Capítulo 6

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10 de setembro

Calor.

Calor e luz suave filtrada, e o constante bater de um coração sob seu ouvido. Essas foram as primeiras coisas que Hermione notou ao sair de um sono profundo e agitado. As lembranças voltaram à tona em pequenos traços - tremendo no sofá de Draco, lutando para ficar consciente. Draco carregando-a escada acima como se ela não pesasse mais do que um tronquilho. Theo a ajudando a tirar o vestido, Draco a pegando nos braços debaixo das cobertas. Theo aparecendo várias vezes durante a noite para ver como ela estava, sempre conversando em voz baixa e apressada com Draco sobre sua cabeça.

Theo se aproximando do lado dela da cama na hora mais escura da noite para avisar que ela estava fora de perigo.

Hermione se lembrou de acenar com a cabeça e se encolher nos braços de Draco, deixando o calor dele penetrar em seus ossos e acalmá-la de volta ao sono. Ela não foi totalmente honesta quando ele perguntou por que não Theo, embora a praticidade de precisar que Theo fosse quem a monitorasse fizesse parte disso.

Mas a verdade é que, apesar de todo o seu riso fácil e modos geniais, Theo era um estranho. Ela mal o conhecia em Hogwarts, e só o conheceu naquela noite. Draco, apesar de todos os seus defeitos, era alguém que ela conhecia. Ela conhecia a carranca que ele fazia quando o chá esfriava e conhecia o formato do corpo dele no colchão compartilhado. Ela conhecia o cheiro dele, algo de pinho e forte, e conhecia o som de sua respiração enquanto ele dormia.

Havia um conforto no fato de ela não saber como explicar.

Hermione abriu os olhos lentamente, observando o peito nu de Draco subir e descer com respirações profundas e uniformes. Ela nunca o tinha visto sem camisa, percebeu. Ele sempre estava vestido quando ela chegava para dividir a cama com ele e, embora ela tivesse relativa certeza de que, por baixo do pijama de seda preta, havia um corpo talhado como granito, suspeitar disso e saber disso sem sombra de dúvida eram duas coisas muito diferentes.

Uma cicatriz fina e brilhante serpenteava por sua pele, pouco mais larga que o dedo mindinho dela. Começava no quadril direito e terminava logo abaixo da clavícula. Ela passou a ponta do dedo ao longo do caminho, o tecido cicatricial liso e brilhante.

— Isso é do Potter— Draco confirmou. Sua voz ressoou em seu peito e ele parecia rouco, mas não se afastou dela.

Talvez ele não pudesse, com a perna dela imprensada entre as dele e o ombro preso sob o pescoço dela. Os pelos da perna eram ásperos contra a pele fina da coxa dela, mas o torso era liso, exceto por uma trilha loira escura que começava logo abaixo do umbigo. A mão esquerda dele se ergueu e deslizou pelas costas dela e ela fechou os olhos com a sensação, tão inesperadamente gentil.

— Você não poderia tomar uma poção para crescimento da pele? — Hermione perguntou, sem levantar a cabeça do peitoral dele. Ela estava muito confortável do jeito que estava e cansada demais para pensar no que tudo aquilo significava.

Ela quase morreu na noite anterior. Ela podia desfrutar da sensação do corpo do marido contra o dela, mesmo que o casamento não fosse realmente real.

— Algumas maldições deixam cicatrizes que não respondem a ela. Potter parece ter tropeçado em uma.

Ela ficou quieta, procurando as palavras.

— Tenho certeza que ele se arrependeria. Se ele soubesse.

— Tenho certeza que sim — Draco disse inexpressivamente. Ele pegou seus dedos e virou seu braço, revelando os cortes desbotados que sua tia havia deixado em sua pele. Hermione tomou as poções de crescimento religiosamente durante meses após a guerra, mas a palavra feia ainda era legível se você soubesse o que dizia.

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