CAP VI - PESCARIA NO HELL

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Em mais um dos sofridos dias no hellheim, Lampião passava o tempo cortando a ponta das balas para deixá-las mais eficientes, Xaphan costurava as roupas danificadas do cangaceiro até que sua barriga ronca. 

— Tá com fome já — Lampião perguntou, Xaphan subiu em seu ombro começando a tirar algumas medidas 

— Sabe como é, a última coisa que a gente comeu foi umas frutinhas a 3 dias — O pequeno demônio volta para o chão terminando de costurar. 

— Você foi o que mais comeu miserável! 

— Isso  por que você morreu envenenado — a barriga ronca novamente — Tá aqui sua calça 

Lampião pega a peça de roupa e se veste — Valeu carinha —  Virgulino pensa um pouco e observa um lago próximo, uma ideia vem em sua mente — Oh Xaphan, tu já pescou antes? 

— Você acredita que não? Por que a pergunta? 

— Porque tive uma ideia —  se levantou — Se der certo, a gente vai comer bem hoje

O plano posto em prática, começando com recurso, após pegar um pouco de madeira foi possível fazer um vara, com um metal simples foi feito um anzol, minhocas estranhas de isca e por fim a linha com a teia de uma espécie de aranha demoníaca. 

Lampião e Xaphan estavam na beira do lago, quando o humano jogou a isca ele voltou a atenção para o demônio que comia algumas iscas. 

Com um tapa na cabeça, Lampião faz Xaphan cuspir a minhoca — Para de comer as iscas 

— Desculpe 

— OK — Ele coloca a minhoca no anzol do pequeno demônio — Faz o seguinte, leva a vara para trás e~

— iiiiiihhhh lá ele, levar a vara pra trás heheheheh — Xaphan tirou sarro de Lampião e tomou mais um tapa na cabeça 

— Miserável! — Falou irritado, mas se acalmou — Tá, continuando, você vai jogar para frente e mandar a linha o mais longe possível, quando mais longe mais chances de pegar um peixe grande. 

Xaphan acena positivamente com a cabeça e faz o que foi ensinado, após algumas tentativas falhas ele joga de maneira satisfatória e espera o peixe morder a isca enquanto abana o rabo 

— Agora é só esperar… — Lampião aproveitou o tempo para pensar um pouco, talvez planejar como venceria o Belphegor ou em outro caminho para casa 

— Ei Lampião, pode me contar mais histórias do seu bando, eu gosto muito de ouvir elas — Disse de maneira alegre o que deixou Virgulino contente. 

— Quer saber sobre quem? — ele perguntou

— Sobre aquela que parece comigo! 

— A Dadá? 

— Sim! 

— Por onde começo… — Pensou um pouco — Já sei! Teve um vez que a gente estava reunidos após fugirmos da volante, a Dadá estava contando sobre como tinha ajudado o Moreno na fuga, na época alguns membros subestimavam ela bastante, então um cara chamado caixa de fósforo chegou falando, "Isso é tudo mentira", a Dadá ficou puta da vida, ela não gostava de ser chamada de mentirosa, então de primeira ela tentou ignorar, mas o fi duma égua continuou duvidando e cortando a fala dela, até que puta da vida, ela puxou a arma e deu um tiro entre os dedos do pé dele como aviso e falou "da próxima vez eu vou atirar para te castrar seu fi de uma rapariga!" 

Xaphan cai na gargalhada, ele respira fundo recuperado o fôlego e após controlar seu riso, ele enxuga uma lágrima de alegria — Ela parece ser muito legal 

— Sim ela é… E
E você Xaphan, tem alguma história? — Virgulino perguntou curioso 

— Tenho poucas, certa vez eu tava morrendo de fome e tive a ideia de ir atrás de um abutre infernal, eles botam ovos bem grandes e eu queria comer um omeletão caprichado, como na época o Abigor já tava morto, eu tava sem ajuda, então fui eu lá com uma estratégia, esperei alguns dias para a mãe ir caçar comida e lá fui eu pegar um ovo, eu só não contava que aquilo era umas 2 vezes maior que eu, sem ter como levar pro meu abrigo, eu tive que comer lá mesmo aquele ovo, mas a casca era dura pra porra, então eu usei toda minha força para empurrar para fora do ninho, quando o ovo cai o inacreditável aconteceu, um bando de cães infernais filhas da puta pegaram o ovo em queda livre e fugiram, conclusão: tive que comer 2 frutinhas que tinha na árvore. 

— É incrível como você dá azar, mas me fala, como era trabalhar para esse Abigor? 

— Era horrível, eu era tipo um escravo com uns benefícios a mais, por mais que eu não passasse fome, aquilo ainda não era vida, era apenas trabalho, trabalho e mais trabalho, nem me lembro direito como fui parar como um empregado dele, parando para pensar, a maioria dos demônios não se lembra de como foi o nascimento ou infância, não sei se é por que não no importamos já que não morreremos devido ao tempo, ou se é outra coisa — Xaphan suspira cabisbaixo até sentir sua isca sendo puxada, ele se levanta quase sendo levado, Lampião agarra ele é juntos puxam o peixe com força. 

Um grande peixe é retirado da água e juntos eles comemoram já que hoje eles comeriam muito bem, o som da água se movendo chama a atenção deles, grandes barbatanas saem da água e Xaphan sai correndo se escondendo atrás da pedra 

Lampião pega o peixe e se esconde junto com o pequeno demônio — estamos escondendo por que?! 

— É o caçador de demônios, o Leviathan! — Falou assustado — até o Abigor tinha medo dele 

Lampião dá uma espiada e vê a gigantesca moreia erguendo sua cabeça com um gigantesco peixe na boca. 

Leviathan olha em volta e bufa expelindo ar quente de suas ventas, após conferir tudo, ele afunda novamente 

Lampião e Xaphan foram para o seu abrigo, naquela noite, ambos encheram o buxo 

— Tô de buxin cheio — Falo o pequeno demônio satisfeito. 

— Eu também — Lampião arrota e se deita no chão pronto para dormir — Hora de mimir. 

— Sim — O demônio põe lenha na fogueira para aquecer mais o local e se deita com a cabeça sobre o braço de Lampião — Boa noite Virgulino 

— Boa noite — O humano respondeu e ambos dormiram satisfeitos 

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