A vida é feita de regras

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Não esperem uma história fofinha...muitas desgraças podem acontecer.

Espero que gostem desse primeiro capítulo!
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Como era a vida pra mim? Bom...uma grande chatice. Isso mesmo. Se eu pudesse ter um desejo para realizar, escolheria nascer em outra família. Muitas pessoas com certeza me chamariam de mimada e ingrata...Da onde já se viu, uma nobrezinha que tem tudo o que quer desejar nascer em outro lugar?

Muitos trocariam de lugar comigo de bom grado, e eu com certeza ficaria muito feliz por isso...Mas a chance de uma coisa dessas acontecer é praticamente impossível... Infelizmente.

Os gestos que faço para fechar meus livros e cadernos não transmitem a raiva e o ódio que sinto. Na verdade, nada que eu faço realmente expressa o que sinto. Minha vida se resume a seguir regras e mais regras, agindo praticamente como um robô. Tudo isso para deixar duas pessoas, que chamo de 'pai' e 'mãe', felizes.

Não entendo como podem existir pessoas que amam seus pais, ou admitiram eles. Talvez os outros pais não sejam tão carrascos como os meus, mas para mim, é difícil imaginar que pais amorosos ou coisas do tipo existem...

O despertador do relógio me tira de meus pensamentos ao avisar que já é hora do jantar. Saio do quarto e desço as escadas num movimento já programado sem nem perceber. Ao sentar à mesa de jantar, com as duas pessoas que chamo de 'pais' já em seus lugares, começo a comer após os mesmos, já que a regra é clara "Só comece a falar ou a comer depois de nós!"

O jantar seguiu em silêncio, somente com os barulhos de talheres e pratos, e cada movimento meu era delicado e 'nobre' como deveria ser. Passar a vida toda seguindo regras tinha seu pós, uma hora você se acostumava com elas e as seguia sem nem precisar pensar.

Assim que meus pais terminaram de comer e saíram da mesa, foi minha deixa para me retirar também. Sim... outra regra... Eu não posso sair antes deles, se não quiser ficar de castigo e sem comida na próxima refeição.

Quando retornei ao meu quarto, fui tomar um banho quente e me preparar para dormir. Enquanto colocava um pijama, sorri ao lembrar que amanhã era o dia em que tomaria chá da tarde com a minha única amiga, ao qual meus pais permitiam socializar e abrir uma brecha nos meus estudos para passar um tempo com ela.

Essas eram as únicas noites em que eu dormia mais feliz, já que no dia seguinte podia sair de casa e me encontrar com a Nami, outra jovem de família nobre. Meus pais gostavam dela e segundo eles, Nami era uma garota perfeita e agradável, um exemplo do que eu deveria ser. Mas na verdade aquela cretina era muito boa em encenação. A quantidade de histórias que ela já me contou de coisas que fez...Se meus pais e os dela descobrissem, morreriam de desgosto.

O fato é que eu admirava Nami por ela ser tão corajosa em descumprir regras sem ninguém saber. Algumas coisas que sei da vida, foi ela quem me contou. Como o efeito que o excesso de álcool causa nas pessoas, o que são baladas e casas noturnas, o que é beijar alguém e até como são bonitos os garotos da cidade baixa.

Eu estava tão empolgada para escutar as novas aventuras que Nami deve ter vivido durante essa última semana, que fui quase saltitando em direção a cama, mas um barulho vindo da janela me chamou a atenção e fui depressa até lá ver o que era, já que não era comum barulhos tarde da noite nas ruas da cidade alta.

Ao espiar pela janela, vi um grupo de pessoas conversando e rindo com garrafas nas mãos. Pelo jeitos que andava e roupas que vestiam só poderiam ser pessoas da cidade baixa... Com certeza algum policial apareceria por aqui para expulsa-los, já que a entrada deles era proibida por essas bandas.

Forbidden - Eustass Kid x LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora