I – O Discípulo
Harry estava cansado de tudo. Das pessoas na rua o olhando com admiração infinita como se a qualquer momento ele pudesse levantar a varinha e derrotar mais uma horda de bruxos das trevas para os proteger. Ele estava cansado de ter que lidar com as expectativas das pessoas sobre como ele deveria agir sendo o salvador do mundo bruxo. Ele não suportava mais lidar com seus próprios amigos e suas sutis sugestões do que seria melhor para ele. Não, Harry não achava que deveria ser um auror como eles faziam questão de pontuar a cada oportunidade que tinham. Na verdade, se dependesse dele nunca mais levantaria a sua varinha para um duelo, preferia viver o que restou de sua vida da forma mais pacata possível.
Era fato que um dia quando mais novo ele sonhara sim em ser um auror, mas isso foi antes da guerra. Foi antes de ver todas aquelas pessoas morrendo e depois de ter que lidar com os que ficaram, ver o olhar de cada um daqueles que perderam seus entes queridos e pensar que tudo aquilo era sua culpa. Culpa de Harry. Ele sabia que era um sentimento idiota e uma culpa meio narcisista, pensar que Voldemort matou centenas por causa de um simples garoto. Mas as neuroses não precisam fazer sentido para existirem e fazerem as pessoas se autodestruirem, e Harry nunca foi sequer apresentado à terapia. Então ele continuava em sua autodepreciação diária ao mesmo tempo em que tinha que lidar com o futuro feliz que estava destinado a ser dele.
Ele sentia isso, quando as pessoas começavam a discutir sobre como as coisas estavam no Departamento de Execução das Leis Mágicas perto dele e o olhavam com um olhar que dizia "Não se preocupe Sr. Potter, irei te manter informado". Ou mesmo quando ele ia jantar na casa dos Weasleys e as pessoas ainda agiam como se ele e Gina ainda estivessem juntos e fosse uma questão de tempo até tudo voltar ao normal. Eles não entendiam que nada voltaria a ser como antes, ele nunca seria um auror e ele nunca se casaria com ela, porque toda vez que olhava para aqueles olhos castanhos, aquele cabelo ruivo e o rosto malicioso dela, ele lembrava de Fred e do porquê daquela cadeira vazia na sala de jantar dos Weasley, do porquê os olhos de Jorge nunca mais brilharam com a malícia característica dele, do porquê Fred Weasley não estava lá naquele jantar com eles. Não, Harry não teria essa vida.
Então ele fugiu.
Em uma noite qualquer depois de se despedir da família Weasley após outro jantar feliz, ele se despediu de todos dizendo que iria voltar para o Grimmauld Place nº 12, e foi. Não para a casa que herdou de seu padrinho, mas caminhou por toda Londres trouxa sem destino até parar em um bar qualquer. Ele não tinha dinheiro, mas um homem se ofereceu para pagar pra ele e Harry aceitou de bom grado o favor do trouxa.
— Dia difícil? — O estranho perguntou a Harry enquanto tomava um gole de seu próprio drink.
— Ano difícil — Harry respondeu com um sorriso forçado. — Obrigado pela bebida. — O barman tinha acabado de oferecer a ele que engoliu a bebida sem pensar duas vezes em um gole. Era muito amargo e Harry nunca tinha tomado nada parecido, ela desceu rasgando em sua garganta e ele sentiu todo seu corpo se arrepiar em reflexo. E então apenas o calor agradável em seu corpo. Ele queria mais.
— Uou, amigão. — O homem riu de sua reação. — Vai mais devagar.... Quer outro?
Harry assentiu e com um simples aceno do estranho ele tinha outra bebida em sua frente. A sensação da bebida em seu corpo era estranhamente reconfortante e ele tomou outro shot, e depois outro e outro. Até que em algum ponto daquela noite ele não se lembrava mais quem era ou o que estava fazendo ali, tudo que sabia era o quão agradável era a sensação daqueles corpos se movendo junto ao seu na pista de dança daquele bar e quando aquele homem o levou para uma cabine de um banheiro e o fodeu em pé até que Harry não sentisse mais suas pernas, ele não fez outra coisa a não ser pedir por mais e mais. Quando acordou no dia seguinte, Harry estava sentado em uma praça. Não fazia ideia de como tinha parado ali, pois não se lembrava de nada depois do que aconteceu no banheiro. Se fosse sincero consigo mesmo, Harry não se lembrava nem do nome do homem ou sequer detalhes de como ele se parecia, mas ele não se importava realmente. Além do fato de que se descobriu atraído por homens, não tinha nada de diferente nele que valesse alguma nota. Apesar de tudo, foi uma experiência única e divertida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Repente Me Tornei Um Deus • Tomarry
Fanfiction[Concluído] Na crença de Tom e seu povo, a Deusa Lilith é o símbolo da vida e da fertilidade, além de irmã-gêmea de Thanatos, o Senhor da Morte. No entanto, enquanto Thanatos não reencarnava em um corpo mortal havia centenas de anos, Lilith vivia en...