CAPÍTULO UM: URGÊNCIA NO LAR DE SEMIDEUSES

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A espada pesou nas mãos de Cameron Verhoeven. Cansado e ofegante, ele caiu de joelhos, apoiando-se com a arma que segurava. Uma gota de suor percorreu seu rosto rígido, saindo dos cabelos castanho-claros e chegando até o queixo meio afilado. Os olhos verdes esmeralda se fecharam, e Cameron os limpou com seu braço, se reerguendo logo em seguida.

- Você não vai me derrotar, Ace! - gritou o moleque, introduzindo um olhar fulminante ao seu oponente.

- Não tenha tanta certeza disso. - zombou Ace, o olhar sapeco de soslaio, juntamente com a katana apoiada de maneira despreocupada ao ombro, demonstrando sua aptidão em batalha. - Olhe bem para si, Cam. Você nem consegue ficar de pé direito.

- Não importa! - bradou Cameron, cambaleando para um lado e usando sua espada para se manter erguido. - Eu vou com tudo, dessa vez!

Ace Baert Foster apenas deu um sorrisinho. Seu jeito era bastante cínico, irônico, e isso irritava o moleque atordoado. Os cabelos pretos desgrenhados - com algumas mechas brancas - do tal Ace caíam sobre seus olhos, meio verdes, meio cinzas, parecendo transitar entre essas cores. E o Foster continuou a provocar.

- Você já não disse isso na última leva? - tornou, abaixando completamente a postura por alguns segundos.

De certa forma, Cameron não poderia perder nenhuma brecha na defesa daquele garoto prepotente, tendo em vista que almejava a vitória. Portanto, investiu, tentando se aproveitar da falta de atenção do adversário, avançando rapidamente.

Sua aproximação foi impecável e, em um segundo, já estava em frente ao inimigo, pronto para desferir o golpe que decidiria a luta de vez. No entanto, para que não houvessem machucados, um homem de cabelos grisalhos, além de olhos negros, expressões e rugas faciais que mostravam o quanto viveu, interferiu, parando, com as mãos, a lâmina de Cameron.

- Isso não é certo, Verhoeven. - disse o senhor, a espada trêmula em sua palma da mão, como se o moleque irritado fizesse força.

Em razão disso, Ace caiu ao chão, assustado. Não imaginou que seu companheiro iria fazer algo assim consigo apenas por causa de uma rivalidade e umas provocações. Pensou, então, que deveria obter mais cuidado ao falar as coisas para o surtado do Cameron.

- Nós não estamos aqui, no Sub-Olimpo, para matarmos nossos aliados. Não seja burro, pelos deuses. - encarou-o aquele senhor, fulminante com seu olhar. - Ace é apenas seu rival. Você não precisa atacá-lo dessa forma brutal.

Após essas palavras, Cameron simplesmente largou sua espada e saiu correndo. Afinal, o que um menino - ou melhor, semideus - aos treze anos poderia fazer de tão errado contra alguém de sua mesma idade? Ele não queria ferir seu companheiro. Apenas foi impulsivo, tomado pelo ódio.

O senhor, cujo aposto atendia por James D'Arc Trafalgar, balançou a cabeça em negação, uma das palmas de sua mão sangrando bastante.

- Ele ainda tem muito a aprender. - suspirou James, sentindo-se um tanto pesado pela situação tensa.

- Todos nós temos, como você diz. - sorriu Ace, não se deixando abalar pelo ocorrido. - De qualquer jeito, eu iria derrotá-lo.

Aquele jeito de Ace deixava James um tanto feliz por ter conseguido, tempos atrás, resgatar o moleque - que se encontrava junto a uma menininha, cujo nome era Astrid di Alceste.

O Sub-Olimpo era uma ilha flutuante. Isso, por si só, já seria uma coisa muito incrível. Nele, havia um rio sinuoso, que era derramado dos céus e se estendia pela região. Montanhas se introduziam em seu horizonte, belas ao olhar longínquo. Templos de devoção aos deuses se localizavam por ali, juntamente com um panteão, uma casa principal e uma secundária. Ao decorrer daquela extensão, chalés se multiplicavam, todos com dois andares e visualizações únicas, lindas. Campos e plantações enchiam a ilha flutuante com uma imensa vastidão agrícola para auto-sustentar o local. Ademais, haviam muitas áreas de treinamento, tais como pistas de corrida com bigas, arenas de combate - desde locais semelhantes aos dos gladiadores até ringues de boxe -, luta com espada, pistas para treinar arco e flecha, dentre outras coisas. Ainda no Sub-Olimpo, uma floresta esbelta se mantinha extremamente viva, demonstrando sua beleza com o bocado de árvores próximas do rio, densa e cheia de plantas. Haviam maravilhas dentro da mesma, porém, o que mais se destacava era um recém achado de James: o ovo gigante de dragão, em cima de um pequeno pedestal.

Trágicos Semideuses: Cameron VerhoevenOnde histórias criam vida. Descubra agora