Meu vizinho do lado

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                                     A Rosa e o Espinho

Molly:

Toronto é com certeza uma das melhores cidades para se viver no mundo inteiro.
E para completar, ainda escolhi o bairro perfeito para morar. E foi exatamente nesse lugar perfeito que a minha vida rotineira e sem graça deu um giro de 180 graus.

Meu nome é Molly Stuart, tenho vinte e um anos e me mudei do Texas—EUA para Toronto—Canadá há três anos para cursar minha tão sonhada faculdade de Direito.
Quando deixei o Texas rumo a Toronto, já havia acertado a moradia com um corretor de imóveis canadense que era amigo dos meus pais. E foi quando ele me apresentou a North Riverdale, meu novo bairro pelos próximos cinco anos.
Tudo era perfeito. O bairro era tranquilo, a casa era linda e aconchegante e os vizinhos do lado...
Bem, como eu posso dizer?
Eles eram a melhor vista de todo North Riverdale.
Eram três amigos que dividiam a mesma casa.
Não! Três deuses gregos que desceram do Olimpo para contaminar a mente de garotas inocentes e puras como eu de pensamentos impróprios e pecaminosos.
Mas, além de toda a beleza exorbitante daqueles deuses, eles ainda eram humanos no fim das contas e como todos os outros humanos, eles tinham seus próprios defeitos.
Ian O'Connor, neto de irlandeses, apesar do corpo sarado e o rosto que parecia esculpido por anjos, ele era extremamente quieto e tímido.
James Carter, alto, forte e lindo demais para ser verdade, e tinha namorada, e ela se chamava Karen, e era tão linda quanto ele.
Eric Ross, era de longe e de perto também o mais bonito entre todos eles, tudo nele personificava a beleza, e além de lindo ele era sexy, rico e talentoso, mas não se engane, ele não era perfeito, entre os três amigos ele era o que mais tinha defeitos. Eric Ross era frio, egocêntrico, arrogante e acima de qualquer um dos defeitos anteriores, ele era 100% cafageste, era insuportável até olhar para ele, quando ele estava olhando, lógico, porque apesar de todos os seus grandes defeitos ele ainda era um psicopata lindo, mesmo tendo sempre um "saia do meu caminho" estampado no rosto.

Quando me mudei para meu novo lar e me deparei com a vista do lado esquerdo, pensei "cheguei ao monte Olimpo", e desde então, tem sido três anos com essa vista maravilhosa.
Não pensem que sou uma stalker, ou voyeur, muito menos uma louca que observa homens, eu não sou nada disso. Eu só, por acaso, "acidentalmente", via sem querer, e me dei ao prazer de observar a bela vista.
Na verdade, eu sou muito recatada, se é que ainda usam essas palavras, mas, sou o que consideram de garota pura e inocente.
Aos vinte e um anos, zero namorados, e zero experiência com o sexo oposto, eu dizia para mim mesma que não havia maldade alguma em observar a beleza das pessoas. Lógico que eu não os observava de roupas íntimas, isso era no mínimo imoral, era apenas a beleza deles, e como eu sabia que eles possuíam belos corpos?
Bem, eu não tinha culpa se eles andavam pelo bairro exibindo seus músculos e barrigas saradas, e também não era culpada deles sempre lavarem seus carros e moto do lado de fora de casa, sem camisa.
Qualquer mulher, hetera ou gay, olharia, já que eles pareciam esculpidos por anjos.
Era como a minha melhor amiga, Diana Sinclair, sempre dizia, "se eles exibem, por que não olhar?"
Falando assim, até parece que sou uma pervertida. Mas eu também não sou nada disso.
Entre os três deuses da casa vizinha, o meu favorito era James Carter, ele era sensível, gentil e simpático com todos, além de ter um sorriso lindo.
Ele era definitivamente o cara perfeito, aquele que qualquer garota se sentiria honrada em namorar.
Mas, como eu disse anteriormente, ele tinha namorada.
Sobre ela, Karen Smith, 23 anos, estudante de arte, em seu último ano, ela era linda e talentosa, e se dava bem com os amigos dele também, algum lance sobre amigos de infância, mas enfim, qualquer cara seria louco de terminar com uma garota daquela, o que o tornava um cara impossívelpara qualquer uma a sua volta. Inclusive eu, que nem tinha pretensão em conquistá-lo.
Eu apenas o admirava de longe, dos bastidores, e sonhava como uma tola romântica.
Ao contrário de James Carter, Eric Ross era o tipo que não namorava sério com ninguém, e não se importava de destruir o coração de uma garota terminando, após se cansar dela.
Fora meus vizinhos lindos e irresistíveis, minha vida pacata e simples não tinha mais nada de interessante.
Pela manhã eu ia para o meu curso de direito na famosa e incrível universidade de Toronto. Após a aula, trabalho de meio período no L'amour café ", uma cafeteria simples e aconchegante no centro da cidade.
E lá estava eu, para mais um dia de trabalho.
—Aqui está seu expresso!—falei ao entregar o copo a cliente—Desfrute!
Ela apenas sorriu ao recebê-lo e deixou o local.
—Você não parece feliz hoje!—Diana observou—O quê foi? Tirou uma nota ruim?
—Não!—neguei—Só não estou muito animada hoje!
—Os gostosões da casa do lado foram viajar?—ela questionou—Ou eles trancaram as janelas porque perceberam você babando da janela?
—Diana!—reclamei envergonhada—Eu não faço isso, só vejo eles por acaso!
—Sei!—ela sorriu.
"Trimm"
O sino da porta sôou, um cliente havia entrado no café.
—Bem vindo ao L'amour Café, posso anotar seu pedido?—perguntei sorrindo.
—Um macchiato de caramelo, para a viagem!—aquela voz masculina não me era estranha.
Ergui a cabeça e olhei para o cliente.
E lá estava ele, cara fechada, cenho franzido e aquela tão conhecida expressão de "Eu não dou a mínima para você ou a sua opinião".
Eric Ross, e toda sua imponente presença.
—Ok, certo!—abaixei os olhos e anotei o pedido no computador—Aguarde alguns minutos, por favor!
Ele não disse nada, apenas se sentou em uma das mesas e aguardou silenciosamente até que eu lhe entregasse seu pedido.
—Ele é tão gostoso!—Diana comentou ao vê-lo deixar o café.
—Diana, tome jeito!—falei.
—Você precisava ter visto sua expressão!—ela provocou—Parecia a expressão de um ladrão sendo pego em flagrante!
—Você é maluca!—falei.

Já eram quase seis da tarde e nada do meu ônibus chegar.
Eu odiava ficar sozinha na rua a noite.
E para completar, o céu estava carregado de nuvens escuras, com certeza iria chover.
Olhei novamente para o relógio, os ponteiros marcavam 05:40 da tarde.
Que raios havia acontecido para o ônibus que nunca se atrasava, se atrasar desta vez?
Os carros passavam rapidamente, todos com pressa de ir para casa.
Chamar um táxi era muito caro, para eu me dar a esse luxo. Mas a impaciência já começava a tomar conta de mim.
O que eu ia fazer?
Absorta em meus pensamentos, tomei um susto tremendo quando um carro preto parou ao meu lado.
E essa agora?
O vidro desceu e ele sorriu para mim.
—Garota da casa do lado, quer uma carona?—ele ofereceu.
Novamente ele. Eric Ross.
Primeiro na cafeteria, agora no ponto de ônibus.
Por quê eu estava esbarrando nele?
—Ouviu o que perguntei?—ele questionou.
—O quê?—perguntei confusa.
—Quer uma carona?—ele perguntou.
—Não, obrigada!—neguei—O ônibus já vai chegar!
—Essa não é basicamente a hora em que você está chegando em casa?—ele perguntou.
Como ele sabia o horário em que eu chegava em casa?
—Vai ou não?—ele perguntou novamente—Não posso esperar para sempre!
—Não, obrigada!—neguei.
—Sério? Por quê parece que vai chover!—ele disse olhando o céu pela janela.
—Não vai não!—contestei—São só algumas nuvens...—antes que eu concluísse a negação, pingos de chuva grossos começaram a cair do céu—Escuras!
Ele sorriu da minha cara.
—Esquece, entra logo!—ele disse.
Hesitei por alguns segundos e então abri a porta e entrei.
—Obrigada!—falei pondo o cinto de segurança.
Ele não disse nada, apenas deu partida no carro.
—Então, garota da casa do lado, posso chamar você de Molly, ou você prefere ser chamada de senhorita Stuart?—ele perguntou sem tirar os olhos da direção.
—Sabe meu nome?—perguntei surpresa.
—Você é minha vizinha, então, o mínimo que eu deveria saber era seu nome!—ele afirmou—Molly!
—Achei que não se importava em saber sobre as pessoas a sua volta!—deduzi.
—E não me importo!—ele afirmou olhando para mim.
—Então...
—Não me importar é uma coisa!—ele falou voltando a olhar para a direção—Não saber é outra bem diferente!
O que ele disse fazia sentido.
—Por exemplo, nossa vizinha da frente, a advogada brilhante e séria, ninguém imagina que ela tem um caso com o vizinho do lado, o marido fiél e pai amado!—ele contou.
Eu não sabia disso.
—E o morador do 305, que tem fama de conquistador e homem fatal!—ele falou—Mas ele na verdade é gay!
—Como sabe de tudo isso?—questionei.
—Eu sei de muita coisa!—ele falou parando o carro—Como por exemplo, você!
—Eu?—perguntei confusa.
—Sei que aproveita bem a vista das nossas janelas!—ele falou e eu congelei— E também, que tem um quedinha pelo meu amigo, James!
Eu estava petrificada. As palavras estavam presas em minha boca.
Como ele sabia de tudo isso.
—Pela lei, espionar os outros é considerado crime, e você não quer ser presa, certo?—ele perguntou.
Ascenei com a cabeça em negativa.
—Então, eu vou ser gentil e guardar seu segredo!—ele falou olhando para mim—Contanto que namore comigo!
—Que?—perguntei em choque.
O que havia de errado com aquele dia.

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