Parte 3 - Convite ao Banquete da Morte

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Uma noite como qualquer outra, mas era como se aquela mulher pudesse pressentir que o festim sangrento seria servido em breve. Sentada no parapeito do edifício mais alto de sua divisão, a capitã contemplava a escuridão do céu. Seus cabelos fundiam-se ao breu, os pelos da nuca eriçavam-se em excitação pela batalha iminente. Apesar de tudo, chegou a sentir um aperto no peito quando percebeu a presença atrás de si. Como era possível que alguém fosse capaz de possuir tamanha energia espiritual? O pior era saber que ele ainda esforçava-se para suprimir tamanha pujança. 

Unohana respeitava-o, temia-o, mas talvez não o suficiente, pois seu maior medo era viver sem conhecer alguém pelo qual valesse a pena morrer, alguém que lhe desse o prazer de uma luta tão terrível quanto ela poderia ser. Até que esse dia chegasse, ela não poderia perder. Portanto, enquanto isso, a espadachim divertia-se com as matanças que lhe eram ofertadas.

— A que devo a honra? — perguntou ela com um leve sorriso. O silêncio do velho mostrou que ele não estava com o melhor dos humores, mas Unohana continuou no mesmo tom. — Se tem uma mensagem para mim, por que não enviou um mensageiro comunicar-me via kidou? Sinto-me constrangida em fazer com que o senhor tenha que se deslocar até aqui...

— Poupe-me dos joguetes — ele a interrompeu, rude. — Não é das suas palavras que preciso. Prove que sua espada é tão afiada quanto sua língua. Venha comigo, o jogo da violência vai começar — virou-se de costas, como se já tivesse dito tudo o que queria dizer.

— Preciso mesmo provar o quão afiada a minha lâmina é? — ela disse, o sorriso deu lugar a um cenho fechado. — Pensei que Kenpachi significasse alguma coisa.

— Sei que não é de títulos que você gosta. Venha para o palco da morte, não temos tempo a perder.

Subitamente, a mulher começou a rir.

— O que é tão engraçado? — ele perguntou, o olhar genuinamente intrigado.

— Você está um tanto quanto poético hoje. Além disso, gosta de me tratar como se eu fosse uma besta sedenta por sangue, e isso também é engraçado — tentou controlar as risadas.

— Estou errado?

— Não. Na verdade, adoro que me trate assim. Não falo da violência por si só, mas apenas aqueles que conhecem a febre da batalha podem realmente ser chamados de guerreiros. Quem nunca experimentou tamanho prazer não pode julgar-me de nada.

— Acredite, Unohana — a pressão espiritual do general era como um gigante invisível, pronto para esmagar o mundo com as mãos. — Eu, mais do que ninguém, compreendo suas palavras. Agora, fim da conversa, é hora de libertar esse desejo vermelho que há em você. Não precisa me agradecer.

— Você vai ser um velhote muito bronco um dia, sabia?

Aquela frase podia ser considerada um ultraje, passível de punição com a vida. Mas o comandante respeitava-a, não tomava ofensa de uma guerreira honesta.

— E você será um trunfo guardado em si mesmo. Agora, não me faça repetir, venha comigo, sacie sua sede.


Bleach - Mar de ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora