Meu Adorável Vizinho

Ele é maluco

                                     A Rosa e o Espinho

Molly:

—Então, eu vou ser gentil e guardar seu segredo!—ele falou olhando para mim—Contanto que namore comigo!
—Que?—perguntei em choque.
O que havia de errado com aquele dia.
Ele não disse o que eu pensei que ele disse, não é?
Ele era completamente maluco.
—Devo considerar seu silêncio um sim?— ele questionou.
—O quê?—perguntei ainda em choque—Não, claro que não!
—É uma pena, terá que ser presa tão jovem!—ele estava mesmo fazendo aquilo, estava me chantageando.
—Vai mesmo me entregar?—questionei incrédula.
—Sim, é o certo a se fazer!—ele respondeu—Bem, você já pode descer!— apontou para a porta do carro.
—Espera...—respirei fundo—Eu aceito!
Vi o canto de seus lábios se curvarem em um sorriso demoníaco.
Psicopata louco.
—Certo!—ele se aproximou de mim—Minha namorada!
—Ei!—o afastei com as mãos—O quê está fazendo? Não deixei você tocar em mim!
—Eu não ia tocar em você!—ele sorriu tirando uma folha dos meus cabelos e segurou frente aos meus olhos.
Sorri embaraçada.
—Não se preocupe, você não faz o meu tipo!—ele disse seco.
—Então...—O olhei por alguns segundos—Por quê quer que eu seja sua namorada?
—É simples, preciso de uma namorada por três meses!—ele disse—Uma que seja totalmente o oposto das mulheres com quem eu saio, e você teve a sorte de ser escolhida!
—Chama isso de sorte?—questionei.
—É, agora vai dormir!—ele pediu abrindo a porta do carro—Até amanhã!
—Você é maluco!—resmunguei descendo do carro.
Ele ascenou para mim e sorriu enquanto estacionava o carro do lado de sua casa.
Entrei em casa e fui direto para o banho.
Então o que aquele lunático queria na verdade era uma namorada falsa.
Mas por que?
Se tinham tantas mulheres atrás dele. Por quê uma namorada falsa?
—Esqueça isso!—falei enquanto me jogava sob o colchão—Vamos dormir!

Finalmente era sábado.
Sem trabalho. Sem faculdade.
Eu poderia dormir metade do dia para repor o sono que perdi estudando até tarde da noite.
Ou, era o que eu pensava.
Mal me levantei para fazer o café da manhã e a campanha tocou.
Eu nunca recebia visitas no sábado pela manhã, então, quem seria tão cedo?
Me levantei da mesa e fui atender a porta.
—Bom dia!—ele me cumprimentou com um sorriso.
—O quê está fazendo aqui?—questionei confusa ao ver Eric Ross a minha porta.
—Vim ver a minha namorada!—ele disse entrando pela porta e se sentando no sofá—Temos assuntos a tratar!
—Que seria?—perguntei fechando a porta.
—Que seria apresentar você a minha família e amigos!—ele respondeu.
—Espera, o que?—perguntei ainda mais confusa.
—Você concordou em ser minha namorada, certo?—ele perguntou—Devo apresentar você a minha família e aos meus amigos!
—Mas, você é tipo um Dom Juan do século 21, por que me apresentar ao círculo social?—questionei.
—Porque é por isso que preciso que seja minha namorada!—ele contou.
—Que eu finja ser!—corrigi.
—Bem, isso não vem ao caso!—ele falou—Primeiro, vou te apresentar ao Ian e, ao seu amado James!
—Ok, tudo bem que eu aceitei essa história maluca!—o interronpi—Mas, eu deveria ao menos saber por que o cara mais popular do bairro cismou que eu finja ser sua namorada de mentirinha!
—Bem, você tem razão sobre isso!—ele apontou para a poltrona—Senta aí!
O olhei por alguns segundos.
Ele parecia confortável demais em uma casa na qual ele nunca havia entrado.
Me sentei e o encarei, esperando por respostas.
—Meu irmão mais velho, responsável e perfeitinho retornou de Londres há dois dias!—ele contou—Somos rivais desde que eu era um moleque, e ele sempre me tratou como se eu fosse um caso perdido. Sem um trabalho estável, sem planos para o futuro e sem namoros sérios.
—E...
—E, eu consegui um trabalho sério!—ele falou.
—Eu sei, você é fotógrafo profissional!—falei.
—Bingo!—ele sorriu—Tenho um trabalho sério, independência, planos futuros, mas não uma namorada!
—E por isso quer que eu finja ser?—questionei.
—Sim. Você é totalmente o oposto das mulheres com quem eu saio!—ele falou—É estudiosa, inteligente e tem metas para o futuro, por isso você é a garota perfeita, exceto pelo seu guarda-roupas, que deixa bastante a desejar!
—O quê tem de errado com as minhas roupas?—questionei.
—São todas caretas demais!—ele respondeu —Sem contar que você não se importa muito com a aparência, não é?
—Está dizendo que sou feia?—perguntei irritada.
—Não, só é desleixada!—ele respondeu.
—Eu não vou me vestir igual aquelas suas mulheres!—me neguei—Nunca!
—Ah não, se eu quisesse alguém que se vestisse assim, eu namoraria uma delas!—ele disse irônico.
—Então?
—Não precisa mudar seu estilo, só moderniza ele um pouquinho!—ele explicou—Você  tem uma aparência doce e fofa, então, só preciso que mostre isso nas roupas que você veste também!
—Ok, senhor Ross, deixe-me te dizer que eu não sou rica como você!—falei frustrada—Não posso sair gastando com roupas, para me encaixar no seu padrão!
—Eu sei, a brilhante Molly  Stuart trabalha para pagar a faculdade!—ele disse—É realmente admirável, mas eu não preciso que se encaixe no meu padrão, preciso que seja você mesma, só que mais arrumadinha do que você é no dia a dia!
—Como sabe tanto sobre mim?—questionei.
—Eu te disse, eu sei de muita coisa!—ele respondeu—A partir de agora, também não vai poder sair de qualquer jeito na rua, eu tenho uma reputação a zelar!
—Está pedindo demais!—falei.
—Eu sei, agora sobe e se troca!—ele pediu.
—Por quê?—questionei.
—Vou te apresentar aos meus amigos!—ele respondeu.
—O quê?—perguntei em choque—Não mesmo!
—Para que todos acreditem nessa mentirinha, Ian é James também deveria saber que estamos juntos, ou não vai dar certo!—ele falou—Relaxa, só precisa dizer oi!
—Como vou chamar você?—questionei.
—Como você chamava seu ex?—ele perguntou.
—Não tem ex!—respondi—Estou focada nos meus estudos!
—Que?—ele perguntou pasmo—Quer dizer que você nunca namorou antes?
Balancei a cabeça em afirmativa e ele começou a sorrir.
—Parece engraçado para você, senhor Ross?—questionei irritada.
—Isso, perfeito, só tira a parte do senhor!—ele falou—Ross tá ótimo!
—Ross?—perguntei.
—Isso, agora sobe e se troca!—ele pediu, vou te esperar aqui!
Ainda contrariada subi e após tomar um banho escolhi um vestidinho de alças finas e estampa de pequenas flores, uma botinha.
Após me trocar, desci as escadas.
Ross me olhou de cima a baixo como se me avaliasse e então sorriu.
—Perfeito!—ele disse estendendo a mão para mim.
Segurei sua mão e deixamos a minha casa.
—Antes de entrarmos, vamos estabelecer uma regra!—falei.
—Qual?—questionou.
—Sem contato físico, nada de mão boba!—falei.
—Não se preocupe, como eu disse antes, você não faz o meu tipo!—ele falou.
Por algum motivo, me irritava ouvi-lo dizer aquilo, sôava como se eu não fosse bonita ou atraente o suficiente. Talvez eu não fosse mesmo!
—Vamos!—ele falou abrindo a porta—Seja bem vinda!
—Ei, Eric, onde estava?—uma voz masculina sôou descendo a escada.
Era ele, James Carter.
Ele era tão lindo. Mais ainda pessoalmente.
—Pare de babar!—Ross pediu.
Me recompôs em seguida.
—Essa é a?—ele perguntou.
—Ah, é a vizinha do lado, não é?—o outro disse descendo também—A estudante de direito!
—Sim, Ian!—Ross respondeu—Essa é a Molly, minha adorável namorada!
—Que?—os dois perguntaram juntos.
—Namorada?—Ian questionou—Eu ouvi bem?
—Também não estou acreditando!—James completou—Qual o problema com seus olhos?
Ok, aquilo foi bem rude.
—James, o quer dizer com isso? Molly é linda e fofa!—Ross me defendeu.
—Eu falei com ela!—James corrigiu—Eric é um cafageste, o que viu nele? Ele te ameaçou?
—Ah...—Sim, você acertou.
—James!—Ross o cortou.
—Desculpe, é só que faz tanto tempo que você não namora ninguém!—ele disse—Só achei estranho!
—Há quanto tempo estão juntos?—Ian questionou.
—Uma semana!—Ross respondeu.
—Nossa!—Ian disse surpreso.
—Eu sei, parece uma eternidade para alguém como o Ross!—falei meio nervosa.
Os dois me encararam sérios.
Eu falei alguma coisa que não devia?
Olhei para Ross em pânico.
Então os dois começaram a sorrir.
—Você tem senso de humor!—Ian estendeu a mão para mim—Vamos ser bons amigos, cunhadinha!
—Ah, certo!—concordei apertando sua mão.
—Eu os felicito também!—James disse sorrindo—Molly, coloque freios neste garanhão aqui!—ele disse pondo a mão nos ombros de Ross!
—Ok!—concordei.
—Vem, Molly!—Ross segurou novamente minha mão e me levou para o segundo andar!
—Ufa, isso foi bem tenso!—respirei aliviada.
—Você foi bem!—Ross disse fechando a porta—Tudo o que tem que fazer é continuar sendo gentil e educada, só menos envergonhada um pouco!
—Ok, eu já posso ir?—questionei.
—Enlouqueceu?—ele perguntou—Tem menos de cinco minutos que subimos, o que eles vão pensar?
—Olha só, o acordo era fingir ser sua namorada, não me tornar sua amante na mente deles!—falei.
—Por quê?—Ross perguntou se aproximando de mim—Está com medo do que o James vai pensar de você?
—Que?
—Caso tenha se esquecido, ele tem namorada!—ele me lembrou.
—Não é nada disso, eu só não quero ficar com má fama!—falei.
—Humrum, você tem uma ótima fama de Santa!—Ross se jogou sobre a cama—Aquela sua amiga, Diana, é bom que ela também saiba, ou não vão acreditar se a sua única amiga em Toronto não saber que você está namorando!
—Ok!—concordei.

—Você o que?—Diana perguntou em choque!
—É isso que você ouviu!—respondi envergonhada.
—Com o gostoso do Eric Ross?—ela estava eufórica—Garota, devo me despedir da Santa Molly Stuart, logo você nem vai ser virgem mais!
—Que?—questionei.
Eu não tinha parado para pensar sobre isso.
—E como ele é? Ele tem pegada?—ela interrogou—Espera, você não era afim do James Carter, o melhor amigo dele?
—Não!—neguei—Só acho ele bonitinho, mas ele tem namorada!
—Entendi!—ela sorriu e me encarou—Mas o gostoso do Eric Ross? Que loucura. É inacreditavél!
—Por quê?—perguntei.
—Porque vocês são totalmente o oposto um do outro!—Diana me olhou  e sorriu novamente.
—Talvez ele queira descobrir como é namorar uma garota decente!—menti.
—Talvez!—ela concordou—Que sorte a sua, vai poder ver e tocar naquele abdômen trincado sempre que quiser!
—Diana!—corei instantaneamente.
Diana tinha razão, Ross tinha uma péssima fama de cafageste. Logo, eu seria mais uma que ele levou para a cama na boca de todos.
Isso era o pior.