In your skin Marcado na sua pele

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Capítulo 9

Wang Yibo

–Dá pra abrir o jogo e me explicar por que você tá sendo ainda mais cuzão do que o normal esta semana?
Yizhou tava de pé perto de mim, e eu tava deitado, levantando peso. Meu irmão me pediu pra ir na academia no sábado porque precisava começar a fazer exercício pro ombro. Mesmo zoado, o cara mandava bem, e dava vergonha fazer musculação perto dele.

Passei a maior parte do tempo tentando não ficar todo encolhido depois que me liguei que ele levantava muito mais peso do que eu. Coloquei a barra no lugar e passei a toalha pelo meu rosto suado e pela cabeça, que tinha acabado de raspar. Não tipo máquina zero, igual ao Nash, mas o moicano já era, . Isso, mais os piercings na sobrancelha e as tatuagens até o pescoço, me deixou com cara de quem acabou de fugir da prisão.
– Acho que não – respondi.

Fui atrás do Yizhou, que tinha ido pegar uns pesos e começou a balançar o braço machucado pra frente e pra trás. Ainda devia estar doendo, porque o cara franzia a testa toda vez que estendia e dobrava o braço, mas não reclamou e mandou ver na série. Eu devia contar que tava todo zoado por causa do Xiao Zhan. Meu irmão devia ter uns conselhos bons pra me dar, e eu tava quase certo de que ia acabar estragando um lance que tinha tudo pra ser incrível. Quando o cara voltou do jantar com ele, na quarta-feira, tive que reunir todas as minhas forças pra não ficar perguntando se  Xiao Zhan estava bem e se tinha falado de mim. Aí lembrei que não estava respondendo os torpedos nem atendendo as ligações dele de propósito e me liguei que ia ter que deixar por isso mesmo.

A gente cruzou o olhar no espelho. Ele tava fazendo uma cara de dor e perguntou:
– Não tem nada a ver com o fato do Xiao Zhan estar com uma puta cara de fantasma quando encontrei com ele na quarta, tem?

– O que uma coisa tem a ver com a outra?

– Não sou burro. Não é de hoje que ele tem uma quedinha por você, e achei que era só uma questão de tempo até você tirar essa sua cabeça da bunda e perceber isso. Além do quê, vocês dois passaram a semana inteira olhando pro celular. Até parece que esse negócio tem a resposta pra todos os enigmas do universo. E, ainda por cima, tão com cara de cachorrinho chutado, de criança que não ganhou o que queria.

Soltei um palavrão e fiquei passando a língua na minha argola da boca.
– Você vai ficar na sua se contar que eu e o  Zhan estamos saindo? Ou vai me bater?

– Contanto que não seja só isso, fico bem na minha.  Xiao Zhan não é um desses seus ômegas, e, se você tratar como se fosse, vou quebrar suas duas pernas.

Fiz uma careta pra ele pelo espelho e mandei tomar no cu.
– Como assim ele é a fim de mim faz tempo? O ômega ficou bêbado uma noite dessas, as coisas esquentaram e não deu pra evitar. Aí eu pensei: por que não deixar rolar? Eu gosto dele. Quero dizer, gosto de estar perto dele.  Xiao Zhan é divertido, mas tá sempre tão ocupado, e esse fim de semana foi lá pra Brookside com aquele ex esquisito porque o mamã mandou. Não sei se posso ficar com alguém assim. Ele tem vinte e um anos, devia viver a própria vida, não ficar se curvando a cada capricho dos pais.
– Então me deixa adivinhar: em vez de conversar direito com ele, de um jeito racional, sobre o que te preocupa, você deu um gelo no Xiao Zhan, se recusa a falar com ele e prefere ficar remoendo a própria raiva.

Encolhi um ombro só.
–  Xiao Zhan te conhece há muito tempo, Yibo. Dá pra você imaginar o que ele tá pensando enquanto faz isso? Vamos lá, use a cabeça uma vez na vida. Vale a pena estragar tudo sem nem ter começado? Esse ômega te entende, de verdade, e acho que desde sempre, mesmo quando todo mundo olhava pra você e queria enxergar o Lee. Para de ser cabeça-dura e acerta as coisas com ele.

– Ele saiu com o ex, Zhou.

– É, e você saiu ontem a noite e deixou um vadio qualquer enfiar a língua na sua boca. Nem todo mundo funciona do mesmo jeito, Yibo. A maioria das pessoas quer deixar os pais felizes, quer que eles aprovem o que fazem da vida. Nem todo mundo dá conta de cortar todas as relações como você. A maioria quer poder voltar pra casa.