capítulo 1

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Aquele ditado extremamente preconceituoso sobre loiras serem burras faz total sentido quando se trata de Patrícia, esses dias ela perguntou ao professor se "amanhecer" era com "s"
Eu sempre aturo essas brincadeiras de mal gosto e essa vontade que ela tem de me tirar do sério, mas essa camisa era da minha mãe, eu peguei depois que ela morreu. Então dessa vez, mas só dessa vez eu não pude só ignorar, e só dessa vez eu chorei.
Eu nem pensei nas outras três aulas que eu tinha no dia, quando eu me dei conta do que tinha acontecido eu já estava em casa, no meu quarto chorando com a cara no travesseiro, implorando para tudo o que tinha acontecido não passar de uma mentira, de mais uma das peças que minha imaginação me prega. porque, porque isso tem que acontecer comigo, eu não aguento mais é isso todo dia, eu só queria poder mudar de realidade quando algo ruim acontecesse, eu só queria viver dentro de um dos milhares de livros que eu leio, sem Patrícia, sem aulas de física, sem a morte da minha mãe, sem nada disso, eu queria recomeçar, eu queria estar em paz, eu só queria poder ter a vida que eu tinha a dois anos atrás, com meu pai e minha mãe na mesa do café me recebendo com um bom dia caloroso, uma fatia de pão com manteiga e um copo de suco de laranja. Agora é tudo tão vazio, eu mal vejo meu pai e depois que minha madrasta chegou, não restou mais nada da minha mãe pela casa, as fotos de família, as fotos do casamento, de quando adotamos um cachorro, do dia que eu saí do hospital e pude vir para casa, não restou nada.

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