Bonito, gostoso e agiota.

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Veja bem, Andrew sabia que sua família tinha uma certa compulsão para estupidez, um desvio seríssimo de carácter estimulado por sua crença, muito verdadeira, que Andrew sempre os protegeria inclusive das consequências das próprias ações. Como um todo, a estupidez somada à confiança terrivelmente grande de que as costas deles estariam sempre protegidas por Andrew, as decisões ruins eram coisas que estavam em no currículo dele de “solucionador de problemas”. Isso não quer dizer que a surpresa não foi um fator presente quando Nicky se ajoelhou aos seus pés com todo o drama que existia em seu corpo e implorou por ajuda. A colher de sorvete ficou parada no ar, ele piscou para seu primo de seu lugar no sofá.

— Você pensaria que te salvar de quatro homofóbicos homicidas faria minha carreira ser um sucesso — Andrew diz olhando criticamente para onde seu primo está ajoelhado parecendo um camarão encolhido — Agora também tenho que evitar que um agiota te mate?

— Foi pra hipoteca da casa Andrew! Faltava muito para completar o dinheiro e eu não conseguiria pagar a tempo. Íamos perder nosso lar — a voz de Nicky estava esganiçada, o lamento profundo de uma pessoa que definitivamente tomou uma decisão impulsiva sem pensar nas consequências.

— Bem, você vai querer quais flores no seu funeral?

— Andrew! — seu primo protestou — Me salve só dessa vez, eu te compro um estoque de sorvetes por um mês.

Andrew gesticulou para que ele continuasse, colocando uma colherada de sorvete na boca. Não era necessário nenhuma bajulação para Andrew realmente ajudar Nicky, mas seria engraçado ver até onde isso poderia chegar.

— Ben and Jerry’s?

— Até Hersey’s!

— Fechado.

A parte complicada de ter uma família era isso, era ver o alívio tomar conta do corpo de Nicky como se ele realmente acreditasse que precisasse negociar com Andrew para proteção. Como se esse pedaço de Andrew já não tivesse sido enterrado há anos. Logicamente ele sabia que feridas de ações antigas não curavam da noite pro dia, a pessoa que ele era com Aaron e Nicky não seria esquecida tão rápido e  Andrew sabia que o resquício da desconfiança demoraria mais que alguns anos para sumir. Porra, ele passou os quatro primeiros anos vivendo sua família à base de acordos cheio de nuances perigosas e brechas que só valiam a ele. Isso não seria esquecido tão rápido mesmo que seu primo gostasse de dizer o contrário.

Seus dedos coçaram por um cigarro com o pensamento de não estar sendo verdadeiramente aceito.

— Quando e quem eu devo esperar ansiosamente em nossa porta para matar? — Andrew brincou. Nicky, que havia levantado de sua posição esquisita e estava pronto para seguir seu caminho feliz para cozinha, soltou uma risada esganiçada.

— Lamento te dizer isso Drew, mas você não pode matar um agiota ou outro agiota mata você — ele gesticulou, revirando os olhos para a sobrancelha arqueada de Andrew com a resposta — Prefiro não ficar com apenas quatro quintos da nossa família vivos.

— Se não posso matar, como espera que eu ajude?

Nicky deu uma risada nervosa. Suas mãos coçaram a nuca num sinal claro de ansiedade e Andrew estreitou os olhos.

— Eu pensei que, hm, você poderia seduzir ele? Não sei, não pensei em todos os detalhes disso — incrédulo, porque isso era a única coisa que poderia definir Andrew agora, ele encarou seu primo — Meu deus é uma piada! — Nicky corrigiu apressadamente — Vamos lá Drew! Só distraia ele o suficiente para fazer esperar mais uma semana até eu terminar de juntar o dinheiro para pagar! Só faltam quinhentos e alguns centavos, consigo isso num turno de quarenta e oito horas no Sweets e mais algumas horas no Eden’s. Use sua lábia, não sei.

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