Timeless (Kobi's Version)

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Koki e Bibi passeavam pelo centro de São Paulo de mãos dadas. As aulas voltariam em uma semana, e a ruiva estava determinada a encontrar uma decoração perfeita para o seu armário. O namorado apenas revirava os olhos quando ela começava a falar das tradições do senior year americano, seguindo com ela loja após loja.

— Isso é um antiquário? — Perguntou Bibi, indicando uma portinha do outro lado da rua.

— A placa diz que sim, ruiva. — Concordou Koki, surpreso quando ela começou a puxá-lo na direção do local — Tá maluca, Bibi? Vai comprar o que em um antiquário?

— Não sei, Koki. Mas eu sempre quis ver como é um na vida real.

Entraram pela porta de madeira antiga, e logo Koki espirrou pelo pó. Bibi, por outro lado, parecia encantada ao olhar ao redor, analisando caixinhas de joia e relógios antigos.

— Antiquário não é o melhor nome para esse lugar. Talvez cantinho da rinite seja melhor. — Ele coçou o nariz, fungando — Será que eles precisam do contato de uma faxineira?

— Temos uma ótima, obrigada. — Uma mocinha veio do fundo da loja — É que acabou de chegar um carregamento novo, de uma casa que estava abandonada faz tempo. Então está cheio de pó mesmo.

— Essas coisas são amazing. — Declarou Bibi, encantada pelos objetos — Olha caixinha, baby... Tão pequena e adorável.

— E ela ainda toca música. — Avisou a vendedora — É só dar corda embaixo.

Bibi fez o que ela pediu, abrindo o objeto logo depois. Uma melodia suave preencheu o ambiente, enquanto um casal rodava na caixinha, como se estivesse dançando. Os olhos da ruiva brilharam, e ela apoiou a caixinha em um balcão, se abaixando ao lado para admirar.

— Ela estava procurando uma caixinha?

— Nem ela sabe muito bem o que está procurando. — Explicou Koki — Vamos dar uma olhada nas coisas.

— Claro, fiquem à vontade. Estou aqui atrás catalogando coisas, se precisarem é só chamar.

— Obrigado.

Ele ficou andando pela loja, enquanto Bibi seguia com os olhos fixados na caixinha de música que continuava tocando. Kokimoto foi mexendo em tudo pela loja, encontrando coisas que ele não acreditava que alguém poderia considerar útil, ao ponto de pagar por aquilo.

— Isso aqui é o paraíso dos acumuladores, essa é a verdade. — Resmungou, pegando um álbum extremamente estufado — Mas o que é isso?

Abriu o álbum, encontrando dezenas de fotos antigas e mais novas, de centenas diferentes. Ficou confuso, caminhando até o balcão da loja.

— Moça, o que é esse álbum?

— Hã? Ah, é meu baú de tesouro particular. Vira e mexe vem uma foto perdida no meio das coisas. E os donos originais nunca vem buscar. Então eu guardo todas elas nesse álbum. — Ela explicou, sorrindo — Não serve para nada, mas às vezes eu me divirto olhando essas fotos e imaginando as histórias por trás dela.

— Eu vou te apresentar uma amiga minha. Acho que vocês duas vão se dar bem. — Avisou o japonês, se afastando — Povo anda com tempo sobrando, só pode.

Ele foi virando as páginas, encarando as fotos. Foi quando uma foto o chamou a atenção. Ele caminhou até Bibi, colocando o álbum no balcão e indicando uma imagem.

— É a caixinha de música.

Ela se levantou, encarando a foto desbotada que ele indicava. E realmente, em preto e branco, era possível ver uma menina pequena apoiada em uma mesa, os olhinhos curiosos fixos em uma pequena caixa de músicas, idêntica àquela que Bibi admirava.

— Será que é a mesma, Koki?

— Não sei, ruiva. Seria muita coincidência. — Ele ficou analisando a imagem — Ela parece encantada pela caixinha.

— Eu entendo o sentimento. — Bibi virou as páginas, sorrindo — O que ela disse faz sentindo. A gente vê as fotos e fica imaginando as histórias por trás delas.

— Muitas histórias de amor que vingaram, outras que não. Finais felizes ou nem tanto. Amores de vários tipos, aprisionados em páginas velhas. — Koki pensou alto, e percebeu que Bibi o encarava — Qual foi, ruiva?

— Você é todo cute, baby, só finge que não. — Ela se inclinou, lhe dando um selinho — So many beautiful love stories...

— É, mas nenhuma delas chega perto da mais linda que eu conheço. — Bibi o encarou, confusa — Our love story, ginger.

— Sweetie, so sweetie. — Ela lhe deu mais um beijo, apaixonada — Será que algum dia vão achar uma foto nossa e pensar isso, Koki?

— Claro, ruiva. Eles vão olhar a nossa foto quando crianças, e ter a certeza de que nosso destino era de nos encontrarmos. Igual esses dois jovenzinhos de mãos dadas aqui. E vão achar uma foto nossa hoje, e pensar a sorte que tivemos de nos escolher no meio de um monte de loucos, que nem esses dois se beijando no meio de uma multidão. E aqui, essa foto de um casamento. Não, essa a noiva não parece feliz. Nessa parece, olha... Vão achar a foto do nosso futuro casamento, e ver a alegria louca nos nossos olhos. E depois, a foto dos nossos futuros filhos...

— Quantos planos, seu cabeça de cenoura.

— Todos os do mundo, foguinho. Uma história de amor como a nossa merece, Bianca. — Ele a abraçou pela cintura, a encarando com o rosto bem próximo.

— I love you, Koki.

— E eu te amo, Bibi. — Deram um beijo delicado — Eu tive uma ideia.

— Qual?

Ele pegou a carteira, tirando uma polaroid que Majo tinha feito dos dois, meses antes. Na foto, ele a abraça por trás e beija seu rosto, enquanto a garota gargalha. O garoto rodou as páginas, até achar um espaço vazio.

— Vê se tem fita adesiva no balcão.

Ela correu, pegando um rolo de dupla face do lado do caixa. Volto para o lado dele, cortando um pedaço com o dente, e entregou ao namorado. Ele colou atrás da imagem, a colando no espaço vazio do papel.

— Pronto... Dezenas de histórias de amor imortalizadas e eternas. Incluindo a nossa. — Eles se encararam, sorrindo — E estará para sempre aqui.

— I like it.

— Me too. — Ele pegou a caixinha de música — Vamos pagar isso aqui. Meu presente para você.

Após pagarem o item e deixarem a loja abraçados, Koki parou do outro lado da rua encarando a faixada.

— Um dia, daqui muito tempo, um casal vai entrar em uma loja como essa. E vai encontrar uma caixa cheia com as nossas coisas, Bibi. Cheia de fotos nossas de cabelo branco e olhos brilhando.

E por alguma razão, ela tinha certeza de que isso seria verdade. E isso a deixava feliz. 

Carrossel (Taylor's Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora