Já procurei por todos os lugares possíveis. Eu sei que a deixei sobre a minha mesa de cabeceira e agora não a encontro em lugar nenhum.
A minha Bíblia não é pequena, muito pelo contrário. Ela é um livro grande e grosso, rosa, cheio de brilhantes e com vários post-its colados nas páginas. É a minha Bíblia de estudo e a única que ganhei durante a minha vida toda.
Quando fiz 16 anos, conheci Deus e a minha mãe, com todas as poupanças que fez ao longo de alguns meses, conseguiu comprar duas Bíblias.
Uma para mim e outra para ela.
Serena Carter, a minha mãe, conheceu Deus por meio de duas senhoras da nossa pequena comunidade, em New Port. Cresci num bairro simples, mas que era seguro.
Não existiam grandes taxas de criminalidade, mas não posso dizer que não existiam.
Mas, como eu e a minha mãe vivíamos ali desde que me lembro, já éramos parte da família. E essa família cresceu ainda mais, quando fomos à igreja pela primeira vez.
Eu tinha 16 anos e, na altura, a minha mãe não estava muito bem. Após vários e vários relacionamentos onde ela dava tudo de si, mas não recebia nada em troca, acabou por sucumbir a uma depressão.
Mal saia de casa e quando o fazia, voltava a correr para dentro daquelas paredes como se o mal a estivesse a perseguir. Ela não era mais a mãe alegre que eu conhecia. Mal tinha vislumbres da mulher que ela outrora era.
Graças à insistência de duas vizinhas, Serena aceitou ir à igreja.
A minha mãe, depois confessou-me que só aceitou ir para que elas parassem de a chatear, mas quando chegou a casa, depois do culto de domingo, ela parecia outra pessoa.
Alguém completamente mudado!
Não sei o que falaram naquele primeiro culto de celebração, mas uma coisa sei, esse foi o primeiro dia da nossa mudança.
Procuro mais e mais pela minha Bíblia, mas não a encontro. Começo a fica realmente desesperada porque tenho que ir embora daqui a cinco minutos.
Ouço os passos das meninas pelo corredor e dá para perceber que a comoção está forte. Alguns gritinhos de entusiasmo são ouvidos através da minha porta fechada e sei que o tempo está a acabar, mas não quero ir para esta viagem sem a minha Bíblia.
Ela é tudo para mim!
Procuro mais um pouco e até volto a verificar em baixo da minha cama, mas nada. Estou deitada no chão, passando os olhos mais uma vez, para ter certeza que não está mesmo entre o pó, quando ouço uma batida na porta.
— Camila! Estás pronta?
Quero gritar de frustração, porque não, não estou nada pronta.
Quer dizer, eu já arrumei tudo ontem à noite, porque detesto não estar preparada para viagens e não gosto de viver da desorganização. O meu quarto é a maior prova disso.
Tenho tudo organizado por cores: as minhas roupas, os meus cadernos e livros do curso e até os meus brincos e colares estão devidamente organizados para nunca os perder ou deixar que fiquem enrolados uns nos outros.
Mas, ontem à noite, quanto terminei o meu devocional e pousei a Bíblia na mesinha de cabeceira, fiquei convencida de que nada iria correr fora dos planos. Agora, acordei e não a encontro em lado nenhum, continuo de pijama e preciso arranjar-me o mais depressa possível.
— Ainda estás assim? — Andy pergunta, olhando para mim, depois de entrar no meu quarto, como se eu fosse louca. Talvez seja, porque nunca sou a última a ficar pronta.
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Aquela noite em Paris (romance cristão) - Degustação.
RomanceRomance Cristão. Livro completo na Amazon! +16. Sinopse: Camila só quer terminar o seu último ano de faculdade e ser a advogada que sempre sonhou. Numa última viagem com as suas colegas da fraternidade Kappa Alpha a Paris, não pensava que ia ser aba...