Seis anos. Setenta e dois meses. Cerca de dois mil, cento e noventa dias. Até tentaria calcular as horas, mas não era de exatas e se perderia nos números. Só sabia que ele seria gigantesco, assim como a lerdeza e falta de iniciativa de Mário eram.
E honestamente, Marcelina já estava ficando de saco muito cheio disso.
No começo era até fofo, capturar os olhares furtivos que ele lançava para ela quando achava que ela não estava vendo. As cartinhas "anônimas" que ele deixava em seu armário. O jeito que ele sempre arranjava para ficarem próximos, ou como ele frisava o quanto o Rabito adorava Marcelina e sentia falta dela se passava alguns dias sem vê-la.
Mas eles já estavam no nono ano. Em poucos meses, se formariam no ensino fundamental e começariam o ensino médio. A fase de "nojinho" da ideia de namoro já tinha ficado para trás. Por Deus, se até o seu irmão e o Kokimoto tinham se dobrado aos sentimentos e estavam namorando Alicia e Bibi, o que aquele menino estava esperando?
— Mais de cem cartões anônimos, Mário. Será que você ainda não percebeu que é recíproco? Por que você não toma uma atitude? — murmurava Marcelina, observando cada uma das cartinhas que ela havia guardado cuidadosamente dentro de uma caixa em forma de coração.
— Eu acho que você devia tomar uma atitude. Chega nele e fala: Mário, ou vai ou racha. — Marcelina revirou os olhos ao ouvir a ideia de Valéria, encarando a tela do computador e encarando os quadradinhos com as imagens das amigas.
— Ser delicada igual ao coice de uma mula é uma exclusividade sua, Valéria. E da Alicia, às vezes. — Rebateu Maria Joaquina, lixando as unhas distraída.
— Eu to quieta no meu canto e ainda tomo de graça. — Resmungou Alicia, apertando as rodas do skate.
— Eu acho muito romântico que seis anos depois, o Mário ainda esteja mandando mensagens anônimas para declarar esse amor de conto de fadas pela Marcelina. — Laura suspirou.
— Eu também acho romântico, Laurinha. Mas eu to querendo um pouco mais de ação, se vocês me entendem.
— Banho gelado tá aí para isso, amiga.
— Alicia, você namora o meu irmão, poupa a minha imaginação.
— Gente, vamos ser honestas: é claro que o Mário sabe que a Marcelina gosta dele. Pelo amor de Deus, desde que nós éramos crianças que ela fica da cor de um pimentão sempre que ele se aproxima. — Carmen disse, sem tirar os olhos do trabalho que fazia.
— I remember this! Desde que o Mário chegou na sala, a Marcelina ficou enchanted. — Cantarolou Bibi, rindo.
— É ISSO! — Marcelina gritou, levantando da cama em um pulo e assustando as amigas.
— Isso o que, criatura abençoada? — Perguntou Margarida, recolhendo as coisas que havia derrubado com o susto.
— Enchanted.
— Virou a Bibi, foi?
— Não, Valéria, mas a Bibi deu a resposta. Aquela música da Taylor, Enchanted.
— Eu acho ela tão sentimental. — Laura suspirou.
— Eu acho ela tão melosa. — Resmungou Alicia — Mas vocês todas me dão diabetes, então é claro que gostam.
— Mas o que a música te disse exatamente, Marcelina? Que você se iluminou? — Questionou Carmen.
— Por favor, não se apaixone por outra pessoa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Carrossel (Taylor's Version)
FanfictionEm comemoração aos sete anos de lançamento da minha primeira fanfic de Carrossel, "20 Anos Depois - A Salvação da Escola Mundial", teremos seis contos especiais baseados em músicas da Taylor Swift. Espero que gostem!