Novo caso

1K 66 4
                                    

POV GIOVANNA ;

   O barulho estrondoso do despertador ecoava pelo meu quarto, tudo que eu não queria fazer naquela manhã era acordar. Tive um final de semana agitado, digamos assim. Todo final de semana alguém do nosso grupo tem que fazer um rolê e dessa vez foi a Nicole, ótima escolha se você não precisa trabalhar no dia seguinte...Mas como nem tudo é flores, acordei com uma bela de uma ressaca, meus olhos estavam inchados e as olheiras, nem se fala.     
    Sentia o quarto girar, logo pego um remédio que guardo na minha cabeceira e lá vejo meu telefone com 7 ligações de Agatha e 20 mensagens no nosso grupo. Provavelmente se certificando que eu iria trabalhar. Não iria conseguir pegar uma folga nunca, hoje seria um dia importante de reunião com caso novo, junto com Agatha e meus sócios que ele pediu especificamente pela minha presença.

   Faz uns dias que fomos escolhidos para o caso Miguel Alvez, que tomou uma repercussão por todo Rio de Janeiro.
O caso se baseia em um homem rico, que matou sua amante, mas ele consequente nega, e quem achou o corpo da mulher, foi o filho de sete anos, o que para mim é mórbido o suficiente para uma segunda de manhã.
   É um caso grande, e claro, ele está sendo representado pela Maya Garcia, uma das pessoas que eu mais detestava. Nós sempre tivemos uma rinha por trabalharmos em empresas adversárias e consequentemente nos enfrentarmos várias vezes no júri. A raiva que eu sentia por essa mulher é impossível de se explicar em palavras.

   Me levantei correndo, pois já estava atrasada para o trabalho –merda!– pensava. Fui para o banheiro onde iniciei minhas higienes matinais, tomei um banho quente e fiz questão de caprichar no corretivo, pincelando também os meus lábios com um batom nude. Adentrei meu closet optando pela roupa social rotineira, coloquei um o óculos de sol para pelo menos tentar disfarçar meu cansaço e evitar a luz direta em meus olhos. Fui logo em direção a minha garagem e entrei no carro.

xxxxxxxxx
Pov. narrador
   Foram longos os minutos no trânsito estressante do Rio, enquanto dirigia entre os sinais tirava um tempo para trocar mensagens no grupo que tem, com suas amigas, eram muito próximas, quase como irmãs, todas se conheceram na faculdade menos Larissa que é uma amiga de infância de Giovanna. Quando chega em meu escritório, adentra rapidamente, e é recebida com café em mãos pela sua secretária que tinha um sorriso no rosto, no qual a retribuiu.

  —Bom dia Kiara... Obrigada. –disse, andando em direção a sala onde ocorreria a  reunião com Agatha, a cada passo que dava as luzes do escritório pareciam cada vez mais fortes. Sorria e acenava quando conseguia para as pessoas do escritório, de séria tinha apenas o rosto; Leva o trabalho muito a sério, as vezes até demais. Sempre muito simpática com todos e se certificava de reafirmar o máximo que podia, melhor ser amada do que temida.
  Entra na sala indo até Brandão, seu chefe de longa data e deixa um beijo caloroso em sua bochecha, tinham uma relação muito boa já que passavam anos juntos resolvendo casos e praticamente ensinou tudo que Giovanna sabia. Cumprimentou as outras pessoas que estavam ali também, como sua melhor amiga Larissa, o detetive de polícia e uns policiais. Eles já investigavam o caso e já haviam trago algumas provas circunstanciais, já que mais tarde teríamos a primeira audiência do caso. 

xxxxxxxx
POV. GIOVANNA

—Bom dia... Que caras são essas? Aconteceu alguma coisa que eu não sei? –perguntei preocupada já que Agatha não parava de me encarar com a pior cara possível. Cara que a mesma só usava por um motivo, ou o caso ia ser o melhor da minha vida, ou eu ia perder feio.
   Me sentei tirando os óculos, cruzei as pernas enquanto tentava pelo menos decifrar o porque de tanto suspense, os olhava atentamente. Larissa não tirava um olhar assustadoramente fixo em mim, estava até me dando medo. Tudo naquele ambiente exalava tensão, chuto que algo deu errado no caso ou eu fiz alguma coisa muito ruim.

    Mas então Brandão logo empurra uma pasta preta em minha direção, que continham algumas fotos e falas escritas do caso, logo me dei conta do que eram. Minha dor de cabeça parece triplicar apenas de ler algumas simples frases, frases de depoimentos do pequeno garoto de 7 anos que presenciou coisas que até a pessoa mais preparada para tal nunca conseguiria esquecer. Minha expressão logo suaviza e eu só consigo pensar "Imagina o quão traumático é, achar sua mãe morta, com apenas sete anos de idade?"– senti minha garganta fechar e meus pensamentos ficaram sombrios por alguns segundos, paralisada com os documentos a minha frente.

   —Pensamos que seria melhor, ver com você primeiro se tem realmente interesse em pegar esse caso, é algo muito pesado temos que... – Larissa tenta achar as palavras mas logo é interrompida.
—E por que eu não pegaria esse caso? Posso saber? Já decidi que representaria a Srta. Carneiro faz tempo. Sem discussões Larissa. – Eu a olho levantando o meu tom e olhando nos olhos de cada pessoa presente na sala.
—Tudo bem Torres. Como você quiser. – disse falando e olhando de canto para Agatha que também me olhava certa cautela.

  Analisei um por um com calma, logo passando a discutir com todos reunidos ali.

Tudo durou mais ou menos umas duas horas, até que tudo tivesse sido finalizado. Eu odiava reuniões longas assim, sempre saía esgotada principalmente com um caso tão pesado assim.  Larissa também parecia estar afetada, saiu no meio da reunião e ficou na varanda falando no telefone. Provavelmente se distraindo com seus casos menores.
Assim que Brandão deu fim a reunião eu procurei a porta mais rápido e saí de lá. Senti que a qualquer momento poderia explodir, apesar de ter uma pose a zelar, sou apenas humana. Saio para a mesma varanda que Larissa se encontra para tomar um ar. Procuro em meus bolsos aquilo que eu sabia que poderia aliviar toda essa tensão que se construiu nas últimas duas horas.
  Coloco o mesmo entre meus lábios e trago bem forte, sentindo quase todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Maldito vício.
  —Ta estressadinha, Doutora? – disse Larissa pegando o cigarro da minha mão e o tragando logo em seguida.
  — Te manca, Larissa.
  — Ihhhh, se liga hein? Que agora você tem que andar na linha com esse caso na sua retranca.
  —Acha que eu não sei? Tô a meses sem ganhar um caso bom assim. Não vou cair fora nem fudendo
  — Você sabe que o Brandão não se importa com isso né Giovanna? Você é a protegida dele.
  — Exatamente por isso Larissa! Quem disse que eu preciso de proteção, porra? – disse pegando o cigarro de sua mão e olhando pra vista que a grande varanda do 23° do prédio podia proporcionar. – Eu sei me cuidar, eu sei trabalhar, não preciso dele limpando minha bagunça.
  — Calma Doutora, você tá tensa demais. Nem parece que tava amassando aquela loira no bar ontem, devia ter deixado pra mim, eu teria feito mais proveito.
  — Pode ficar tranquila que hoje eu aproveito por dos duas. – Disse com o sorriso mais sacana possível e apagando o cigarro
   —Você não tem jeito né Giovanna? Puta merda cara, deixa pra gente! – disse enquanto eu já me afastava
  — Nunca! – disse mostrando o dedo do meio e adentrando o escritório novamente.
   Encontro Agatha no corredor e logo ela já me convida para almoçar, sempre almoçávamos no mesmo restaurante. Um pequeno lugar com iluminação ambiente e comida parisiense. Era o meu favorito a anos e sempre fiz questão de comer lá depois de um dia exaustivo.

  Apesar do dia pesado e da noite anterior estava até de cabeça fria, uma grande parte por conta do cigarro que havia saboreado alguns momentos antes. Fazia piadas e conversava com Ágatha sobre noite passada e a estúpida ideia de tomar shots duplo de tequila, nota mental de NUNCA escutar a Nicole.
Estamos conversando pelas ruas de copacabana, aquele vento de verão invade nossos corpos, o sol ainda tímido mas presente no horário de almoço traz meu sorriso mais sincero a tona. Amo essa cidade. Mas assim que coloco meus pés no restaurante, meu sorriso some e os ventos do Rio de Janeiro se tornam invisíveis com o arrepio de calor que sobe em minha espinha, pois meus olhos agora encaram os cabelos escuros e maquiagem pesada dela. Tinha que ser ela.

  — Você tá de brincadeira comigo. – pensava alto fazendo com que não só Ágatha, como ela virassem simultaneamente para minha direção.

War and Love - MagiOnde histórias criam vida. Descubra agora