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CAPÍTULO 06
"Ahora - Matisse"

PABLO GAVI
Barcelona, Spain

Aquelas palavras de Eric não ecoam em minha mente, elas gritam.

──── Você é um covarde. Tem uma namorada incrível e a trai, e como se não fosse o suficiente ainda engravida sua amante. Não queira pagar de bom moço em campo, enquanto fora dele você não tem a capacidade de assumir seu filho com a minha irmã!

Eu sei que é possível esse bebê da Stella ser meu e seria um hipócrita se dissesse que não há chances de eu ser o pai. Eu me lembro exatamente onde eu estava naquele vinte e nove de abril e as coisas que fiz entre quatro paredes com a minha ex namorada.

Podia culpar a bebida daquela festa em que fomos e dizer que o álcool subiu e aconteceu, mas seria uma mentira, já que não tomei nada alcoólico. O que aconteceu naquela noite foi uma infidelidade consciente, pelo menos da minha parte, pois Stella não sabia que eu estava começando a ficar com a Sarah.

Mas eu jamais imaginaria que aquela noite traria frutos, e que agora teria minha ex namorada de volta em Barcelona com um filho meu em sua barriga. Porém o que me dói é que ela não tenha me contado nada. Ela teria mesmo a coragem de me fazer ser o padrinho do meu próprio filho?

──── Eu não quero enrolar muito, só espero que me diga a verdade, Stella! ── Digo rígido. Eu quero e mereço saber da verdade pela boca da mesma. ── Eu sou pai do seu bebê?

Antes que Stella pudesse contestar minha pergunta, a voz de Eric pela televisão atrai nossa atenção.

────...O que eu falei para o Gavi em campo? ── Eric repete a pergunta e a voz do jornalista confirma. ── Só o chamei de covarde por não querer assumir o filho dele com a minha irmã!

Olho para a Stella, que está mais branca que uma folha sulfite. Suas bochechas pálidas e seus lábios esbranquiçados entregam que ela não está nada bem.

──── Stella. ── A chamo para saber o que minha ex está sentindo, mas a mesma permanece em silêncio olhando para a televisão. ── Hey, eu estou aqui.

Sinto suas mãos frias tocarem em meus braços quentes pós jogo, o que me causa um leve arrepio.

──── Pablo... ── Antes que Stella conclua sua fala, sinto seu peso recaindo sobre meu corpo. Antes que ela caia no chão, a seguro com força e vejo seus olhos fecharem.

Deito minha ex namorada no sofá daquela sala e chamo a equipe médica. Por sorte, não demorou muito para ela voltar a acordar, foi apenas uma leve queda de pressão devido ao baque.

A deixo com a equipe médica, se recuperando enquanto come um salgado para elevar sua pressão arterial, e vou atrás de Eric.

Se alguma coisa grave acontecer a Stella ou a esse bebê que ela está esperando, eu juro que o mato. E só em pensar na possibilidade de algo mal acontecer com eles, já sinto o ódio crescer dentro de mim e meu sangue ferver em minhas veias.

──── Eric! ── Grito pelo seu nome assim que entro no vestiário masculino.

──── Fala baixo, Gavira! Você não está na casa onde comete suas traições. ── Ouço a voz de Garcia sobressaindo as conversas aleatórias dos outros integrantes da equipe. Cerro meus punhos sentindo meu rosto queimar de raiva.

Basta meus olhos encontrarem a figura de Eric para empurrá-lo com força, fazendo o mesmo bater com as costas no chão.

──── Você nunca mais ouse falar de mim, e muito menos daquele bebê! ── Exclamo em alto e bom som. Eu não sei se aquele bebê é realmente meu filho, mas sei que ele é importante para a Stella. E se é importante para ela, então é importante para mim também.

Não demora muito para Eric se defender, levantando com o punho cerrado. Sinto meu rosto arder com o impacto do soco que recebi. A raiva me cega e, de repente, uma verdadeira guerra de socos e xingamentos se instala dentro daquele vestiário.

──── Para, Gavi! ── Ouço a voz de Pedri e sinto várias mãos em meu corpo, me puxando para longe do Garcia.

Tento me soltar daquelas mãos que me seguram com força, mas é inútil. Ao olhar para o lado vejo que os donos daqueles mãos são Raphinha, Pedri e Araújo.

──── Gavi, pensa na Stella. ── Basta Pedri mencionar o nome da minha ex que automaticamente me recordo das condições em que a deixei naquela sala. Fraca, pálida, com uma aparência tão frágil e debilitada.

A vontade de continuar socando a cara do irmão dela é grande, mas a Stella precisa de mim nesse momento, e eu preciso saber se sou o pai daquele bebê. Saber é uma palavra muito fraca, eu necessito saber da verdade.

──── Vou ir atrás da Stella! ── Digo me soltando dos garotos e indo até a porta do vestiário. Ainda sinto meu corpo tremendo de raiva, quero muito dar meia volta e continuar o que não terminei.

Respiro fundo várias vezes, tentando recuperar minha estabilidade, e saio do vestiário. Sinto o meu coração parar por alguns segundos, Sarah está bem aqui. Reconheceria aqueles longos cabelos loiros em qualquer lugar. Mas o que realmente me deixa em choque é o fato da Stella estar com ela, felizmente com as bochechas coradas e parecendo se sentir melhor do que antes.

──── Baby... ── Acordo dos meus pensamentos com a voz doce e calma de Sarah. ── Você conhece a Stella? Ela é irmã do Eric, aquele seu amigo de equipe. Infelizmente, ela não está se sentindo muito bem e parece que teve problemas com o irmão, então podemos dar uma carona a ela.

Stella arregala os olhos tanto quanto eu. Acho que ela não sabia desse ato de generosidade que minha namorada estava planejando em sua mente.

──── Ah não ── Stella comenta antes que eu possa responder. ── Eu não quero abusar da sua boa vontade. Posso chamar um Uber, sério.

──── Por favor, eu insisto! ── diz Sarah. ── Amor, vamos levá-la.

Sinto que o meu coração bater mais rápido que o normal, acho que se ambas estivessem mais perto de mim poderiam escutar o barulho das batidas. Meus olhos se encontram com o de Stella e uma calmaria toma conta de mim ao encontrar aqueles olhos castanhos.

Foco, Pablo. Foco.

Se a Sarah tentou me apresentar a Stella, significa que a mesma ainda não viu a entrevistas de Eric, ou seja, temos muito o que conversar. Afinal, tenho certeza que esse assunto estará em todas as manchetes até o final do dia.

──── Claro. Você está melhor? ── Pergunto olhando para a morena atrás da minha namorada que sorri fraco concordando.

Onde estou amarrando o meu burro levando ambas as garotas que me envolvi num relacionamento dentro do mesmo carro? Só posso ter jogado a pedra na cruz e nem estou sabendo disso.

Eu só tenho certeza de uma coisa. Tenho muito o que conversar com elas.

𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪Onde histórias criam vida. Descubra agora