Academia espacial - Um autista em Marte

Astronauta, eu?

Minhas malas estão paradas na frente da cama, já arrumadas. Fico deitado até a campainha tocar e escuto Ian e Vic vindo correndo para o meu quarto

— Eles chegaram

Vic me prende em um abraço forte quase me deixando sem ar

— Um abraço bem apertado

Quando consegui me soltar dei um abraço rápido em Ian e nos cumprimentamos com nosso "toque secreto"

— Vamos te ajudar com as malas

Os dois cientistas estão vestidos com uniformes com logos da NASA que me fazem ficar muito excitante. Abraço meus pais e me despeço dos meus irmãos novamente.
Entro dentro de um carro preto e seguimos viagem até o aeroporto de Guarulhos. Ao invés de irmos para o portão de entrada no aeroporto eles fazem um caminho diferente dos outros até uma outra parte do aeroporto, uma mais reservada

— Aqui guardam os aviões particulares que usamos, espero que se sinta acomodado durante a viagem

Ao mesmo tempo que me sinto incomodado por não estar indo para um embarque comum, fico aliviado em não ter que enfrentar o aeroporto por dentro.
O piloto nos recebe e aperta nossas mãos, nos deseja  uma boa viagem e volta para a cabine. Me acomodo em um assento e puxo minha pelúcia de conforto da bolsa e a abraço até a decolagem. A pressão do avião é um tanto quanto estranha, mas ao mesmo tempo é boa. Assim que começamos a voar, relaxo e tomo a metade de um dramin para conseguir dormir.
O cozinheiro do avião faz questão de vir perguntar o que eu como para preparar tudo durante toda a viagem. Uma aeromoça me trouxe uma manta para me cobrir, um travesseiro macio, e meias. Me sinto alguém importante com tantos aconchegos.

Gus se senta ao meu lado

— Então, está ansioso?

Afirmo com a cabeça

— Tenho certeza que irá gostar. Quando chegarmos lá vamos direto para o Kennedy Center na área reservada para a academia espacial. Você já tem um quarto escolhido, e espero que não se incomode em dividir o mesmo espaço para dormir

Faço uma careta e ele ri. Obviamente não gosto

— O pessoal é legal, assim, a maioria. Qualquer coisa que precisar pode me chamar, mesmo tendo sua pessoa de suporte lá

— Obrigado

Ele fica contente em me ouvir falar. A companhia de Gus não é ruim, ele me passa uma sensação de segurança então acabamos sentados um do lado do outro pelo resto da viagem.
Um ônibus está esperando por nós, com a logo da Nasa bem centralizada em seu meio. Não foi demorado até chegarmos ao Kennedy Center, lugar incrível, me controlo ao máximo para não fazer movimentos exagerados perto de Gus que está sentado ao meu lado no ônibus também.
O ônibus pára na frente de um grande prédio, saem alguns homens de dentro com a minhas malas as levando para dentro do lugar

— Vou te acompanhar até seu quarto, está bem?

Concordo e andamos lado a lado. O ambiente dentro do prédio é fantástico, com pequenas réplicas de foguetes, quadros de astronautas importantes, e uma grande estante com diversos troféus ganhos pelos alunos que já passaram pela academia.
Subo dois andares de escada até um corredor com quatro portas azuis escuras, uma me chama a atenção com avisos de "Não perturbe", adesivos de alienígenas e planetas. Gus se aproxima dessa porta batendo nela três vezes. Um garoto de cabelo castanho claro, sardas, usando uma regata branca e uma bermuda com estampa de alienígenas abre a porta com cara de exausto

— Gus

Os dois são bem altos, mas Gus consegue ser mais, o fazendo olhar para cima

— O colega de quarto de vocês chegaram