— WOW!!! — animou-se Cameron, ignorando completamente o fato de ter sido acordado na base da gritaria.
Os momentos que procederam tal fato foram empolgantes e engraçados. O Verhoeven esperneou, alegre, quase caindo do grifo por conta própria. Tudo parecia perfeito para ele, tendo em vista que não viu o tempo passar — tão lento e gradual, caso estivesse acordado — e já estava no epicentro da missão, onde tudo ocorreria. Cameron soltou um riso.
— Vamos acabar com o que for! — sorriu o pequeno semideus de maneira boba, enquanto socava a palma de sua mão.
— É assim que se fala. — assentiu Harry, a voz soando um tanto maléfica, como se ele estivesse pensando naquilo há tempos.
— Acabar no sentido de dar um fim? — questionou Astreu, na tentativa de entender aquelas "gírias novas".
— Vá com calma, irmãozinho. — riu Montus, achando uma graça a atitude do pequeno e convencido filho de Atena.
Com isso, todos se animaram um pouco. Se até o mais jovem entre eles conseguia fazer isso, os outros três semideuses deveriam também. E, assim, todos entraram na mesma vibe. Nenhum deles sentia medo ou ansiedade. Pelo contrário, empolgavam-se cada vez mais para o embate que se aproximava.
De todo modo, os quatro pequenos jovens sobrevoavam o vilarejo ao norte da Cidade de Ilíada — uma metrópole bastante conhecida pela maioria das pessoas mundo afora por causa de seus desastres naturais —, local onde James havia dito para que eles seguissem.
No início, nada parecia muito diferente do normal. Até que algo entrou no campo de visão dos semideuses: fumaça e destruição. Todos eles, repentinamente, cessaram com a animação e ficaram um tanto apreensivos. A destruição era muito, muito extensa. O bicho que fez aquilo... Nenhum deles gostaria de imaginá-lo.
Casas destruídas. Plantações desgarradas. Pessoas correndo de um lado para o outro. Chamas. Fumaça. Gritos de socorro, pedidos de ajuda. Todas essas coisas aconteciam simultaneamente por causa de um único bicho mitológico de "apenas" cinco metros de comprimento.
— É esse monstro que iremos enfrentar? — perguntou Cameron, o brilho desvanecendo em seu olhar, lembrando-se das criaturas que James enfrentara no zoológico.
— Creio que sim. — respondeu Montus e, depois, engoliu em seco, tentando analisar melhor aquela criatura.
Os outros dois semideuses apenas ficaram calados, perplexos. A criatura tinha uma cabeça de leão, a juba proeminente ao redor da mesma, criando, assim, um aspecto imperial e conquistador. Seu corpo se assemelhava ao das cabras, obtendo uma pelugem afiada e branca, porém suja de sangue e desgastada por conta de batalhas anteriores. A cauda, escamosa e mucosa, parecia com a das serpentes, sendo extremamente rígida e difícil de perfurar. Acopladas em suas costas, haviam duas asas com as mesmas características de sua cauda. Nas patas dianteiras e traseiras, garras afiadíssimas se manifestavam, prontas para acabar com qualquer um que se colocasse em sua frente.
— Pelos deuses! — Astreu arregalou os olhos, conseguindo manifestar seus sentimentos. — Esse monstro é uma Quimera!
— A porcaria de uma Quimera. — praguejou Montus, os punhos cerrados, assim como seus dentes rangidos.
— Ela é poderosa, não é, Montus...? — perguntou Cameron, muito menos empolgado do que antes.
A esperança esvaiu do Verhoeven, tal qual uma brisa de ar quente em épocas frias. O moleque estava simplesmente apático. Seu corpo começou a tremer, e ele não sabia muito bem quais decisões tomar. Desde quando se encontrava no Sub-Olimpo queria enfrentar um bicho daqueles. Por que, em um momento crucial como aquele, Cameron havia amarelado? Essa questão começou a assolar o pequeno semideus por segundos massacrantes.
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Trágicos Semideuses: Cameron Verhoeven
Aventura[E-BOOK DA AMAZON] Nada é fácil quando se tem sangue divino. Histórias e histórias da mitologia grega mostram que as vidas levadas pelos famosos "heróis" eram, no mínimo, trágicas. Não obstante desse pessoal, Cameron Verhoeven teve uma infância comp...