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Se tinha uma palavra que descrevia Isabelly Ferraz naquela tarde, beirando às seis da noite, era aflição, o sentimento de algo dentro dela querendo sair, a inquietação por não dar ao corpo e a mente cansada o que eles imploravam, o sentimento do vazio que estava em seu peito, a esmagando como uma simples barata em comparação com o ser humano. Era assim que ela se sentia há anos, por algum tempo isso tinha mudado, mas agora ela estava sem suas formas de escape: as drogas.

Há quase três dias ela não estava bebendo ou usando drogas. Para as pessoas que não passavam por algo minimamente parecido, aquilo era uma coisa para se comemorar, e não para uma dramatização de sentimentos, mas aqueles que passavam pelo mesmo que a Ferraz sabiam o quanto era doloroso desapegar de vícios que te deixavam bem e longe dos problemas. E o quanto a abstinência te destruía de dentro para fora.

Isis e Emmy não estavam no quarto naquela hora, ela agradecia por isso.

Andando de um lado para o outro, com seu corpo tremendo, respirando ofegante e com a mente nublada de confusão e inquietação, ela decidiu fazer uma coisa que provavelmente a deixaria de consciência pesada depois.

Saindo do quarto e pegando sua carteira com alguns dólares que tinha trago, ela procurou pela única pessoa que ela sabia que podia à ajudar, Enrico Lambert.

Ela andou pelos corredores do colégio e entrou na quadra esportiva do mesmo. As líderes de torcida treinavam perto das arquibancadas, Débora as lideravam. Na quadra estavam os meninos discutindo algo sobre o time de basquete e Vôlei. Ela conseguiu ver Enrico no meio, desinteresse estampado em seu rosto.

O tatuado olhou em sua direção e acenou simples, Isabelly o chamou com a cabeça. Enrico se aproximou e lançou um sorriso cínico para ela.

-- Há que devo a honra de ter a senhorita de gelo vindo falar comigo?

-- Pare de me chamar assim! -- ela revirou os olhos para ele -- Soube que você é que arruma as paradas ilícitas para os alunos dessa escola.

-- Quem te contou isso? -- Henry perguntou olhando para os lados -- Somente alguns alunos da escola sabem disso, se isso chegar aos monitores eu estou ferrado!

-- Relaxe, não contarei a ninguém, quero saber o que você tem aí e quanto cobra.

-- Quem diria que a princesa mexe com as paradas erradas da vida...

-- Existem diversas coisa sobre minha vida que você nem ninguém sabe -- Isabelly respondeu -- Vai me dizer o preço ou vou ter que procurar outro "fornecedor", tenho certeza que não será difícil nessa escola.

Henry a olhou por alguns segundos. Percebendo o quanto ela era desenrolada e confiante. Ele também percebeu que Isabelly a qual ele apelidou de senhorita de gelo, era mandona.

-- Credo, como você gosta de mandar hein! -- reclamou virando as costas -- Me siga.

Enrico saiu caminhando, a Ferraz foi atrás.

Depois de atravessar o colégio quase todo, os dois pararam em frente à um quartinho que parecia esquecido de ser usado.

Enrico entrou no cômodo dando espaço para a garota entrar. Ele mexeu em umas gavetas de uma mesa e pegou alguns saquinhos, trazendo para Isabelly vê-los.

-- Temos cocaína, nossa querida cannabis e algumas drogas injetáveis... -- mostrou os saquinhos e algumas seringas -- Qual vai querer, princesa de gelo?

-- Quero uma injetável -- o garoto assentiu guardando o resto das drogas -- Aí, tem alguma garrafa de gim ou cigarro?

-- Tenho gim Gordon's e Hendrick's, são as últimas garrafas. E quanto ao cigarro só tenho malboro no momento, vai querer?

Um Clichê DiferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora