Sonhos e Distância

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Cara, eu notei que eu não retrato bem as escolas brasileiras. Sempre acabo colocando que eles tem armários na escola (o que é o meu sonho) e eu sei que nas escolas públicas não tem isso, então resolvi mudar.

Só uma nota de esclarecimento
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(1944)

Franz agora tinha seus 11 anos e estava lendo sossegadamente um livro sobre um cientista maluco que criava um monstro com partes de cadáveres quando sua leitura foi interrompida por um certo alguém que apareceu de ponta cabeça pendurado no galho de cima da árvore o olhando com divertimento, com aqueles mesmos olhos verdes esmeraldas. Os olhos de bruxo.

Franz:Desce daí, seu maluco! Vai acabar caindo.
Leon:Se eu cair, vc me segura.-disse confiante.
Franz:Não, vou deixar vc rachar a cara nesse chão.-disse emburrado, voltando a sua leitura.
Leon:Que cruel, Franz!-virou um pouquinho a cabeça, para ler o título melhor.-Frankenstein?
Franz:Sim, exatamente o que vc vai virar quando cair dessa árvore.
Leon:Ah não enche!-esticou a mão para bagunçar os cabelos alheios.

Mas quando Leon soltou uma das mãos, perdeu a força para ficar naquela posição e estava prestes a ir para o chão se Franz não tivesse o pego no estilo princesa.

Franz:Eu falei que vc ia cair!
Leon:E eu falei que vc ia me salvar, meu príncipe encantado.-deu um beijo na bochecha do amigo.
Franz:Leon!-soltou o garoto no chão, vermelho de vergonha.-Por que vc fez isso, cara?!
Leon:Porque vc é meu príncipe encantado, Franz!-riu.-Vc tá vermelho!
Franz:Vc é um idiota! Eu vou te bater!
Leon:Vem me pegar então, lerdo!-começou a correr.

Franz o seguiu, correndo atrás de si enquanto o xingava. Era divertido, na verdade. Correr pelo bosque sem precisar se preocupar com os olhares de desprezo que recebiam dos outros. O bruxo e seu amigo. Era sempre assim que eram chamados. Muitos diziam que Franz havia sido enfeitiçado pelo garoto bruxo, algumas mulheres até aconselharam sua mãe a leva-lo a um padre para exorcizar o garoto. Franz não ligava. Enquanto tivesse a amizade de Leon, ele não se importaria com isso.
Mas, de repente, no meio daquela brincadeira, Franz começou a sentir uma falta de ar tremenda e sua voz saia estranha, como se estivesse embaixo d'água. Desespero. Foi isso que se apossou do seu corpo quando. Viu uma silhueta se aproximar de si e pode ver com clareza depois que se tratava de Leon, com mais de 16 anos, mas Leon.

Leon:Morra, Franz.

Leon.....

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(2023)

Franz acordou apavorado com uma falta de ar crescente. Era sempre assim. Sempre que sonhava com aquele garoto ruivo, começava com doces cenas para no fim tudo terminar com ele se afundando em um rio. Sentia o desespero o consumir. Por algum motivo, ele nunca conseguia mexer o seu corpo enquanto se afundava. Não conseguia alcançar a superfície. E sempre tinha aqueles olhos verdes o encarando em cima de um penhasco. Com ódio. Um olhar totalmente diferente nas cenas doces que se passavam.

Franz:Que horas são?-olhou o celular.-Tenho que me arrumar para a escola.-suspirou.

Ainda não havia se recuperado do susto, ainda sentia seu coração disparado, mas não dava pra ele ficar sentadinho lá esperando se controlar (ele era um estudante do ensino médio, afinal de contas). Por isso, ele se levantou da cama e começou a se arrumar para ir ao local-de-aprendizagem-com-hospício.
Após um banho merecido pela manhã, Franz desceu as escadas já com o uniforme vestido. Viu sua família já sentada a mesa tomando café da manhã.

Franz:Bom dia, família.-se aproximou da mesa.
Vanessa:Bom dia, filhote.-deu um beijo no topo da sua cabeça.
Marcelo:Bom dia, filhote.-deu um forte abraço no rapaz.
Tereza:Babuabmi.-mexeu os bracinhos na direção do irmão.
Franz:Bom dia, Te.-sorriu pra irmã.
Vanessa:Não pega ela no colo, depois vc sabe que ela vai ficar chorando quando ver vc indo pra escola e não vai querer te soltar.
Franz:Eu sei.-se sentou na cadeira.
Marcelo:Tem muita coisa hoje, filho?
Franz:Não, tô tranquilo. A cafeteria vai ficar de reforma por uma semana e não tenho atividades atrasadas.
Marcelo:Bem, achamos alguns objetos bem antigos em um rio.-viu o filho estremecer.-Calma, não vamos ir para nenhum lugar com água. Está no centro de pesquisa. Se quiser, pode vir comigo ver.
Franz:Tá.-assentiu.-Vou querer sim.

Já era conhecimento da família que Franz tinha pavor de de água. Bem, não igual ao personagem cascão da turma da Mônica, o Cascão. Era mais pra algo que ficasse mais restringido a um acúmulo de água, como:piscinas, lagos, rios, mar, até banheira Franz não usava, tomava banho apenas de chuveiro. Nunca souberam porque ele tinha esse medo, desde pequeno o garoto sentia um tremendo medo desses lugares, mas nunca o julgaram ou o forçaram a enfrentar esse medo. Mas, de certa forma, isso só ajudou a reforçar mais o apelido "gatinho".

Vanessa:Quer que eu te leve hoje, Franz?-questionou já terminando o café.
Franz:Não, tô de boa. Vc tem que deixar a Tereza na creche também e o pai tem aquela entrevista pra aquele programa lá, qual era mesmo o nome?
Marcelo:Coisas Do Passado.
Franz:Isso. Eu vou de bicicleta.
Vanessa:Tudo bem então.-pegou Tereza.-Eu já vou indo. Vou terminar de arrumar a Tete e estou indo.-andou até o marido.-Boa entrevista.
Marcelo:Obrigada, amor.-deu um selinho em sua esposa.

Franz sempre achou lindo a história de amor dos seus pais. Como um assalto pode trazer algo de bom? Bem, seus pais deviam ser um caso a excessão.

Franz:Tô indo também, pai.
Marcelo:Vai lá, filho. Tenha um bom dia na escola.
Franz:Valeu.

Franz voltou ao banheiro, escovou os dentes, depois voltou com a mochila nas costas. Foi até a garagem e pegou sua bicicleta para começar seu glorioso dia escolar.

[No meio do caminho].

Sabe aquele ditado "Havia uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho havia uma pedra." ? Então, no caso de Franz era uma senhora que havia lhe pedido ajuda para carregar umas compras. Como eles estavam seguindo o mesmo caminho, Franz não achou ruim em pegar as sacolas mais pesadas e colocar na sua cesta. Depois ele ainda ajudou a levar as comprar para dentro de casa, mas isso resultou que ele se atrasasse para a escola (bom, pelo menos ele ganhou uns biscoitos).

[Cortada No Tempo]

Franz chegou na escola já estacionando sua bicicleta na parte dos fundos onde Eustáquio indicou para ele deixar o veículo (uma garantia para ele não ser furtado). Ele entrou na escola já sentindo o cheiro de milhares de perfume diferentes, o que incomodava um pouco seu nariz e sabia logo que ele sentiria uma dor de cabeça futura. Olhou o relógio do celular, notando que o sinal já havia batido a 4 minutos, aquela gente toda não estuda não?! Para não ficar do lado de fora, Franz decidiu correr para chegar a tempo, porém acabou trombando com uma pessoa no corredor. Não só trombando, como derrubando o garoto no chão. A queda foi inevitável e dolorosa, mas o que chocou Franz foi o garoto com quem trombou.

É ele.-Franz pensou, sentindo um arrepio lhe percorrer.

O mesmo garoto que ele havia sonhado algumas vezes que sempre o via morrer afogado naquele penhasco. Era ele. Tudo que Franz conseguiu fazer foi se afastar, principalmente por causa do medo que sentiu por ver aqueles olhos verdes cravados em si, o analisando de perto. Claro, ele estava sendo muito idiota se deixando levar por um sonho, mas não deixava de ser algo assustador. A decisão que Franz tomou, no momento, foi que manteria distância daquele garoto. Distância!

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⏰ Última atualização: Nov 06, 2023 ⏰

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