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CAPÍTULO 30
"Nadie - Matisse"

STELLA GARCIA
Barcelona, Spain

Domingo finalmente chegou, e com ele a minha folga também. Como prometi ao Gavi há algumas semanas, hoje irei ao Camp Nou assistir o jogo do Barcelona x Betis.

Para evitar mais confusões, coloco uma camiseta do Barça, onde tem o nome e número do meu irmão estampado nas costas e vou ao estádio com a Martina.

──── Não acredito que veio com camiseta de jogador que nem é mais do Barcelona. Agora ele é um rival!── Minha amiga comenta indignada. Pela sua expressão até parece que estou usando alguma camisa do Real Madrid. Mas o que eu poderia esperar? Martina sempre foi dramática.

──── Ele só foi emprestado, então tecnicamente ainda faz parte da equipe blaugrana. ── Respondo em defesa da minha decisão de usar a camisa do meu irmão. ── E antes eu vim com a do Eric, do que usar alguma do Gavi.

Sentamos ao lado da Mikky, noiva do De Jong, que por sinal está linda em sua nova versão de gravidinha.

──── Seja lá o que tem nessa água do Barcelona, espero que não tenha atingido o Pedri. ── Martina diz olhando para Mikky e eu.

De fato, alguém fez alguma coisa forte nessa água, pois não é possível que já tenham quatro grávidas ao mesmo tempo neste time. A noiva do De Jong, a esposa do Ter Stegen, a noiva do Christensen e eu.

──── Pois você que se cuide, porque a bruxa tá solta! ── Comento com humor e solto uma gargalhada sincera ao ver a careta se formando no rosto da minha amiga.

Vejo Taia, esposa do Raphinha, chegando no estádio segurando o Gael no colo e vou até eles para babar naquele pequeno. Sou completamente apaixonada naquelas bochechas gordinhas que o neném tem.

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PABLO GAVI
Barcelona, Spain

Ao final do aquecimento, procuro Stella com o olhar antes de sair daquele gramado. Preciso saber se ela veio e onde está sentada, pois se eu fizer gol mostrarei a surpresa que quase me fez chorar.

Assim que a encontro, sinto seu olhar sobre mim, o que faz com que uma corrente elétrica percorra cada canto do meu corpo enquanto meus lábios se curvam em um meio sorriso. O efeito que essa mulher tem sobre mim é inexplicável. Corro para fora do campo, afim de trocar a camiseta e colocar a oficial, já que hoje serei titular.

Dou uma última olhada para minha chuteira, onde está o nome da Luna escrito e respiro fundo. Eu preciso muito fazer esse gol.

──── Medo de você aparecer com a cara da menina tatuada nas suas costas quando ela nascer. ── Pedri comenta ao se aproximar de mim.

──── Você faria isso, não tenho dúvidas. ── Digo.

──── Por que eu tatuaria o rosto da sua filha nas minhas costas? ── Pedri questiona e eu rolo meus olhos.

──── Não estou falando do rosto da Luna, estou falando do seu futuro filho.

──── Nem filho eu estou fazendo, quem dirá tatuagem. ── Solto uma risada com a resposta de Pedri.

[ • • • ]

O jogo não estava sendo um dos mais difíceis, o placar estava ao nosso favor, 2x0. Um gol feito por Lewandowski e outro por Raphinha.

No início do segundo tempo, corro atrás do meu, e com um passe perfeito vindo de Raphinha, chuto a bola para rede, fazendo-a balançar, marcando o terceiro gol naquela tarde.

Minha primeira reação é correr beijando o escudo que está na camiseta, enquanto o time corre para me abraçar. Quando a euforia de todos ameniza, me viro para onde está Stella e levanto um pouco a camiseta, revelando uma pequena tatuagem de lua na parte inferior esquerda do meu abdômen. Agora tenho algo que representa a minha filha para sempre em minha pele.

Uma vez minha ex namorada comentou sobre suas inseguranças e medo das marcas que carregará para sempre em seu corpo após a gestação, e como forma de dizer "hey, está tudo bem", eu resolvi fazer algo que eu também tinha muito medo e receio. Nunca quis fazer uma tatuagem, nunca gostei disso para mim, mas assim como a Ste, agora também tenho marca da nossa filha em meu corpo. Por mais que não seja a mesma coisa e o caso dela seja bem diferente, mas espero ter ajudado ela de alguma forma com esse simples gesto.

Não consigo contemplar a reação da Stella, mas espero que tenha sido das melhores. Depois irei procurar na internet algum vídeo que mostre, mas no momento preciso focar no jogo. Volto ao centro do campo para me concentrar no jogo novamente.

No final da partida, saímos de campo batendo palmas e comemorando a vitória de 4x1 em cima do Betis. Assim que chegamos no vestiário, tiro a camiseta e vou direto até meu armário para pegar meu celular.

Entro no whatsapp para ver se tem alguma mensagem da Stella, mas não encontro nenhuma, então entro na minha conversa com a Sarah.

Já tem uns dias que venho pensando em contar toda verdade para a loira, ela sempre foi boa comigo e eu fui um canalha com a Sarah. Mas parece que minha namorada tem me evitado a todo custo.

Mesmo se a Stella não tivesse voltado, e não existisse a Luna, acho que nosso namoro não teria salvação

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Mesmo se a Stella não tivesse voltado, e não existisse a Luna, acho que nosso namoro não teria salvação. Eu não a amo e sinto que ela também não, o que tínhamos não passou de uma paixão ardente, que se esfriou com o tempo. Afinal, disso se trata a paixão, um fogo avassalador que chega queimando tudo que vê pela frente, mas ele não é forte o suficiente para se manter aceso para sempre. Esse fogo apaga em algum momento, e o que dirá se a relação terá um futuro é o que sobra quando as chamas cessam. Se ao final desse incêndio houver amor, poderá haver um futuro promissor, mas no meu caso com a Sarah nunca existiu esse amor. A paixão acabou e o que restou foram apenas as cinzas.

Ao final das chamas, meu coração só súplica por uma pessoa: Stella. E para mim está mais que claro que sempre foi a Stella. Meu coração pertence a ela desde o dia em que ela me disse sim, e por mais que eu tenha tentado recuperá-lo, foi impossível.

A relação com a Sarah também não ajudou muito. Ela quase nunca está presente, é sempre uma viagem ou um compromisso de última hora. Eu entendo que é o trabalho dela, mas se não tem tempo para um relacionamento, então por que aceitou namorar comigo?

Mas no fundo sei que não posso jogar toda culpa em cima dela. Não sei porque ela aceitou o pedido de namoro, mas o que eu realmente deveria me perguntar é: por que eu fiz aquele pedido?

──── Gavi. ── Pedri me chama e eu volto minha atenção para o mesmo. ── A Tina acabou de me avisar que a Stella está no hospital. Parece que a coisa é séria.

Sinto meu corpo se enrijecer, a preocupação começa a tomar conta de mim e sem mais delongas, largo tudo ali e saio o mais rápido possível, sem ao menos me despedir da equipe.

Minha filha precisa de mim e eu não vou falhar. Cometi muitos erros na vida, mas eu me recuso a errar com ela.

𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪Onde histórias criam vida. Descubra agora