Capítulo 1

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O verão havia acabado de chegar, e com ele, o som das cigarras lá fora

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O verão havia acabado de chegar, e com ele, o som das cigarras lá fora. Yeona terminou de fazer o laço nos cabelos, suspirando baixo ao se encarar no espelho de mão. Odiava o verão, em maior parte por saber que não podia se dar ao luxo de usar blusas de alça como as colegas faziam. Após tantos anos em Fye Hills, uma pequena cidade inglesa cheia de clubes de caça e festivais locais. A primeira vez em que foi a um, Maureen obrigou Ethan a levá-la, e o garoto segurou firme a mão de Yeona para que não se perdesse, aconteceu mesmo assim. Tivera de correr atrás dela para a encontrar em um estacionamento, falando com um estranho. Nunca tocaram no assunto. Os pais dele sequer sabiam de Ethan tê-la puxado com força, gritando que ela não deveria falar com estranhos, havia algo estranho em como percebeu.

Ela ficou feliz por ele ter gritado, estava tão furioso e ela sorriu. Existia curiosidade, e estranheza ao observar que aquela garota delicada não via nada de mais em falar com pessoas estranhas, e se via profundamente feliz quando alguém gritava consigo. Tornou-se uma brincadeira infeliz por um tempo, quando iam para o lado e ele gritava com ela, e ela apenas sorria.

“Obrigada!” e enquanto isso, ele apenas pensava “O que foi isso?”.

Mesmo após anos, Yeona não se via como uma garota de Fye Hills. Ser a segunda asiática da cidade não ajudava. Virou-se, pegando a mochila, pensando no horror que seria novamente ter de ficar em um canto durante as atividades esportivas. Aos dezessete, tornou-se mais intrigante do que aquela criança que era quando chegou, quando tivera de engolir o choro e a vergonha quando Maureen cuidava das marcas que carregava nas costas, as que tampava a todo custo com camadas de roupas. Ao sair do quarto, inclinou-se no corrimão. Lá em baixo, Ethan vestia o blazer e estendia a mão para pegar a sacola das mãos da mãe, que não se cansou nada de repetir as mesmas regras. Yeona encolheu sutilmente os ombros, sabia que ele odiava. Sempre odiou tanto ter tanta responsabilidade, como se Yeona ainda fosse uma criança tomada pelo trauma e terror noturno. Desceu os degraus, a tempo de ver como ele escondia a raiva em ter de a carregar para todo lado.

— Tem suco de maçã, um sanduiche natural e frutas cortadas. Não se esqueça de comer tudo. — Maureen limpou as mãos no avental antes de ir até Yeona, ajeitando a saia do uniforme, mantendo o cumprimento até os joelhos. A cidade tinha orgulho de suas boas moças, o uniforme com a camisa social e o emblema em vermelho, com a saia e blazer preto. Dizia que garotas pareciam um amontoado de bonecas, como as do quarto de Sarah. Yeona engolia aquilo como quem provava um limão, Sarah não era adorável e as bonecas sempre lhe foram assustadoras. Maureen empurrou uma outra sacola pequena, junto de um papel. A autorização. — Hoje você tem o quê?

Yeona forçou o melhor sorriso que tinha.

— Tenho meu dia de expor meus sentimentos. — Ela sabia que era ridículo chamar assim, sendo que era só uma terapia dentro de casa. Olhou a porta, Ethan segurou o riso, pois era ridículo como Maureen ainda a tratava como uma criança. — Eu vou para as aulas, tenho de comer meu lanche e tomar meus remédios.

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