0.2 >> estilhaçada

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Medo. Angústia. Terror. Desespero

Isso era o que eu sentia nesse momento.

Suspiro. Suspiro. Suspiro. Rápido demais. Rápido demais.

Olho em volta procurando por algo e por nada procuro e procuro e nada. Fecho os olhos, abro de novo e olho para o chão, os estilhaços do espelho somem completamente como poeira.

Ainda estou sendo sustentada pelas minhas mãos, então me inclino para frente e tento me levantar me segurando na parede, coloco mechas do meu cabelo atrás da orelha e olho em volta de novo, minha respiração agora está descompassada, então eu caminho para frente sem rumo, sem lugar para ir, casa para descansar. Minha visão embaça acho que estou chorando e continuo caminhando. Adentro está floresta como se fosse o último lugar que eu iria, e caminho, caminho até meus pés cansarem e meu corpo me jogar para baixo. Bato no chão algumas vezes não entendo do porquê disso, estou confusa, perdida, estilhaçada mais do que aqueles cacos do espelho no chão. O meu mundo acabou aqui.

Estou em um lugar desconhecido, e coisas estranhas me aconteceram nessa única noite e tudo culpa daquele espelho que eu deveria ter jogado fora quando eu tive a chance, mas meu sentimentalismo não me deixou agir. Mesmo estando correndo risco de vida. Passo a mão no nariz sentindo-os escorrer do choro e olho para minhas mãos trêmulas manchadas de sangue. Será que ele ainda está vivo? Não morreu? O que eu faço? Esse é o meu fim.

Me levanto ainda chorando em silêncio, acho que não tenho forças para me desesperar e sigo um rumo sem caminho certo a seguir, minha cabeça gira e fico zonza.

Meus pés fazendo barulhos em contato com a grama e me sinto muito tola por ter um pensamento besta "pelo menos você não está mais de pijama" e não me martirizado por esse pensamento, até sorrio um pouco com isso pois esse é o meu último momento, estar de jaqueta e jeans está de bom tamanho. Aqueles guardas podem aparecer a qualquer momento.

De repente.

Ouço passos leves e uma lanterna vem de encontro ao meu rosto e simultaneamente coloco uma das mãos sobre o rosto.

- o que você está fazendo aqui?!

Acho que reconheço a sua voz. Não tenho forças para corresponder mas me sinto aliviada, posso me preocupar um pouco com isso mas meu alívio me consome e o deixo me consumir e então relaxo.

***

Minhas mãos estão sujas de sangue, e tem uma tesoura na minha mão direita e na esquerda uma pedra. Um espelho e um homem ensanguentado. Abro os olhos.

Estou deitada em uma cama percebo, tem uma janela na minha frente ainda esta escuro, vasculho o lugar com os olhos é um quarto simples com paredes cinzentas, luz fraca, uma cama, uma cômoda e uma janela e só isso me deixa alarmada. Me levanto mas volto de novo a cama.

Dois desmaios em uma única noite meu recorde, já que nunca desmaiei.

- Como está se sentindo?

Num sobressalto, olho para o fundo do quarto a procura da voz que conheci hoje... ou ontem? Não sei que horas são.

- Onde estamos?

- Na minha casa.

- Porque me trouxe até aqui?

- Você desmaiou - Suas mãos foram até o bolso e ele caminhou até mim trazendo uma cadeira e a colocando na frente da cama onde estou, o que me fez se sentar e olhar atentamente para ele.

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