Festa

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Mark

Estava deitado no sofá quando meu celular tocou, era um velho amigo meu do ensino médio que soube que eu tinha vindo passar as férias em casa e queria me chamar pra uma festa na casa dele, pra "relembrar os velhos tempos", aceitei por estar meio no tédio ali, já tinham se passado algumas semanas que eu cheguei e ainda não tinha feito nada interessante, levantei pra ir me arrumar quando minha irmãzinha apareceu.

Melody é apenas um ano mais nova que eu, mas parece ser bem mais por ela ser pequena (origem do apelido) e por ela ser meio infantil as vezes, mas eu não poderia culpa-la, nossos pais sempre foram rígidos demais com ela, a tratando como uma bonequinha de porcelana numa prateleira. Tenho certeza que é só por ser mulher, por que não faz sentido algum tratarem ela assim, lembro que quase não deixaram ela se inscrever na mesma faculdade que eu por ser em outro estado mas é claro que eu não poderia deixar isso acontecer e briguei com eles, era o futuro dela porra, eles queriam que ela vivesse pra sempre a sombra deles? Minha menina merecia bem mais que isso.

Eles não implicariam mais, mas só se eu tentasse convencê-la a ir pelo menos pra mesma faculdade que eu e prometesse "tomar conta" dela caso passasse.

Machistas né, fazer o que?

Disse que eu faria tudo pra persuadi-la mas eu nem tentei e ajudei ela com todas as inscrições, claro se ela tivesse escolhido uma universidade longe da minha eu ficaria arrasado mas a incentivaria a ir com certeza, é o mínimo que eu podia fazer né?

Ela veio até mim e se sentou no braço do sofá enquanto eu ainda divagava.

- Oi, vai sair? - Ela perguntou mordendo o lábio levemente, isso é uma mania que ela tem desde pequena mas, desde que voltei sempre que ela faz isso meu olhar automaticamente recai sobre a boca rosada dela e eu não entendia por que.

Pigarreei voltando a atenção pro celular na minha mão.

- Sim, uns amigos da escola me chamaram pra uma festa.

- Ah eu queria tanto poder ir também... Queria fazer algo com você sabe... - Algumas ideias começaram a surgir no fundo da minha mente mas eu as expulsei o mais rápido que consegui, eram absurdas demais para serem sequer cogitadas.

- Se quiser eu falo com a mamãe e o papai, vai ver deixam se eu pedir. - Dei de ombros me levantando.

- Sério mesmo? - Os olhos dela brilharam e eu quis dizer sim para tudo que ela me pedisse.

- Claro, vai ser bem mais legal com você comigo. - Melody abriu um sorriso radiante, minha vontade era admira-la mais um tempo, mas ela me abraçou antes e a única coisa que eu pensei foi que eu também podia abraçá-la por muito tempo, mas que merda tá acontecendo comigo? Por que isso voltou agora? Achei que os hormônios insanos da puberdade iriam embora junto com a puberdade caralho. Eu precisava me soltar da Melody.

Bem nessa hora vi minha mãe entrar na cozinha pela visão periférica e rapidamente fui atrás dela.

- Espera aqui. - Mandei uma piscadinha pra ela que corou e sorri. - Mãe...

- Oi querido.

- Então eu fui convidado pra uma festa hoje... - Ela suspirou, largando o pacote de macarrão que tinha pego pra cozinhar no balcão.

- Não precisa dizer mais nada, vá, mas sabe o que penso disso. - Ela se virou pegando uma panela.

- E... Eu queria levar a Melody comigo. - Disse de uma vez mas ao contrário dos gritos que eu pensei que ouviria eu ouvi uma risada.

- Você não pode estar falando sério... - Ela virou pra mim com olhos gélidos e eu me encolhi. - Não Mark, diferente de você ela eu posso impedir.

- Ela já tem quase 18 anos mãe, deixe ela viver um pouco.

- Eu faço isso para o bem dela Mark, eu não quero que minha garotinha seja vista como vagabunda por aí!

- É só uma festa pelo amor de Deus. - Pra onde ela acha que a gente ia ir? Pra uma orgia?

- Você deve achar que eu nasci ontem para não saber o tipo de depravação que acontece nesses lugares. Bebidas e sexo, minha filha não está pronta para isso e não vai se submeter a isso enquanto viver sob o meu teto Mark, essa conversa acabou.

Merda. Saí bufando e infelizmente Melody ainda me esperava na sala, me olhando em espectativa.

- Ela não deixou baixinha desculpe. - Tudo o que eu menos queria era ver o sorriso dela morrer daquele jeitinho, quase desisti de ir, mas eu queria muito rever meus amigos também, eu teria o resto das férias com ela. E eu faria o possível pra tirá-la dessa casa.

- Odeio não poder sair de casa assim, odeio ser tratada desse jeito, eu não sou mais criança. - Ela resmungou sentando no sofá, fui até ela e me ajoelhei na sua frente colocando uma mecha daquele cabelo loiro de anjo atrás da orelha dela.

- Eu prometo voltar mais cedo ok? E te conto tudo assim que eu chegar, aí a gente faz o que você quiser.

- Jura? - Ela se aproximou.

- Alguma vez eu já deixei você na mão? - Ela negou se inclinando mais ainda na minha direção até nossas testas se colarem. - Me espera ouviu?

Ela assentiu mexendo minha cabeça junto com a dela e nós dois rimos, percebi as covinhas dela satisfeito por tê-la feito rir, até que vi aqueles dentes se prenderem no lábio inferior dela e puxarem. Meu olhar se prendeu ali e eu não conseguia mais me mexer.

Não sei quanto tempo se passou até ela soltar o lábio mas eu não desviei o olhar, percebi ela mais vermelha e me inclinei pra dar um beijo na bochecha dela, ou eu tentava me convencer que foi isso que fiz, rocei os lábios nos dela e Melody inclinou o rosto também, repetindo o movimento que eu fiz, senti um leve gosto de cereja do protetor labial dela e caralho, como eu queria provar mais, provar com minha língua mas de novo eu me forcei a ser racional, que merda Mark é sua irmã!

Me afastei e fiquei em pé respirando fundo.

- É... Até mais tarde Mel...

- Até... - Ela ainda sorria quando eu subi as escadas praticamente correndo.

Senti sua falta Onde histórias criam vida. Descubra agora