmo tempo, e eu não sabia quais dela expressar fisicamente primeiro. Eu podia explodir como uma bolha de sabão feita de sentimentos há qualquer momento.
Roseanne se pronunciou novamente antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Me disse que eu não precisava me preocupar e que sabia da minha inocência, só queria me notificar daquilo e desmascarar a farsa que Bae Suzy estava nos fazendo viver. Até me perguntou se eu queria ajudá-la a se vingar, mas isso claramente não é do meu feitio.Após o ocorrido, mandei mensagem para Suzy afirmando que já sabia de tudo, e a bloqueei depois disso. Confesso que sofri um pouco até me conformar que ela não merecia nenhuma lágrima minha.
Ainda tenho que vê-la nas aulas do clube de teatro, mas nada que me abale.Bae Suzy, espero que sua carreira como atriz nunca dê certo.
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Mulheres Grandes
RomanceMulheres. Para Jennie, as criaturas mais perfeitas deste mundo. E ela já havia se apaixonando por muitas, mas, claro, tinha suas favoritas.