Capítulo 2

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Yeona ainda encarava no espelho, com a sensação de que nada seria o mesmo

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Yeona ainda encarava no espelho, com a sensação de que nada seria o mesmo. Espiou pela janela, embora o sol iluminasse intensamente Maureen no jardim, as íris castanhas foram direto para a rua, encostando a palma no vidro, dava para escutar o motor do velho táxi e acabou engolindo em seco. Sarah. Praguejou baixo que nada poderia ser pior do que tê-la de volta. Encarou a mochila sobre a cama, a palma alisando o tecido da saia Maureen gostava. Sentia que por anos foi a pequena boneca de porcelana da psicóloga, prendendo os cabelos com laços e dando-lhe vestidos lisos e adoráveis, suspirou, o que ela diria se soubesse que no dia anterior estava no escritório de seu marido, com os dedos em movimentos rápidos e os gemidos impossíveis de conter? Yeona fechou as pernas, só de pensar era... Estranho? Deveria (e estava) envergonhada, principalmente quando saiu do quarto e do topo do lance de estadas, encarou o andar inferior. Ethan estava de costas, os braços cruzados a frente do peito. A porta aberta o bastante para que escutassem o alvoroço pela vinda de Sarah, observou o casal de psicólogos entrava carregando as malas, Sarah tinha os cabelos mais claros e usava grossos casacos, falando alto sobre o intercâmbio, quando até Yeona sabia: Sarah não era o que pensavam.

As poucas vezes em que se lembrava dela, quando vinha, a loira se certificava se Yeona mexeu em alguma coisa. A porta daquele quarto não se mantinha aberto para si, tinha de sair por “vontade própria” já que Sarah queria privacidade para ler algum livro, uma tola mentira que Paul e Maureen acreditavam cegamente. Há tantos anos, em uma de suas visitas, Yeona se esgueirou até a porta no meio da noite, e o cheiro forte era quase insuportável. Mas quando espiaria mais, Ethan segurava em sua mão e a levava para o quarto. Costumavam ficar no mesmo quarto quando ela voltava, na época, não era nada demais. Eram duas crianças, não duvidava que Paul pensaria que ficavam assistindo televisão ou atentos a um jogo de tabuleiro.

Lembra de ter rido daquela vez, pois Ethan sussurrou “Ela fuma maconha, e depois acende incensos por que acha que isso disfarça”, contava tantas histórias sobre Sarah e como aquela faceta de boa moça era uma peça de teatro amador. Yeona ria e se acomodava na cama. Ele insistia em dormir no colchão no chão. Maureen se orgulhava do quão gentil o filho era. Yeona nunca comentou, mas as vezes quando franzia o cenho ainda com os olhos fechados, jurava sentir alguém mexer em seus cabelos. Saindo dessas memórias, Yeona sentiu um novo constrangimento lhe abater quando Ethan olhou para si, por cima do ombro.

— Yeona! Não vai se atrasar? Você e Ethan precisam ir. É uma pena, Sarah trouxe tantos presentes. — Maureen terminava de levar as malas para a sala, ainda com o sorriso no rosto. Sarah retirou o casaco, e não era uma surpresa que as roupas fossem tão coladas ao corpo, aquele falso sorriso ao olhar Yeona.

— Yeo! Oh, parece uma boneca. Trouxe algumas coisas para você, hm, não vai se importar de trocar de quarto comigo, certo? — A loira tinha um tom irritante — Tenho um presente, deixe me ver onde está... — “Ela me detesta” pensou Yeona, então seja lá o que tivesse comprado, era barato e de tão mal gosto. Desceu os degraus, os cabelos soltos dessa vez, encarando quando a loira tirou da bolsa um prendedor de cabelo, um elástico com um laço embutido. Algo que nem uma criança de três anos usaria e pela forma que a olhava, esperava que colocasse.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2023 ⏰

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