Capítulo 2

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• MINHO •

Eu o reconheci. E sei que ele também me reconheceu.

Nesse mesmo dia, algumas horas mais cedo...

Sinceramente, não estou afim de sair com minha mãe hoje à noite. Queria dormir o dia todo, ou assistir até tarde, minha mãe me deu folga do trabalho... Pois é, eu trabalho na cafeteria Vintage da minha mãe, eu não desgosto, vivi maior parte da minha vida lá, mas as vezes pode ser entediante... Eu sou motoboy, as vezes eu sou garçom, as vezes eu sou caixa, as vezes eu faço café, tenho muitas funções. Queria saber como que ela não fica cansada e ainda tem pique pra sair depois de trabalhar tanto.
Pensar na cafeteria da minha mãe me faz lembrar dele. Como será que ele tá? Perdemos o contato há mais ou menos 8 anos quando ele foi embora com os pais pra Inglaterra. As vezes me pego pensando nele, e as vezes eu gostaria de vê-lo novamente. Mas isso é passado, e o passado deve ficar lá atrás.

Na verdade, eu tirei um cochilo e falta mais ou menos duas horas para eu ir encontrar minha mãe na praça. Eu sei que vou enrolar, e mesmo que eu esteja levantando da minha cama com bastante preguiça, eu devo ir tomar um banho.
Pelo menos a água é quente e eu já sei o que eu vou vestir.
Saio do banho e visto a roupa que separei, uma blusa preta e uma calça larga marrom. Não me dou conta de quanto tempo demorei no banheiro até ver meu celular apitar na cama e o pegar pra saber quem é, mas era minha mãe perguntando se eu iria. Apenas confirmo e seco meu cabelo. Pego meu celular, as chaves do carro e saio de casa.

Encontro minha mãe na praça, mas antes que eu possa chegar nela, sinto alguém esbarrar em mim.

- Desculpa moço... Estava com a mente longe e não prestei atenção.

Ele não me olha, mas essa voz... Tento ver seu rosto mas ele se recusa a deixar.

- Tá tudo bem, relaxa, eu também tava meio desligado, acontece. - Ainda o olho, e ele acaba cedendo e me olhando também.

Nem. Ferrando.

- Min-...

Antes que ele termine, minha mãe me encontra e me grita. É ele? Mas como? Por que?
Saio dali antes que minha mente fale mais alto e ando rápido até minha mãe, a cumprimento com um beijo na testa e um sorriso que mais parecia uma careta confusa...
Ele tá tão... Diferente. Cabelos longos, calças folgadas e aquela blusa marcando a cintura...

- Lino? Alô? Da terra pra Lee Minho...!

- Hm? Desculpa mãe... Eu jurava que...

- Que?

- Nada... Eu confundi uma pessoa ali - Não quero dizer que vi ele, minha mãe iria sair procurando o garoto por toda a praça - Vamos fazer o que hoje?

- Vamos assistir um filme. Ainda não decidi qual, fiquei indecisa... Podemos decidir juntos.

Apenas concordo. Abro a porta do carro para ela e entro dando partida. Durante o caminho minha mãe conta como foi o dia na cafeteria, nada fora do normal. Movimento, uma reclamação daquele senhorzinho exigente (ele sempre reclama do café, mesmo que nas avaliações ele coloque 5 estrelas), os elogios... Mas minha mente ainda continua pensando nele. Me martelando... Não consigo mais prestar atenção no que ela fala. Quero ir até ele e perguntar quando que ele voltou, mas parte de mim acha que é melhor eu deixá-lo ir. E eu também acho isso.

Estaciono e saio rodeando o carro e abrindo a porta para minha mãe. Entro no shopping com ela e tento fazer com que minha mente parasse por pelo menos algumas horas, por isso vou direto ao cinema e escolho algum filme que seja uma comédia romântica porque sei que minha mãe gosta. Pago os ingressos e compramos pipoca e refrigerante, assim que nos acomodamos nos nossos assentos, deito minha cabeça em seu ombro e me concentro apenas nela e no filme.

Foram uma hora e cinquenta minutos até que bem gastos... Tudo bem que eu cochilei uma ou duas vezes durante o filme, mas as partes que eu assisti, eu gostei.

Deixo minha mãe em casa logo depois, ela estava visivelmente cansada mesmo que negasse isso, mas eu a conheço bem, sei que ela só queria tomar um banho e dormir. E eu também, assim que chego em casa tomo um banho e me jogo na cama, pego o celular e mesmo que eu tenha tentado me enganar, eu não consegui na maior parte do tempo, eu pensei nele. Procuro seu nome na internet com a intenção de encontrar seu perfil, passo alguns segundos, quase uma hora procurando, e acho... Olho fixamente sua foto de perfil, mas não tenho coragem para fazer mais nada, então desligo o celular e tento dormir. Uma vez... Duas vezes... Três... Pego o celular e sinto que passou um dia, mas ainda são duas e meia da manhã...

Nossa. Oito anos começaram a fazer efeito agora. Sinto meu coração disparar no peito. Me sinto estranho... Agora sinto sono... Finalmente.

Não quero parecer frágil assim para as pessoas...

(Ou... pra ele...)

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