Aquela noite em Paris (romance cristão) - Degustação.

02 | A cidade é linda, mas barulhenta

Se pensei que a viagem de autocarro ia ser difícil, isso é porque não tinha noção do que seria passar 16 horas num avião com todas as 34 meninas da Kappa Alpha. Fora os outros passageiros deste avião.

Isto é algo que não quero repetir, nunca mais!

Por não conseguirmos escolher os nossos lugares no avião, acabei por ficar sentada ao lado de cinco meninas da sororidade. Andy, July e Gabby são as três melhores amigas e são inseparáveis. Elas estão do meu lado esquerdo, conversando como se as pessoas à nossa volta não tivessem ouvidos. Elas não conhecem o termo "falar baixo".

Depois, à minha direita, estão Ingrid e Lyra que são irmãs gémeas que fazem tudo juntas. Tudo mesmo. Em algumas reuniões já ouvi histórias que me deixaram verdadeiramente chocada e triste.

Eu sei que o mundo está perdido, mas conviver diariamente na faculdade, onde os jovens são livres para fazerem o que quiserem, é a prova de que o mundo nunca mudará a sua essência. Por mais que a história se repita e que erros sejam cometidos, o ser humano tem sempre a tendência pecaminosa que o leva a cair.

Não tenho muita convivência com as gémeas e sei que elas não gostam muito de mim. Na nossa primeira conversa, elas riram na minha cara quando eu disse que era cristã e depois nunca mais voltámos a ter uma conversa, pois elas evitam ficar perto de mim, mas oro sempre por elas. Não posso fazer mais que isso, então vou orando pela salvação das suas almas.

Se há uma coisa que aprendi na minha caminhada com Cristo é que não podemos obrigar ninguém a escolhê-Lo. Isso tem que ser uma decisão pessoal e mesmo que eu queira que todas as pessoas sejam salvas, isso não é algo que vá acontecer só porque eu quero.

Estudo nesta Universidade há quase quatro anos e nunca senti que pertencia aqui. Nunca tive uma amizade verdadeira e cada vez que leio os Evangelhos, percebo mais como Jesus se sentia. Quando leio a história de José e dos irmãos dele, consigo compreender que devo confiar apenas no Senhor e que com Ele nunca estarei sozinha.

Coloco os auscultadores sem fio nos ouvidos e aumento o volume da música, mergulhando em louvores de adoração que cantamos na minha igreja.

Sinto saudades de entrar numa congregação e ser abraçada por todos os irmãos.

Assim que concluir o curso, irei para casa e, a primeira coisa que vou fazer é ir à minha igreja.

Apesar de estar entre estas cinco mulheres, consigo ter uma viagem tranquila. Elas não falam comigo, eu não falo com elas e para alem do desconforto óbvio, consigo lidar bem com a situação

Quando o piloto anuncia o pouso, uma pequena comoção forma-se. As pessoas estão cansadas do voo e só querem chegar ao seu destino em segurança.

As hospedeiras de bordo cumprem todos os protocolos para que as pessoas coloquem os cintos e, mesmo não sendo a primeira vez que ando de avião, ouço atentamente o que dizem.

O pouso é tranquilo. A criança que chorou o voo inteiro, finalmente acalmou e agora estamos todos a sair da grande máquina voadora.

Vamos passar cinco dias em Paris e já temos alojamento para estes dias todos. Aline anda de um lado para o outro, até conseguir fazer com que todas as meninas se juntem e ter tudo o que nos pertence. Vejo o seu esforço ao andar de um lado para o outro, fazendo com que tudo fique em ordem.

Penso em ajudar, já que nenhuma outra menina o faz e avanço até Aline.

— Aline, — chamo por ela, enquanto me aproximo com a minha mala que já encontrei na esteira. — É necessária alguma coisa? Precisas de ajuda em algo?