Capítulo 8

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Pov Charlotte

Os primeiros raios de sol invadiram o apartamento situado no condomínio de classe alta no centro de Bangkok.

A luz natural iluminava os cômodos sofisticados e pintou-os em tonalidades claras, não deixando de lado o toque familiar que demonstrava que aquele lugar era um lar.

Os primeiros sinais de vida no apartamento vinham da cozinha. Fogo ligado, faca tocando a tábua em sequências de cortes rápidos e até mesmo um cantarolar quase encoberto por todos esses sons, que passaria despercebido se eu não estivesse totalmente focada na mulher à minha frente.

Me apoiei na porta, esperando ser percebida. Alguns segundos passaram e Engfa estava tão focada em cortar as verduras que aparentemente não seria descoberta tão cedo.

Ri internamente quando ela virou-se para a pia sem nem mesmo levantar os olhos para mim. Ela estava cercada por uma aura caseira, começando pela sua roupa. Vestia um conjunto casual de calça jeans e blusa branca lisa. O cabelo estava preso em um coque frouxo no alto da cabeça.

Admirei seu perfil até perceber que ela realmente não iria se virar.

Cheguei a considerar assustá-la, mas seu grito poderia acordar nossa filha. Melhor não. Então me aproximei lentamente, observando o movimento de suas mãos ágeis ao lavar as batatas e o balançar quase imperceptível da cabeça no ritmo de alguma canção que ainda não identifiquei. Quando estava próxima o suficiente para sentir seu cheiro suave, curvei meu corpo e apoiei o queixo no seu ombro.

— Bom dia, babe — cumprimentei em tom baixo, próximo ao seu ouvido. Senti o espasmo dos ombros contra o meu corpo.

— Você está aí há muito tempo? — Como estávamos praticamente coladas, foi possível sentir a respiração longa que ela tomou depois do pequeno susto. Quase senti pena, mas ela já fez pior. Calma, virou o pescoço para me olhar. A posição me dava uma imagem perfeita do seu rosto iluminado pela luz que entrava pela janela. O rosto limpo, quase angelical, me agraciou com sua beleza natural.

— Um pouquinho só — fiz um biquinho de falsa chateação que ela logo desfez com o primeiro selinho do dia.

— Bom dia, querida — Me respondeu com um sorriso e olhos amorosos. Me perdia nesses olhares, a cor da íris parecia mudar sempre que captavam a nossa filha e eu. Como mágica, quaisquer outros sentimentos refletidos se transformavam em carinho, me atravessando com sua intensidade. Um pouco tímida diante da onda de sentimentos refletidos ali, como um pequeno filhote de gato, que Engfa insistia em dizer que sou, encostei minha bochecha na dela em um aperto carinhoso para, enfim, me afastar.

— O que você está fazendo? — Perguntei, espiando a bancada da cozinha.

— Olha debaixo do pano — Engfa apontou com a cabeça para a cesta no canto da mesa coberta pelo tecido branco.

Ouvi sua risada ao meu gritinho animado.

— Dim sum, DIM SUM!

— Você vai acordar a fofinha - Pontuou após observar minha animação.

Tentei conter a euforia ao ver um dos meus bolinhos preferidos. Parei com os pulinhos que estava dando em sequência ao redor da ilha da cozinha.

Com mais calma, cobri a massa branquinha que crescia conforme descansava na cesta.

— Mereço um beijo por isso, né? — Engfa jogou no ar, voltando a lavar os legumes. Ela não viu, mas concordei com a cabeça enquanto me aproximava para abraçá-la por trás.

— Sei o motivo que fez isso - respondi baixinho, sentindo o aroma agradável do seu hidratante corporal. Sem precisar tentar duas vezes, virei seu corpo, ficando assim, com ela de frente para mim. Engfa balançou a cabeça, rindo da minha expressão de julgamento e sua cara sem vergonha.

Southern GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora