Obsessão - Shinichiro Sano

Obsessão | 1

Naomi Kobayashi

  — Não é bem uma má ideia, mas você sabe como minha mãe é, né?! - Observei a garota esperando que ela tivesse alguma solução pro meu problema.

  — Foge de casa - Falou como se fosse a coisa mais normal do mundo, dei uma breve risada negando com a cabeça.

  — Você tá louca? Ela me mata! - Saori bufou revirando os olhos.

  — Você é muito certinha, Naomi, tem que aprender a aproveitar, você já é grande demais pra continuar obedecendo sua mãe...

  — Isso é o mínimo que eu tenho que fazer por ela, eu meio que moro em baixo do mesmo teto que ela e ela paga minhas mensalidades da faculdade. - Guardei meu material dentro da bolsa e arrumei ela no meu ombro, me preparando para sair da sala.

  — Pensa bem, a gente ainda tem um lugar sobrando, me dá a resposta até amanhã cedo - Saori me deu um beijo na bochecha e saiu da sala animada.

...

  Ao chegar em casa eu percebi que não tinha ninguém, então fui direto para o meu quarto, eu tinha que terminar um trabalho e entregar para o meu professor, era uma tela representativa inspirada no quadro de algum artista que eu admiro. Eu quis fazer algo mais simples, então escolhi o quadro campo de papoulas de Claude Monet.

  Após tomar um banho, vesti uma roupa fresca e me sentei em frente a tela para terminar aquilo logo.

  Escutei meu pai chegando por conta do barulho de seu carro o portão da garagem se abrindo, fiz mais alguns detalhes na pintura e continuei enquanto escutava música no fone.

  Alguns minutos depois ouvi a porta do meu quarto sendo aberta e meu pai limpando a garganta para chamar minha atenção.

  Tirei os fones e me virei para ele, sorrindo, ele retribuiu o sorriso e veio até mim bagunçando meus cabelos.

  — O que foi?

  — Eu tenho uma notícia... E não sei se você vai gostar muito - Franzi o cenho na mesma hora, algo bom não era.

  — Ah, lá vem, você e a mãe vão de novo pra Europa e vão me deixar mais um mês sozinha? - Ele negou e se sentou na beira da minha cama com uma cara preocupada.

  — Vamos nos mudar. - Arregalei os olhos, abri a boca para dizer qualquer coisa, mas ficou entalado na minha garganta. Não sabia reagir aquilo.

  Íamos nos mudar só de casa? Ou de cidade? Ou até mesmo de pais?!

  — Pra onde? - Perguntei com a voz baixa.

  — Nós vamos pra Shibuya... Mas olha, veja o lado bom, é mais perto da sua faculdade e dos seus amigos! - Ele tentou me animar, o que não funcionou muito.

  — O problema não é esse, pai, eu cresci nessa casa e você simplesmente vai me tirar daqui sem motivo algum? - Retruquei indignada.

  — Filha, você sabe que a situação não está das melhores com a sua avó e nós precisamos ficar mais perto dela, pensa no quanto isso vai ser bom pra você, vamos ficar mais perto da sua avó, da sua faculdade, mais perto de tudo!