Capítulo 6

366 24 5
                                    


Ignorei completamente o fato do jogador ter me seguido no Instagram. Depois que terminamos de lavar a louça, fiz um bolo e o coloquei para assar. Em seguida, fomos para a sala para fofocar, enquanto mamãe descansava em seu quarto. Hoje era o único dia em que ela não precisava ir ao hospital para fazer hemodiálise, mas mesmo assim ela se cansava bastante e tinha o hábito de descansar um pouco.

Sentamos no chão da sala, e Felipe deitou com a cabeça no meu colo. Logo ele pediu: "Vai, garota, conta logo a história do gostosão do Corinthians, não aguento mais de curiosidade!"

- É mesmo, amiga, conta esse babado! -  disse Julia animada.

- Ai, gente, foi uma loucura. - comecei a contar.

 - Entrei no banheiro e ouvi um chorinho, quando vi, tinha uma menininha lá. Ela estava assustada, e acabamos ficando mais de uma hora dentro do banheiro até eu convencê-la a sair de lá. Quando saímos, o jogo já tinha acabado, e a família estava desesperada atrás dela. Levei-a para o pai, e o idiota ainda foi me acusar de ter sequestrado a menina. Um otário!

- Amiga, como você ficou tanto tempo com essa menina? Ninguém entrou no banheiro- perguntou Julia.

- Entrou sim, amiga, mas são várias cabines de reservado. Estávamos na última, que é a maior, e ela não saía de lá de jeito nenhum. Ela disse que o pai não a deixava andar com estranhos, então, com medo de assustá-la ainda mais, fiquei lá com ela, quietinha. Não sei se tomei a melhor atitude, mas no momento não sabia o que fazer. Pensando melhor agora, deveria ter saído e chamado a polícia, teria evitado muita confusão, mas só quis acalmar a pequena.

- Ai, amiga, nem se cobra. Nesse momento de tensão, a gente nem pensa. E pensa que poderia ter alguém mal-intencionado se você deixasse a garota sozinha no banheiro. Você agiu bem, com seu coração. -  disse Felipe.

- Tomara, amigo. Mas sabe o que mais me indignou? Foi o idiota do Yuri Alberto nem falar um 'obrigada', já querer me oferecer recompensa. - falei, fazendo gestos com as mãos.

- E você aceitou, né? Na situação em que a gente vive, qualquer dinheiro ajuda. - disse Felipe.

- Tá maluco, Felipe? Eu, hein? Desde quando eu cobro por agir com humanidade? Jamais aceitaria um real por fazer o que acho certo. Não preciso do dinheiro de jogador nenhum. - falei indignada, mais ríspida do que costumo ser com meus amigos.

- Ai, amiga, desculpa, não quis te deixar brava...

- Tudo bem, Felipe, eu também fui grossa. Mas esse assunto me deixou muito irritada ontem.

- Eu imagino, do jeito que conheço a Maria Luiza, ela deve ter mandado o jogador pra casa do caralh@ - disse Julia, rindo.

- Ai, amiga, e foi mesmo, viu? Mas hoje o babaca me mandou uma mensagem se desculpando", contei.

- Deixa eu ver agora!", disse Felipe.

Peguei meu celular e mostrei a DM para eles. Acharam que o jogador foi muito educado e verdadeiro.

"Ai, amiga, parece que estou vendo uma comédia romântica", disse Felipe, rindo.

- Você aceita o convite do jogo, né? Aproveita e pede pra gente também dar uma passeada e ver gente bonita", sugeriu Julia.

- Não, amiga, não quero nada desse jogador, só distância! - afirmei.

- Orgulhosa! - disse Julia.

Omiti dos meus amigos o fato dele ter me seguido e curtido minha foto. Não achei essa informação relevante, e além do mais, do jeito que Felipe é fantasioso, vai criar mil fanfics naquela cabecinha criativa.

Caminhos Cruzados - Yuri AlbertoOnde histórias criam vida. Descubra agora