Parte 6

4 1 0
                                    

- mas que merda você está fazendo?. - Leon puxa Heitor fazendo o garoto cair no chão.

- para com isso!, qual é o seu problema. - grito.

- você não pode entrar aqui e tentar se aproveitar dela!. - ele fecha a mão pronto para bater no garoto.

- Leon para!. - seguro o braço dele, por um momento achei que seria capaz de segurá-lo, Leon possui o dobro da minha força se não mais, ele me empurrou para trás, fazendo com que eu batesse a cabeça na quina da escrivaninha.

- isso é culpa sua!. - ele tenta bater em Heitor, mas Mary entra na frente.

Me levanto o mais rápido que consegui, Mary segurava Leon e pediu pra que eu tirasse Heitor dali, descemos as escadas de pressa.

- o que está acontecendo?.- Diana pergunta amarrando o roupão.

- Leon... bebeu muito e...

- Você tá sangrando.- Diana segura meu rosto para olhar melhor.

- estou bem. - abaixo o rosto.

- fiquem aqui.- Diana fala subindo as escadas de pressa.

- deixa eu limpar isso.- Heitor sai do sofá e pega um pouco de papel para por na ferida que não era grande, apenas um corte. - desculpa por isso ok?, não devíamos ter vindo aqui esse horário.

- é melhor irem para suas casas, quantas vezes tenho que falar para avisarem?, Jack não reagiria bem se estivesse aqui, na verdade nada disso teria acontecido!, Mary você não é mais uma criança que precisa ser informada todos os dias sobre o que é certo e errado. Heitor, pare de apoiar as loucuras dessa garota!. Saiam!. - Diana aponta para porta tirando-os de dentro. - vamos para o quarto querida, eu olho isso pra você.

- não Didi, estou bem. Volte para o seu quarto e descanse, se eu não me sentir bem venho até você. - ela acaricia minha cabeça e coça os olhos com sono.

Subo para o meu quarto, me despi e entrei no banheiro deixando a água cair em meu corpo. Assim que finalizo meu banho olho para o corte, me passa a cena de quantas vezes papai me jogou para longe enquanto eu tentava defender minha mãe. Respiro e me afasto do espelho evitando aquelas malditas lembranças.

- o que você quer?. - falo enquanto Leon sai da minha cama vindo até mim.

- deixa eu ver isso.

- não precisa estou bem.

- por que é tão teimosa?.

- por que agiu como um adolescente?, Heitor não iria fazer nada que eu não quisesse.

- então você queria?.

- isso não é da sua conta. - abro a gaveta de calcinhas. - sai, quero me vestir.

- eu não vou sair até deixar eu ver isso. - ele se aproxima, seu hálito era de álcool.

- sai daqui!, você está bêbado.- me viro para o guarda roupas novamente.

- sóbrio eu não vou ser capaz de me desculpar.

- que seja, desculpas também não são o meu forte. - me viro batendo o rosto em seu peito.

- por que está com raiva de eu ter bebido?.

- não falo sobre isso.

- papai ou mamãe.- ele fala fazendo meus olhos se encherem.

- pai. - abaixo a cabeça.

- me desculpa por isso.- Leon segura meu rosto. - deixa eu cuidar disso.

- deixa eu me vestir.

- faz isso e vai pro meu quarto, se não quiser que eu volte aqui. - ele põe os lábios para dentro os mordendo e desviando o olhar para o alto. Sai sem olhar para trás.

Me vesti com uma roupa quente, porém confortável, bati na porta do quarto e ele parecia esperar em pé do outro lado.

- entra. - entrei e me sentei na cama enquanto ele ia até o banheiro.

- eu estou com sono.

- vou ser rápido. - ele volta com uma caixa.

Se senta de frente para mim, com a mão em meu queixo erguia minha cabeça, com a outra limpava o corte.

- meu pai, ficava agressivo e... - ele para e me olha nos olhos. - esquece, você não se importa com isso. - sorri pegando um curativo de sua caixa e saindo do quarto.

Entro no quarto, tranco a porta e me jogo na cama, sinto uma lágrima quente escorrer, talvez seja apenas o reflexo que me fez lembrar. Por alguns minutos fecho os olhos mas acordo assustada com a janela mexendo, ascendo o abajuor, Leon.

- pode apagar. - ele fala depois de sentar ao meu lado.

- o que tá fazendo?.

- a porta estava trancada e você não terminou de me falar sobre o seu pai.

O cheiro do álcool havia sumido, apenas seu perfume forte preenchia o ambiente.

- você não tem roupas com cores?.

- esse é o meu pijama, e é cinza, cinza e bom. - ele sorri. - não ia conseguir dormir com sua voz irritante querendo concluir alguma coisa que claramente não deixei.

- pode só ficar quieto e outro dia te falo sobre isso?, estou com sono.

- tudo bem.

O silêncio prevaleceu, apenas as folhas que se mexiam e o vento que soprava com leveza ao lado de fora. Adormeci com a cabeça em seu peito e sua mão quente em minha cintura

O Enteado Da Minha Tia.Onde histórias criam vida. Descubra agora