Capítulo 3

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Eliziane

Eu não sabia de onde tinha conseguido toda aquela coragem, ou sequer se eu havia mesmo tido toda àquela coragem. Uma parte de mim rezava para que tivesse sido apenas um sonho, um sonho doido. E já uma outra parte de mim garantia que eu tinha mesmo feito aquilo. Posso apenas fingir que nada aconteceu, ou que não me lembro... Foda-se vou meter o 'migué do esquecimento por efeito do álcool e me fingir de sonsa mesmo, ela nem vai perceber. Não importa se Leila vai acreditar ou não no que irei falar, se ela acreditar bom, mas se não acreditar pelo menos não irá ficar caçoando do quanto eu consigo ser gay por ela. Mas que tipo de palavreados chulos são esses Eliziane? Perdeu sua compostura?. Por um momento me deixei levar por esses pensamentos e também pelas minhas próprias respostas. Até que decidi me levantar, tomar meu banho para então ir para o senado e ter mais um dia cheio de brigas e mais brigas. Para ser sincera eu me cansava fácil do meu trabalho, mas adorava a trajetória que eu estava formando para mim e minha vida. Porém era difícil ter de lidar com todas aquelas pessoas, tudo que rodeava essa vida que eu formei para mim era cansativo, exaustivo, e principalmente difícil. Pessoas tem ideais e ideias diferentes, e com isso vem intrigas e desentendimentos constantes, inclusive pois o Brasil era para ser um país laico, o que na realidade passa bem longe de ser realmente isso. A maioria dos poderosos que estão por cima nessa cadeia alimentar usam o nome de um "deus" o qual faz parte de uma mitologia por ser reconhecido e adorado, idolatrado na verdade, pela maioria do povo. Então sim, podemos dizer que o "país laico" apenas está no papel, já que a maior parte das brigas no senado se dá por esses falsos valores criados a partir de uma subordinação e criação de trechos destorcidos de uma religião, ou mitologia, como qualquer outra. Conviver com o ser humano é complicado, isso é algo óbvio, principalmente quando os seres humanos seguem a uma doutrina de pensamentos ilógicos e irreais para a nossa atual sociedade tão cegamente.

Arrg... Agora entendo a dor de cabeça que a Leila teve ontem no senado! — exclamei para mim mesma enquanto massageava minhas têmporas — E por falar em senado... É melhor eu ir indo porquê dessa vez não terei carona da loira. — levantei rápido e me dirigi até o elevador para descer e ir ao senado.

Ao chegar no saguão me deparei com Leila, ela vestia um terno feminino rosa, linda, ela estava linda. Vê-la vindo em minha direção fez meu coração disparar. Coração idiota, somente quer quem eu não posso ter. Leila parou em minha frente e sorriu me oferecendo carona até o Senado. Pelo jeito ela iria fingir que nada havia de acontecido ontem, então eu também o faria. Aceitei a carona e fomos juntas ao estacionamento, em um completo silêncio. Não um silêncio bom ou confortável, estava mais para um silêncio desconfortável e ensurdecedor, ao menos para mim estava assim. Adentramos o carro e assim que eu coloquei o sinto de segurança a vi suspirar com as mãos no volante e virar-se para mim.

— Ontem a noite... Eu deixo para lá, ou eu penso? — me perguntou entre linhas, para que eu pudesse entender como bem quisesse.

— Pense... — respondi simples e curto, não iria prolongar uma resposta que não necessitava ser prolongada.

—Pensarei. — ela respondeu, e logo em seguida deu partida rumo ao senado.

O resto do caminho foi em um completo silêncio, novamente um silêncio desconfortável porém dessa vez sem a mesma tensão de antes. Se Leila estava disposta a pensar, eu estava disposta a esperar. Era uma matemática simples, mas eu teria que levar em consideração e pesar na balança que Leila tinha um filho e um marido o que deixava as coisas mais complicadas. Já eu tinha um relacionamento meio conturbado, já que meu namorado aproveitava-se de minhas viagens a trabalho para me trair com qualquer mulher que ele visse pela frente, muitas vezes já pensei em terminar, mas o sentimento do gostar ainda permanecia dentro de mim. Poderia ser só um apego, já que quando estava longe dele me sentia bem, mas quando estava perto gostava de ficar com ele. Mas eu estava cansada desse sentimento promiscuo que me fazia sentir sufocada. Já que por ele mesmo já nem se interessava assim em mim, ou em passar tempo comigo, fazendo coisas juntas ou não. Fingir na internet era fácil, já que ninguém que via pela tela de um celular convivia conosco nos conflitos existentes.

Não me lembro quando exatamente me peguei estando interessada em Leila, mas eu poderia presumir que já se tem um bom tempo que estou nessa. Inicialmente eu não demonstrava nada, nem falava qualquer coisa relacionada a isto, mas de um tempo para cá, trabalhar com ela, vê-la dia após dia, tem tornado esse sentimento difícil de ser controlado. Não conseguir mais domar meus instintos me deixava nervosa, irritada, comigo mesma. Mas eu não posso negar que estou adorando estar causando nela essa dualidade de sentimentos, era intrigante, ou melhor excitante, ver Leila confusa no que fazer ou então falar. Na noite do vinho eu queria tanto experimentar seus lábios, mas me contive, ainda é cedo para isso, além de que tenho que dar espaço para ela não se sentir pressionada a tomar uma decisão por conta de uma ansiedade vinda de minha pessoa. Calma e paciência era o que eu mais tinha, e iria disponibilizar o tempo que Leila precisasse para se entender e entender o que quero que futuramente ocorra entre nós duas. Ser apaixonada pela sua colega de trabalho, assumida hétero, casada e com um filho não era um trabalho fácil. Mas é aquilo né, eu gosto de desafios particularmente impossíveis, que exijam de mim todo o meu máximo do que posso oferecer a pessoa. No fim, o que é fácil torna-se sem graça, e o que é difícil torna tudo mais interessante e excitante.

Chegamos no senado novamente, ainda era cedo, então por isso eu estava sem pressa. Como não costumava alimentar-me de manhã, estava bem. Mas se Leila fosse sair agora do carro, eu também iria, afinal eu havia vindo de carona, não iria ser abusada a esse nível. Mas então Leila virou-se para mim parecendo inquieta.

— O que eu fizer, você promete guardar segredo? — me perguntou, porém eu não havia compreendido.

— Como? — perguntei querendo obter uma resposta sobre o que ela queria, e então o improvável aconteceu...

Leila Barros me beijou...

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Opaaa meu povo, tudo bom?? Cheguei com uma att dessa fic, perdão pela demora... Eu passei por um breve problema e acabei perdendo o capítulo que já havia sido feito e tive que reconstruir-lo do 0... Eu demorei porém voltei rsrs. Até o próximo capítulo!!

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⏰ Última atualização: Oct 31, 2023 ⏰

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