Vôlei, Beijos e Místicos

O início...

"You'll be seein' me in your dreams and
I'll be there when your reality drowns"

Eu não tenho ideia de como começou, mas aquele demônio tem o total controle sobre mim, ele sabia disso, eu o havia provocado e agora me quer ao seu bel prazer.

Quando eu o conheci, era diferente, não sabia ao certo seu nome, nem que era tão encantador quanto parecia, ele era uma sereia pronta me chamar de oceano e percorrer todo meu ser. Foi em um treino de vôlei onde tudo começou, onde a minha vida não teve mais calmaria e minha cabeça sossego.

Estava quente, era começo de março e uma quadra sem ventilação, tal como o inferno, típica coisa de uma escola medíocre e cara. Não sei se era seu cabelo curto, seus olhos castanhos brilhantes ou o fato dele estar de manga comprida no meio do inferno com aquele calor.

Um colega o apresentou, seu nome era Kim, nome neutro, pra alguém de gênero fluído. Sempre gostei do nome, mas depois de associar ele a essa garota, creio que nunca mais pudesse ver de outro jeito.

Os óculos redondos, o cabelo curto, a voz meio rouca e arrastada, o fato dela não calar a boca um segundo qualquer e falar mais alto que um equipamento de som de show de rock, me fizeram tomar coragem e puxar assunto.
- Tu é né ?
- Oi?
- Meu filho, um gay reconhece outro até na lua.
- porra!
- E o fato de você usar esses óculos redondinhos, dão pinta demais, puta que pariu!

Admito que não foi minha melhor interação, mas foi bem sucedida, afinal, não desgrudou de mim o resto do vôlei , e no final eu conclui que ela era uma brat filha da puta com um fraco no pescoço, ótima descoberta aliás.

De relance, pude perceber olhos tão escuros que beiravam onix me secando. Sua aparência era doce e delicada, tão sútil quanto uma pétala de rosa, cabelos tão negros feito carvão, enrolados, beiravam seu ombro, mas agora presos por um grande elástico. Pele tão clara quanto leite, lábios carnudos e avermelhados (perfeitos para um beijo). Aquela garota estava me tirando de eixo, principalmente depois de socar tão forte a bola ao ponto dela parar do outro lado da quadra. Que força!

Minha cabeça estava girando, não sabia se era pelo calor da estação, ou pelo outro tipo de calor...

A garota do olhar profundo se chamava Bruna, mas poderia chamá-la de "Bruxa", afinal, só um encantamento poderia fazê-la roubar tão facilmente meu fôlego e meu olhar.

Mas nada que é bom dura muito, não deram nem dois minutos que me acalmei e acostumei com o ambiente, só pude ver aquela coisa redonda e veloz parar bem no meio da minha cara.

Tomei uma puta bolada na cara na fucking primeira aula. ODEIO esportes, mas amo minha vida, e se eu não aceitasse o convite dela, ela comeria meu cu com farofa. Maldita Morango, só me traz pra enrascada.

Moranguinho, Morango, Milena, Mimi, Mi a corna a qual eu amo e aturo (como ela também me atura) todo santo dia, também conhecida como uma das minhas melhores amigas. Ela é um gnomo, um pincher, com cabelos castanhos, olhos castanhos e uma vontade imensa de me atormentar. Além de ser narcisista ao extremo. Essa garota parece um gato afobado com seu ratinho de brinquedo (Eu sou o rato).

Bom, pelo menos, eu chamei a atenção dos dois seres os quais fizeram meu coração bater mais forte. Vi dois corpos altos vindo em minha direção, um corpo mais magro e cabelos esvoaçantes negros e um corpo um pouquinho menor e com mais curvas.

- Ei Lena, você tá bem? Quer água?, ajuda? - era Bru, extremamente nervosa e preocupada
- VAI JOGAR ESSA BOLA FORTE ASSIM NO CU DA SUA MÃE SEU MERDA - exclamou Kim com o arrombado que tacou a bola no meu rosto.
- Ei amore, você tá bem ? Vem, vou te ajudar a levantar.

Digamos que meu cérebro deu pane, meu corpo não respondia aos sinais, e eu estava vermelha, não era nem pelo calor e muito menos pela bolada.

Eles me ajudaram a levantar, logo saímos da quadra e descansamos em uma mesa a frente de lá. O garoto de cabelos curtos estava extremamente charmoso bebendo sua água, enquanto a garota, me olhava intensamente e pressionava papéis umedecidos sobre meu rosto, na intensão de acalmar a vermelhidão que se instaurava.

O imbecil da bolada, logo saiu também. Mesmo com todo aquele calor havia uma poça de água na quadra, a qual ele escorregou e caiu de bunda, nada grave, só um susto. Só queria saber como a bola foi parar justamente lá e como aquela poça não secou com o sol e a temperatura abafada da quadra, mas minhas garotas estavam com olhares convencidos.

- Lena, tá tudo bem? - perguntou Morango depois da merda toda acontecer.
Eu juro que eu só queria dizer:
"não acha que tá meio atrasada não? Eu quase morri por causa dessa sua ideia estúpida de fazer vôlei, sorte que essas duas gostosas me salvaram!! Enquanto isso tu tava dando em cima do guri bonitinho e eu tava quase tendo um treco pelo gay panic"
Mas eu disse
- Tá tudo bem sim Mi, Kim e BruBruh me ajudaram - com a cara mais cínica que eu pude fazer.

Eu já estava sentindo falta da Anjo, minha melhor amiga, nesse momento ela já estaria com as mãos geladinhas em mim. Não sei como aquela garota consegue, ela tá sempre fria, com uma cara meio morta. Uma bela moça, com cabelos curtos lisos pretos, e pele tão pálida quanto uma folha sulfite. Um corpo invejável, com belas ancas e "dois planetas traseiros".

Seu pequeno corpo já teria me livrado de todo vermelho, ela é um gnomo de jardim, com a Morango tenho o par perfeito para a jardinagem. Eu diria que só sendo uma vampira milenar pra ser tão fria. Mas ela tava na dentista e eu teria que me contentar com com os papéis da Bru, que estavam quebrando o galho.

- você tá melhor meu bem ? - era a feiticeira de corações que me encarava fixamente buscando qualquer vestígio de dor.
- Tô sim amore, vamos voltar para a quadra.

Os três me acompanharam para o retângulo de fogo, jogamos nossa primeira partida. Eu levei umas três boladas pelo corpo e recebi uns trezentos pedidos de desculpa, mas nada fora do comum.

Mas, qual não foi a minha surpresa, ao ganhar os números de telefone de Kim e Bruna. Passei o banho todinho pensando neles, se aquelas delícias vierem para mim eu pego sem dó. Viva a poligamia!