O Reencontro

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(2023)

              Ele não queria ter feito aquilo, estava enlouquecendo. Ele não queria ter empurrado ele pro precipício da morte, não queria ter feito isso com a pessoa mais amava do mundo inteiro. Por que.....por que ele sucumbiu ao ódio? Por que......

             Leon acordou ofegante. Olhou para as mãos instintivamente, vendo que elas não estavam manchadas de sangue como via em seus sonhos. Passou a mão por seus cabelos ruivos e olhou o relógio.

Leon:Hora de ir pra escola.-disse indo pro banheiro, não conseguiria sonhar novamente mesmo.

              Leon era um estudante de uma escola mista. Hoje era seu primeiro dia de aula e ele estava bem animado pra isso....ou quase por causa de mais um dos seus pesadelos decorrentes. Depois dos 15 anos ele passou a ter esses pesadelos e todos, sem exceção, envolviam um barranco e havia som de água no fundo. Hoje, aos 17 anos, ele ainda não conseguia entender nem superar esses pesadelos. No meio desses pesadelos, ele sempre via alguém de costas, mas nunca conseguia alcançar essa pessoa o suficiente para ver seu rosto, só sabia que ela tinha cabelos pretos e a pele clara, apenas isso.
            Ele se arrumou colocando o uniforme ridículo dele e desceu as escadas com a bolsa no ombro vendo seu pai e seu padrasto na cozinha. Depois de muitos anos em luto, o pai de Leon tinha encontrado um novo amor e ele não conseguia está mais feliz pelo pai.

Leon:Bom dia, pai. Bom dia, pai.-cumprimentou ambos.
Luís:Bom dia, filho.-deixou o pão quentinho no prato do filho.
Rodrigo:Bom dia!-exclamou em um tom mais alegre.-Coma antes que esfrie.

              O garoto assim fez, se sentou na mesa e começou a tomar seu café junto com seus pais.

Rodrigo:Animado pro primeiro dia de aula?
Leon:Sim.-sorriu.-Ah, vou com o Larry e o Jimmy, tá pai?
Luís:Tudo bem.-sorriu.-Eu fico feliz que tenha amigos tão bons como esses dois.

              Jimmy e Larry eram namorados, Leon os conheceu quando tinha uns 14 anos e ficou bem chocado com a revelação, mas sempre apoiou o casal.

Rodrigo:Vcs querem carona pra ir a escola?
Leon:Nah, a gente vai a pé mesmo.
Luís:E os pesadelos?
Leon:Continuam os mesmos.
Rodrigo:Sabe, Leon. Quando um sonho se repete muito, pode significar um sinal.
Leon:Um sinal de quê?
Luís:É besteira, filho.-negou com a cabeça.-Seu padrasto tá falando besteira.
Rodrigo:Não é! Já conheci muita gente  que lembrou da vida passada através de sonhos.
Luís:Sonhos são só ilusões criadas por nossos cérebros, não tem nada a ver com vidas passadas ou outras realidades.
Rodrigo:Vc não pode afirmar isso.
Luís:A ciência afirma.
Rodrigo:A ciência não tem a resposta para coisas que estão além dela.

             E lá se iniciava mais uma discussão dos seus dois pais. Seu pai Luís não acreditava em nada que envolvesse espíritos, reencarnação, outras dimensões, enfim, tudo que a ciência não provou ser reais. Já sei pai Rodrigo afirmava que essas coisas podiam sim existir. Ele até se divertia um pouco com essas discussões.
         Leon terminou seu café e se despediu dos seus pais, que pararam discussão para dar tchau ao filho e depois voltaram a tomar café em sossego total. O ruivo encontrou seus amigos no meio do caminho e os três começaram a andar até a escola.

Jimmy:Olá, inferno!
Larry:Credo, Jimmy.-riu.
Jimmy:Pra mim isso é um inferno. Tem tudo de ruim e mais um pouco.
Leon:Vc é muito revoltado, Jimmy.
Jimmy:Sou realista. Ei, se vcs pegarem a Sônia como professora de matemática, vamos pular da ponte juntos?
Leon:Eu até pularia, mas preciso achar meu príncipe primeiro para morrermos juntos.
Jimmy:Vixi, vai morrer esperando então.
Larry:Não seja tão cruel assim, mozinho.
Jimmy:Eu estou sendo sincero, ele acha que é fácil assim achar o amor da vida dele? Que é só ele andar pelo corredor ele aparece?
Leon:Ah cala boca, Jimmy! Vc conheceu o Larry em um aplicativo de namoro.
Jimmy:E deu certo.-mostrou a lingua.
Leon:Quem mostra a língua é cobra.
Jimmy:E quem espera príncipe encantado é trouxa.

             Nesse exato momento, Leon acabou trombando com uma pessoa. Essa pessoa tinha acabado de virar o corredor, por isso eles acabaram se trombando. Eles caíram no chão com Leon por cima do rapaz.
            Leon não conseguiu não reparar nele. Tinha cabelos pretos como a noite presos em um rabo de cavalo meio pequeno, olhos castanhos claros como mel, pele pálida e lábios delicados, mas que se curvaram para baixo em um sinal de dor. Ele notou que o rapaz também estava o observando, viu um brilho nos olhos do garoto, um brilho familiar demais. Ele não sabe quanto tempo ficou ali por cima do rapaz, mas pareceu ser uma eternidade e, sinceramente, ele não se importaria de ficar assim mais um pouco.

Jimmy:Leon, vc atropelou o garoto!
Larry:Desculpa aí, colega.-puxou Leon para o mesmo sair de cima do rapaz.
Franz:Tá tudo bem.-se levantou, indo embora no mesmo instante.

            Leon ficou vendo o rapaz ir embora, sentindo um sentimento muito forte bater em seu peito. Ele sentia algo familiar naquele rapaz, algo de muitos anos atrás.

  Franz.-sua mente sussurrou.

Jimmy:Leon? OIIII! Terra chamando Leon.-estralou os dedos na frente do ruivo.
Leon:Eu....preciso conversar com ele de novo.
Jimmy:De novo? Vcs nem trocaram um "a".
Larry:Ihhh, apaixonou.
Jimmy:Quê?!
Leon:Eu acho que sim.
Jimmy:OI?!
Leon:Eu não sei, eu.....senti alguma coisa quando vi ele.-viu aquele corredor lotado de alunos.-Só não sei o que é, mas eu quero descobrir. Eu sinto algo muito familiar nele.
Larry:Será que vc o conhecia em vidas passadas? Um encontro de almas passadas?
Jimmy:Amor, menos. Essas coisas nao existem e vc sabe disso.
Leon:Vcs parecem meus pais discutindo sobre isso.
Larry:Depois que minha avó disse que era a reencarnação de uma soldada eu não dúvido de mais nada.
Jimmy:Vcs são uns idiotas.-revirou os olhos.-Eu vou pra minha aula que eu ganho mais.
Larry:Pode contar comigo pra te ajudar com sua "alma gêmea".-piscou um dos olhos, indo atrás do namorado.
Leon:Valeu, Larry!-gritou.

              Leon olhou pro armário onde o garoto estava, número 127. Ele lembrou do garoto, sentindo novamente aquele sentimento de familiaridade. Sabe, quando vc conhece uma pessoa de algum lugar mas não lembra onde, era isso que Leon estava sentindo. E tinha aquele nome que sua mente sussurrou, ou sua alma?

Franz.-ele lembrou.-Esse é o seu nome?

          Seja como for, Leon queria ver aquele garoto de novo. Queria mesmo vê-ló de novo.

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